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Executivo subornou dirigentes da CBF e diz que Globo pagou propina

Revelações foram feitas durante depoimento ao Tribunal Federal do Brooklyn, em Nova York (EUA). Emissora brasileira nega irregularidades

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TOMAZ SILVA/AGÊNCIA BRASIL
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1 de 1 Marin-Fifa-20150527-1-e1446384139176 - Foto: TOMAZ SILVA/AGÊNCIA BRASIL

Ex-executivo da empresa Torneos y Competencias, o argentino Alejandro Burzaco disse em depoimento no Tribunal Federal do Brooklyn, em Nova York (EUA), ter subornado diversos executivos da Confederação Sul-americana de Futebol (Conmebol) – entre eles, os ex-presidentes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) José Maria Marin e Ricardo Teixeira, além do atual presidente da entidade, Marco Polo Del Nero. Ele também contou que empresas mundiais de mídia, incluindo a Rede Globo, pagaram propina aos cartolas. As informações foram divulgadas em veículos da emissora, como o site Globo Esporte.com.

Burzaco afirmou ter feito parceria com outras empresas da mídia, e que quase todas fizeram repasses aos dirigentes do Futebol. Ele citou Media Pro (Espanha), Fox Sports (EUA) e Televisa (Mexico), além da Globo e de duas empresas de intermediação – a Traffic (brasileira) e a Full Play (argentina). O depoimento, que durou mais de três horas, foi dado no processo em que Marin (imagem em destaque) – que está em prisão domiciliar nos EUA desde 2015 – é julgado ao lado de Juan Manuel Napout (ex-presidente da Conmebol e da federação paraguaia) e Manuel Burga (ex-presidente da federação peruana).

O ex-executivo confessou que cometeu os crimes de lavagem de dinheiro, fraude e conspiração. E disse que pagava propina para dirigentes em troca de apoio na negociação de contratos. Perguntado pelo promotor Samuel Nitze se havia alguém no tribunal a quem pagou, ele foi direto: “Juan Napout (entre 2010 e 2015), Manuel Burga (de 2010 a 2013), José Maria Marin (de 2012 a 2015). Paguei propina para todos eles”, admitiu.

Napout presidiu a Federação Paraguaia de Futebol de 2007 a 2014 e a Conmebol entre 2014 e 2015. Já Burga foi presidente da Federação Peruana de Futebol entre 2007 e 2010. Burzaco declarou ainda que era o argentino Julio Grondona, ex-presidente da AFA, quem gerenciava a distribuição dos subornos entre os dirigentes da Conmebol.

Perguntado a quem ele pagou propina na Conmebol entre 2006 e 2015, ele disse: “Para todos. Presidente, integrantes do comitê executivo, vice-presidentes, secretário-geral, presidentes de federações nacionais. Todos”.

Nesse período, os presidentes da CBF foram Ricardo Teixeira (2006-2012), José Maria Marin (2012-2015) e Marco Polo Del Nero (2015 até hoje). Os brasileiros no Comitê Executivo da Conmebol foram Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero.

Direitos de transmissão
A Torneos y Competencias (TyC) é uma empresa argentina fundada em 1982 que sempre teve posição de destaque no mercado sul-americano de direitos. Burzaco era o principal executivo da empresa quando o FBI prendeu vários dirigentes da Federação Internacional de Futebol (FIFA) em Zurique, em 27 de maio de 2015. Depois, a TyC criou, junto com a Traffic, a empresa T&T, responsável por negociar os direitos da Libertadores e Sul-Americana.

Burzaco, que estava em Zurique, escapou por pouco da prisão – acabou demitido da TyC poucos dias depois. No dia 10 de junho de 2015, ele se entregou às autoridades americanas.

Na véspera do depoimento de Burzaco, os três advogados de defesa (de Marin, Napout e Burga) fizeram críticas ao fato de o governo dos Estados Unidos ter feito acordos “benéficos” a pessoas que confessaram ter cometido crimes.

A segunda parte do depoimento de Alejando Burzaco trouxe novas informações sobre as acusações a dirigentes brasileiros – e a citação a um ex-executivo da TV Globo Marcelo Campos Pinto, que até 2015 era o responsável pela negociação de direitos da emissora. O argentino detalhou como se deu a transição do pagamento de propina depois que Ricardo Teixeira renunciou à Presidência da CBF em 2012.

Segundo o depoente, Teixeira o teria orientado a repassar o que recebia para José Maria Marin e Marco Polo Del Nero. O acerto, segundo Burzaco, foi na presença de Campos Pinto. Algum tempo depois, Marin e Del Nero teriam pedido “aumento” na cota de propina.

Outro lado
O presidente da CBF emitiu nota rebatendo as declarações de Burzaco. Del Nero também disse que jamais foi membro do comitê executivo da Conmebol – a página da Fifa, porém, diz que ele fez parte do Comitê Executivo da entidade sul-americana, assim como há registro no próprio site da CBF.

A TV Globo também negou participação em subornos e pagamento de propina. Em nota, a emissora destacou que “o Grupo Globo afirma veementemente que não pratica nem tolera qualquer pagamento de propina. Esclarece que, após mais de dois anos de investigação, não é parte nos processos que correm na justiça americana. Em suas amplas investigações internas, apurou que jamais realizou pagamentos que não os previstos nos contratos.”

No texto, o grupo também diz ter sido surpreendido com o relato envolvendo o ex-diretor Marcelo Campos Pinto. “O Grupo Globo deseja esclarecer que Marcelo Campos Pinto, em apuração interna, assegurou que jamais negociou ou pagou propinas a quaisquer pessoas”, ressalta. “O Grupo Globo se colocará plenamente à disposição das autoridades americanas para que tudo seja esclarecido. Para a Globo, isso é uma questão de honra. Os nossos princípios editoriais nem permitiriam que seja diferente. Mas o Grupo Globo considera fundamental garantir aos leitores, aos ouvintes e aos espectadores que o noticiário a respeito será divulgado com a transparência que o jornalismo exige”, encerra a nota.

Os ex-presidentes da CBF Ricardo Teixeira e José Maria Marin não se manifestaram. O GloboEsporte.com afirma não ter conseguido contato com Marcelo Campos Pinto.

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