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Após Rio-2016, atletas temem fim de patrocínios para Tóquio-2020

A recente troca de comando no governo federal, que deixa em suspenso a continuidade dos programas de apoio a esportistas, e a falta de perspectiva de uma recuperação significativa da economia, são dois motivos que os levam a crer que o suporte dado aos Jogos do Rio poderá não se repetir em Tóquio

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MARCO GALVãO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
OLIMPÍADA RIO 2016 JUDÔ
1 de 1 OLIMPÍADA RIO 2016 JUDÔ - Foto: MARCO GALVãO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Passados quase 40 dias do fim da Olimpíada do Rio, a apreensão quanto ao próximo ciclo olímpico já se manifesta entre atletas medalhistas do Brasil. A recente troca de comando no governo federal, que deixa em suspenso a continuidade dos programas de apoio a esportistas, e a falta de perspectiva de uma recuperação significativa da economia, o que põe em risco os patrocínios privados, são dois motivos que os levam a crer que o suporte dado aos Jogos do Rio poderá não se repetir em Tóquio-2020.

Dez esportistas patrocinados pela Petrobras foram recebidos nesta quinta-feira pelo presidente da estatal, Pedro Parente, e ouviram palavras de agradecimento e incentivo – mas não uma promessa de que os recursos para eles e suas confederações perdurarão para o próximo ciclo. Parente declarou apenas que existe a intenção de mantê-los, apesar das dificuldades que a Petrobras vive desde 2014, na esteira da crise do petróleo e das investigações da Operação Lava Jato sobre um grande esquema de corrupção envolvendo a petroleira.

Os resultados dos atletas e o retorno de marketing que a Petrobras teve durante os Jogos Olímpicos e Paralimpícos serão avaliados nos próximos meses. O anúncio para o próximo ciclo deverá ser feito no primeiro trimestre de 2017. Do Time Petrobras, estiveram no encontro os medalhistas olímpicos Rafaela Silva, Rafael Baby e Mayra Aguiar, do judô; Isaquias Queiroz, da canoagem; Maicon Siqueira, do tae kwon do; e Fernando Reis, do levantamento de peso (este não ganhou medalha no Rio-2016). A ginasta Flávia Saraiva e as jogadoras do vôlei de praia Larissa e Talita também participaram, assim como os medalhistas paralímpicos Daniel Dias, da natação, e Verônica Hipólito, do atletismo.

Embora contem com patrocínios individuais, os três judocas se disseram temerosos quanto ao futuro. “A apreensão é muito grande para todo mundo. Não sabemos o que vai acontecer com o Bolsa Atleta, o Bolsa Pódio e o Plano Brasil Medalhas”, disse Baby, referindo-se a programas do governo federal aos quais são creditados os bons resultados do País na Olimpíada – com 19 pódios, sendo sete ouros, seis pratas e seis bronzes, o Time Brasil não bateu a meta do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) de terminar a Olimpíada entre os 10 primeiros colocados no quadro de medalhas (ficou em 13.º lugar), mas o País obteve o melhor resultado de sua história.

O governo Michel Temer ainda não anunciou os seus planos para o Bolsa Atleta, programa do Ministério do Esporte criado em 2005 e que patrocina individualmente atletas e paratletas de alto rendimento (no valor mensal de R$ 370 a R$ 3.100), o Bolsa Atleta Pódio, instituído em 2011 com a finalidade de apoiar atletas com chances de disputar finais e medalhas olímpicas e paralímpicas (R$ 5 mil a R$ 15 mil). Focado não só nos esportistas, mas também nas instalações usadas para treinamento, o Plano Brasil Medalhas, lançado em 2012 com olhos em 2016, deixou de existir ao fim dos Jogos.

O frisson gerado pelo fato de a Olimpíada e a Paralimpíada terem sido em casa alavancou os investimentos. Agora, em uma perspectiva pessimista, a tendência é que os patrocínios murchem, a despeito da visibilidade que as modalidades tiveram. “A agonia está em todos porque não houve nenhum posicionamento oficial do governo”, disse Mayra Aguiar.

“Os atletas que, como nós, têm patrocínio pessoal não sofrem tanto. Mas outros precisam dos programas para pagar contas, para comprar quimono, suplementos. É uma preocupação a mais, quando o atleta deve pensar só no treinamento. Quem ganha medalha tem mais visibilidade e quem não ganha?”, ponderou Rafaela Silva. “Eu espero que o apoio do governo e das empresas não só continue, mas melhore. O fim deste ciclo não é o fim do mundo. Não é por acaso que os países que mais investem têm mais medalhas”, observou Daniel Dias.

Maicon Siqueira enfrenta outro problema: a gratificação de R$ 12 500 que a Petrobras concede a medalhistas do tae kwon do, remo, boxe, levantamento de peso e esgrima, via confederações, não foi paga a ele. A empresa repassou o dinheiro, mas a confederação não o entregou ao atleta. A associação é investigada pela Polícia Federal por desvios de recursos de convênios com o Ministério do Esporte e seu presidente, Carlos Fernandes, já foi afastado.

O lutador já havia sido prejudicado no período pré-olímpico com a troca de treinador pela confederação, feita à sua revelia. Ele considera que pode estar sofrendo retaliação por ter criticado a entidade. “Acho que pode ser pela minha postura. Pedimos para a Petrobras interferir. Esse dinheiro faz muita falta para mim. Todos os meu suplementos são importados”.

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