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No DF, 40% dos jovens com até 24 anos estão desempregados

Estudo do ObservaDF, vinculado ao Instituto de Ciência Política da UnB, destaca que parte desse grupo não está no mercado

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Mão segurando carteira de trabalho com pessoas caminhando na rua desfocadas ao fundo
1 de 1 Mão segurando carteira de trabalho com pessoas caminhando na rua desfocadas ao fundo - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Uma recente pesquisa indicou que 40% dos jovens com até 24 anos estão desempregados no Distrito Federal. A taxa é quase três vezes maior do que para outras faixas etárias, o que sugere uma possível barreira para a entrada no mercado de trabalho.

Para se ter ideia, as pessoas sem carteira assinada com idade entre 25 e 39 anos representam 15,2% na capital da República. Os da faixa etária de 40 a 49 anos ocupam o terceiro lugar, com 9,8%.

Os dados são da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED-DF), realizada pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) e Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Diese), de 2020.

O levantamento feito pelo Observatório de Políticas Públicas do DF (ObservaDF), vinculado ao Instituto de Ciência Política da UnB e ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Política, também encontrou outro dado instigante: a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad) de 2018 mostra que entre 1/3 e 1/4 dos jovens residentes na capital federal estão ociosos. Na prática, isso significa que não estão formalmente no mercado de trabalho e não  frequentam escolas ou quaisquer graduação.

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Gênero

No caso jovens com idade entre 18 e 24 anos, o percentual daqueles que não estudam nem trabalham é de 30,8%. Já o de rapazes que não estudam nem trabalham é de 38,6%, quase 8 pontos percentuais maior. Para o grupo com idade entre 25 e 29 anos, a diferença chega a 13 pontos percentuais, com quase 35% das jovens não estudando nem trabalhando.

“Esses dados sugerem que não só a inserção no mercado de trabalho é um processo difícil, em que a transição da escola para a vida profissional não ocorre de forma imediata ou linear, mas que ela também perpassa questões de gênero que devem ser levadas em consideração. Sobre preconceitos sofridos no mundo do trabalho, os participantes do grupo focal relatam que alguns setores apresentam preconceito de gênero (tanto mulheres quanto homens em setores ‘femininos’), mas que o mais vivenciado por eles é o de raça”, aponta a pesquisa.

De acordo com o ObservaDF, a interrupção dos estudos precoce é motivada pela pressão por busca de renda para a sobrevivência, fato que também estaria relacionado com a informalidade nos vínculos trabalhistas.

O compilado também aponta que o Distrito Federal é caracterizado por uma estrutura produtiva baseada no setor de serviços, que concentra quase a totalidade de seu estoque de trabalhadores.

“Se somar o setor de serviços com as atividades de comércio, observa-se que cerca de 90% do estoque de trabalhadores do DF concentra-se nessas duas atividades. Esses setores são diversificados e englobam diferentes tipos de atividades, principalmente o setor de serviços”, argumenta o estudo.

Comércio e serviços

Conforme a análise do mercado de trabalho local, a maior parte de oportunidades de emprego para jovens no DF concentra-se no comércio (20% do total), em atividades administrativas e serviços complementares (18,2%), e em serviços ligados à saúde humana e serviços sociais (12,8%).

“A dificuldade de inserção do jovem no mundo do trabalho foi reforçada pela conjuntura socioeconômica difícil imposta pela pandemia da Covid-19. As dificuldades com a manutenção dos estudos, obtenção de experiência relevante, busca de vínculos formais e remunerações suficientes foram temas evidenciados nas falas do grupo focal”.

“Mostrou-se também que a oferta de cursos de capacitação do DF é aderente a sua estrutura produtiva, entretanto, ainda é um instrumento pouco utilizado e visto com bastante desconfiança, em parte por causa das restrições socioeconômicas que esses jovens vivem”, finaliza o estudo.

 

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