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TikTok e Reels recolocam as coreografias em destaque na música pop

Profissionais por trás da criação das coreografias passaram a ter um protagonismo maior no processo de construção e divulgação dos hits

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Flávio Verne, Arielle Macedo, Eddy Soares
1 de 1 Flávio Verne, Arielle Macedo, Eddy Soares - Foto: Reprodução

Foi-se o tempo em que o sucesso de um hit era avaliado apenas pelo desempenho dele nas plataformas de streaming musicais e no YouTube. Na era da influência, redes sociais como o TikTok e o Instagram assumiram um papel determinante no processo de construção e divulgação de uma música. Não à toa, todas as semanas, uma enxurrada de novas faixas viraliza, grande parte por causa dos famosos challenges.

De Cardi B a Luísa Sonza, Pedro Sampaio e o recém-descoberto nas redes, Elias Monkbel, do chiclete O Carpinteiro, vários artistas já se beneficiaram da popularidade dos desafios de dança. Na semana passada, Pedro Sampaio, inclusive, mencionou durante coletiva de imprensa, a divulgação da coreografia de Atenção, como uma das estratégias de lançamento da faixa. Não demorou para o DJ e produtor conseguir o que queria. Em menos de 24 horas, a música estava bombando nos charts e nos Stories dos fãs.

Paulo Pimenta, CEO da Bpmcom, empresa de marketing artístico que agencia estrelas como Pedro e Anitta esclarece, no entanto, que a tática não funciona para toda canção. “Todo processo criativo é singular, mas algumas músicas já nascem com uma coreografia associada, quase organicamente. O funk e o pop carregam essa intenção. Hoje, sempre pensamos em quais canais disponíveis faremos o marketing do projeto e sua divulgação”, explica.

Ele considera que o elemento deva ser utilizado como complemento e de forma adequada. “Não adianta forçar uma coreografia em uma produção que talvez não peça uma dança, ou provocar uma coreografia complexa demais. Elementos simples são sempre bem-vindos”, pontua.

Coreógrafos ganham protagonismo

Embora alguns challenges surjam organicamente nas redes, como uma brincadeira, grande parte já é desenvolvida por quem, de fato, entende do assunto. Em entrevista ao Metrópoles, o brasiliense Flávio Verne, coreógrafo de Pabllo Vittar e Luísa Sonza, e responsável pelo viral Atenção, destaca que a habilidade em criar danças capazes de engajar os internautas nos desafios tem levado os profissionais da dança a alcançar um protagonismo maior no mercado fonográfico.  “Percebo que hoje em dia os artistas preferem escolher um coreógrafo que já conhece esse meio, principalmente se a intenção for criar um hit mais chiclete”, pontuou Verne.

O artista, aliás, é um dos precursores no resgate das performances a la Rouge, como ele mesmo define. “Desde quando comecei a trabalhar com a Pabllo, em 2008, sempre tivemos essa preocupação de valorizar as coreografias, fazer coisas que bombassem naturalmente — como rolou com Boa Menina e Flash Pose, por exemplo — na época o TikTok nem estava fazendo esse sucesso”, destaca. “Minha maneira de trabalhar já era essa, criar coisas para as músicas, para os clipes, que as pessoas conseguissem reproduzir, dançar junto, igual a gente fazia com o Rouge, sabe?”, completa Verne.

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Arielle Macedo, coreógrafa de Anitta, diz que toda essa movimentação no universo da dança exigiu dela reflexão e estudo.“Foi necessário entender a ferramenta, como ela funciona, e o público que ela atinge”, diz. “Hoje, tenho que pensar em uma dancinha possível de se reproduzir em qualquer ambiente”, completa.

“Na coreografia para um clipe podemos pensar em elaborar mais pois temos dinâmica de câmera e uma estrutura maior. Em um palco para show, temos um outro espaço e interações a serem feitas, diante do perfil de cada artista, porque aí temos mais de 15 ou 30 segundos para dançar”, aponta Arielle.

A maior recompensa para tanto esforço empreendido na canção de um artista vem com o reconhecimento. Se antes, os profissionais ainda precisavam mostrar o currículo para comprovar a expertise na área, hoje os números conquistados graças à coreografia funcionam como um cartão de visitas. “Aos poucos a dança vem ganhando espaço e sendo valorizada. Atualmente é de muita importância no marketing de um lançamento de uma música pop”, conclui a coreógrafa de Anitta.

Estímulos comerciais no processo criativo

Com grande parte das pessoas isoladas há mais de um ano, por causa da pandemia de Covid-19, não é difícil entender o protagonismo das redes sociais, nem o porquê de a dança ter conquistado tantos leigos no assunto. Por meio dela, as pessoas podem não só movimentar o corpo, como expressar sentimentos, o que é muito válido na opinião do bailarino Eddy Soares.

“No fim das contas as pessoas só querem se divertir, ter uma válcula de escape para passar por essa fase tão difícil, que estamos vivendo desde o ano passado. Nada melhor pra isso que a dança”, diz ele, que participou do clipe de Modo Turbo, interpretando o robô que performa com Anitta, Luísa Sonza e Pabllo Vittar.

O artista, no entanto, reflete sobre a importância das pessoas não ficarem só no challenge, e buscarem entender o que significa os movimentos que estão executando. “Tem muita história, cultura e arte por trás de cada passo, porque a maioria de passos que executamos não são absolutamente novos, eles já existiam. No hip-hop, no vogue, na cultura ballromm”, exemplifica.

 

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Ele também cita o estímulo cada vez maior pra criar algo comercial como ponto negativo da popularização da dança. “Tem essa coisa de sermos instigados a produzir coreografias mais básicas, mas a dança é um processo artístico. Acho que isso pode acabar limitando um pouco os profissionais. Para ‘hitar’, pra fazer as pessoas consumirem. Então é um linha bem tênue que cabe uma reflexão”, finaliza.

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