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Festival de Brasília: Bixa Travesty é confronto à sociedade retrógrada

Documentário de Claudia Priscilla e Kiko Goifman traz a rotina da cantora e ativista dos direitos LGBTQ+ Linn da Quebrada

atualizado

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Nu Abe/Divulgação
Bixa travesty red
1 de 1 Bixa travesty red - Foto: Nu Abe/Divulgação

A 51ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro está chegando ao fim. Neste sábado (22/9), última noite da mostra competitiva, três filmes encerram a temporada: os curtas Reforma (PE), de Fábio Leal, e BR3 (RJ), de Bruno Ribeiro, além do longa-metragem Bixa Travesty (SP), de Claudia Priscilla e Kiko Goifman. A obra documental acompanha a rotina da cantora e ativista dos direitos LGBTQ+ Linn da Quebrada.

“Percebemos que estávamos diante de uma artista contemporânea, que trata de assuntos atuais de uma forma original. Uma artista que usa o próprio corpo como arte”, disse Goifman, sobre a decisão de filmar a rapper. De acordo com o diretor, é uma produção pautada na ideia de liberdade de comportamento e do corpo. “Tudo isso somado nos atraiu na figura da personagem”, completa.

O cineasta conta que as filmagens, realizadas em São Paulo, duraram cerca de quatro meses, com gravações realizadas em diversos espaços como shows e a própria casa da artista. Outro ponto importante, segundo Kiko, é a forte presença de material de arquivo em Bixa Travesty. “É muito interessante você hoje em dia fazer um filme com uma pessoa de 27 anos. Linn teve sua vida inteiramente filmada, inclusive momentos delicados de doença. Contamos com um grande material filmado por uma amiga dela, chamada Nu Abe”, ressalta.

Para Kiko, a participação criativa de Linn da Quebrada no roteiro do documentário também foi essencial, já que o filme traz a intimidade da personagem. “Achamos importante que ela pudesse decidir como seria retratada numa narrativa fílmica”.

Criamos uma dinâmica que estimulava uma produção contínua de ideias ao longo das filmagens. Muitas cenas que foram feitas neste impulso criativo sobreviveram na montagem final. Esperamos que essa pulsação que permeou a produção esteja impressa no filme. São olhares de pessoas diferentes, não somente o da Linn, mas que se complementam

Kiko Goifman

O cineasta reitera a urgência de debater as questões gênero em um momento onde cresce a onda conservadora, moralista e o desejo de retrocessos nas conquistas de direitos. “A Linn é um corpo que confronta os padrões da sociedade. Ela e outras ativistas escancaram as fragilidades dos nossos corpos tidos como ‘normais'”, conclui.

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Curtas da noite
Antes do documentário paulista de Claudia Priscilla e Kiko Goifman, o público que estiver no Cine Brasília irá assistir ao curta pernambucano Reforma, de Fábio Leal. Conforme a sinopse, o filme mostra as visões de um homem sobre o próprio corpo e como isso afeta suas relações pessoais.

Outro curta da noite é BR3, de Bruno Ribeiro, uma ficção que narra pequenas fabulações de travestis e transexuais moradoras do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro.

51º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro
Neste sábado (22/9), no Cine Brasília (106/107 Sul). Mostra Competitiva: às 18h, Reforma (PE, 16 anos, 15min), BR3 (RJ, 14 anos, 23min) e Bixa Travesty (SP, 14 anos, 75min). Preço: R$ 12 (inteira) e R$ 6 (meia). Valores sujeitos a alterações sem aviso prévio). Informações: (61) 3244-1660 ou festivaldebrasilia.com.br

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