metropoles.com

Segurança da CLDF, lutador de MMA sonha com vaga no UFC Brasília

Aos 28 anos, Vinícius Lima, o Gigantinho, tem nove vitórias no cartel e lutou em países como a Rússia

atualizado

Compartilhar notícia

Fernando Aguiar/Divulgação
Vinícius-Gigantinho-2
1 de 1 Vinícius-Gigantinho-2 - Foto: Fernando Aguiar/Divulgação

Aos 28 anos, o lutador Vinícius Lima, o Gigantinho, tem um sonho: estar no card de Brasília do UFC, que será realizado no dia 14 de março. Os treinos, porém, não são a única ocupação do atleta que, segundo o Sherdog, tem cartel de nove vitórias, sete derrotas e um empate. Todas as tardes, o gigante de 1,93m e 110kg trabalha como vigilante na Câmara Legislativa. As atividades, então, ocorrem também diariamente, em dois períodos, pela manhã e à noite.

As lutas se tornaram uma opção na vida de Gigantinho quando ele era um adolescente, em Barra do Garça-MT, onde o lutador, nascido em Brasília, cresceu. Aos 14 anos, sem praticar atividades físicas, ele chegou a pesar 220 kg.

“Meu tio pagou plano de saúde para mim para eu poder fazer cirurgia bariátrica. Eu era obeso mórbido. Só não passei a impressão de ser tão gordo porque sempre fui muito alto. Imagina, ter 14 anos e pesar 220 kg. Um amigo disse que eu era um cara de atitude e que poderia ‘secar’ treinando artes marciais, sem precisar passar por cirurgia. Em sete meses, perdi 140 kg, só com atividades físicas e reeducação alimentar”, recorda.

“Imagina, ter 14 anos e pesar 220 kg. Em sete meses, perdi 140 kg, só com atividades físicas e reeducação alimentar”

Aos 18 anos, ele se mudou para Brasília em busca do sonho de se tornar um artista marcial profissional. À época, o agora lutador era estudante de Educação Física e convivia com a pressão de familiares que desejavam que ele desistisse das lutas para se dedicar a outra graduação. Ele, porém, contou com o apoio da mãe e desembarcou na capital federal, onde viveu por dois anos dentro do centro de treinamento, localizado na Motonáutica. Depois de um período vivendo integralmente de patrocínios, ele perdeu todo o apoio e precisou dar aulas em vários lugares para levar o sustento para a família.

Neste período, Gigantinho escondeu problemas financeiros (ele chegou a ficar quatro meses sem receber salários referentes às aulas dadas) da mãe. “Uma coisa é você sozinho. Dá pra morar na academia, se virar. Com família, a coisa muda, você vira provedor, e aí precisa correr muito mais atrás”. A oportunidade de trabalhar na Câmara Legislativa, inclusive, foi dada por um aluno, que também custeou suplementos alimentares para o lutador. Ele precisou passar pelo curso de vigilante antes de ingressar na equipe que presta serviços na CLDF.

Agora, com experiência de ter lutado na Rússia e realizado treinos nos Estados Unidos com atletas como o ex-campeão do mundo Vitor Belfort, Gigantinho sonha com um lugar no UFC Brasília. Até o momento, a noitada de lutas não conta com nenhum combate envolvendo pesos-pesados.

“Quando eu vi que teria um card em Brasília, coloquei na cabeça que tinha de estar nele. Sou da cidade, peso-pesado, uma divisão que precisa de renovação há um tempo. O UFC precisa dar chance à nova safra dessa divisão”, opina.

Ele reconhece que lutar na principal organização de MMA do planeta foi, durante muito tempo, uma espécie de obsessão para o lutador. Agora, porém, Gigantinho afirma que o sonho, que ficou perto de se realizar, pode esperar mais um pouco.

“Estou há 11 anos lutando por isso. Houve um tempo na minha vida em que eu pensava todo dia que precisava entrar no UFC. Fui para as seletivas do TUF Brasil peso-pesado (realizado em 2014) e cheguei a ser aprovado em algumas fases. No fim, não entrei no reality show. Foi uma frustração muito grande, mas, hoje em dia, recebo propostas de pessoas que passaram pela minha vida e estão me procurando, perguntando minha condição e oferecendo lutas”, revela. Isso, porém, ainda não foi suficiente para que ele alcançasse aquela que é considerada a meca do MMA mundial.

Futuro mais leve
A pouca movimentação da categoria dos pesos-pesados — que não vê uma disputa de cinturão há cerca de seis meses — faz com que baixar de divisão para lutar entre os meio-pesados (até 93 kg, ou 205 lbs) e ter mais oportunidades para se consolidar no circuito internacional do MMA se torne uma opção viável para o futuro. O corte de peso para lutar já é algo superado para o atleta, que se mantém com cerca de 110 kg, abaixo do limite da categoria, que é de 120 kg.

“Conversei com meu nutricionista e ele disse que é possível cortar o peso até 102 kg e o resto a gente desidrata. Cheguei a ficar com 95 kg, mas a minha aparência foi de muita magreza, me senti até fraco. Hoje em dia, consigo entender que ganhar muita massa muscular e depois perder tudo isso no corte de peso não é benéfico, no meu caso, eu me senti mais lento. Agora, o foco é dieta e alimentação mais correta para ficar mais livre para comer o que eu quero de vez em quando”, frisa.

Compartilhar notícia