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Com Kawhi e George, Clippers vivem as dores e delícias de ser um contender

Após uma história sofrida, transição para ser um candidato ao título não tem sido totalmente pacífica

atualizado

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Kevork Djansezian/Getty Images
Los Angeles Clippers
1 de 1 Los Angeles Clippers - Foto: Kevork Djansezian/Getty Images

É difícil pedir paciência para uma franquia com a história do Los Angeles Clippers, mas é exatamente isso que Kawhi Leonard está pregando em sua primeira temporada, que tem apresentado mais turbulências do que o esperado.

Há um ano, os Clippers anunciavam a contratação de Kawhi Leonard. No mesmo dia, eles também conseguiram Paul George por meio de uma mega-troca. A chegada da dupla em Los Angeles dava à franquia a sua melhor chance de vencer um título da NBA em sua tortuosa e sofrida história.

Melhor até do que os cinco anos de Chris Paul, Blake Griffin, DeAndre Jordan e Cia., o primeiro time dos Clippers a aproveitar a ausência de Donald Sterling, o ex-dono da franquia. Sob o comando de Sterling, foram décadas de más decisões, negligência e incompetência. Em 2014, ele foi banido da NBA e perdeu o controle do time após conversas suas com diversas referências racistas terem sido vazadas para a imprensa.

Com a chegada de Steve Ballmer, a franquia mudou da água para o vinho. Não só em termos de clima, mas também — e principalmente –, no que diz respeito a decisões e planejamento. Ballmer, um bilionário da indústria tecnológica, se armou de algumas das mentes mais afiadas do basquete: contratou a lenda Jerry West como consultor, além de trazer dois jovens e talentosos executivos, Trent Redden — que foi assistente de David Griffin, em Cleveland — Michael Winger, que trabalhou com Sam Presti em Oklahoma, para fazer parte de uma equipe com Mark Hughes e Lawrence Frank; além de manter Doc Rivers “apenas” como técnico do time.

Com uma diretoria e comissão técnica renovadas, Ballmer queria que os Clippers criassem a sua própria identidade, algo construído em cima de uma base de trabalho duro, que apelasse para a sensibilidade daqueles que não se identificam com o ar hollywoodiano e glamouroso do outro time, mais bem-sucedido, da cidade.

 

Na temporada passada, os Clippers tiveram um time que incorporou perfeitamente essa ideia, transmitida no slogan “LA Our Way” (Los Angeles da Nossa Maneira). Sem uma grande estrela, uma equipe liderada por Patrick Beverley, Montrezl Harrell e Lou Williams registrou um recorde de 48 vitórias e 34 derrotas. O esquadrão atingiu seu ápice ao roubar dois jogos do poderoso Golden State Warriors em uma série de playoffs bastante disputada.

A campanha foi uma propaganda perfeita para trazer os tipos de jogadores que fazem um time cheio de potencial se transformar em um candidato ao título. Quando eles chegaram, porém, a transição não foi tão natural.

Após uma derrota, Harrell falou com repórteres sobre alguns dos problemas que os Clippers estavam enfrentando, questões que envolviam química e falta de comprometimento. Basicamente, haveria uma insatisfação generalizada com o tratamento preferencial dado a Kawhi Leonard e Paul George, além de dúvidas quanto a poupar jogadores desnecessariamente, o tal do infame load management.

Leonard, sempre o imperturbável, tentou assumir um papel de liderança, pedindo para que seus companheiros aproveitassem o processo. “Não tenham pressa para vencer esses jogos. Use-os como uma ferramenta de aprendizado para quando estivermos nas trincheiras. A pressão não está em cima de nós agora”.

A visão, no entanto, contrasta com a abordagem agressiva e igualitária que os Clippers de 2018-19 estavam construindo. “Nós somos um time brigador. Faminto. Com sede. Somos um time”, descreveu Beverley sobre aquela equipe.

É possível que a resposta para os Clippers esteja em algum lugar no meio da mentalidade de briga de rua defendida por Beverley e Harrell, e a frieza calculada de Kawi. Poucos times conseguem atingir esse equilíbrio, e os que conseguem, geralmente chegam longe. Aconteça o que acontecer, a certeza é que o primo pobre de Los Angeles está criando seu próprio caminho, muito longe daquela franquia que um dia foi considerada a pior da história do esporte.

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