“O Brasil é um país perigoso para se ser mulher”, diz atriz Tainá Müller

Bom Dia, Verônica, thriller policial brasileiro da Netflix, é uma das principais surpresas do audiovisual brasileiro em 2020. Além da trama envolvente, as personagens da série – baseada na obra de Ilana Casoy e Raphael Montes – conquistaram o público. Uma delas é a protagonista, a escrivã Verônica, vivida pela atriz Tainá Müller.

Com carreira no cinema e na televisão, a atriz estreia no streaming justamente em Bom Dia, Verônica, um seriado que aborda corrupção policial e violência contra as mulheres. Sua personagem, após presenciar um suicídio, mergulha em uma investigação que chegará no serial killer Brandão, um tenente-coronel da Polícia Militar interpretado por Eduardo Moscovis.

“A importância de falar desse tema é do tamanho de sua urgência. O Brasil é um país perigoso para se ser mulher, estamos em quinto lugar no ranking de feminicídio. Também temos um número alarmante de estupros que acontecem dentro de casa, que resultam muitas vezes em gravidez de meninas como vimos naquele caso recente, da menina de 10 anos no Espírito Santo”, pondera Tainá Müller, em entrevista ao Metrópoles.

A preocupação com a abordagem da violência contra a mulher aparece no final de cada episódio, que encoraja as vítimas de violência a denunciarem. Dados indicam que, durante a pandemia de Covid-19, o número de agressões cometidas dentro de casa aumento mais de 40%.

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Tainá Müller Gustavo Zylbersztajn/Divulgação

BOM DIA VERONICA

Bom Dia, Verônica — Na segunda opção, a investigadora Tainá Müller vai enfrentar a máfia sozinha Suzanna Tierie /Netflix

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Camila Morgado e Tainá Müller Suzanna Tierie /Netflix

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Suzanna Tierie /Netflix

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“Estamos ali numa ficção, num thriller que pretende ser entretenimento também, mas é impossível virar as costas para essa realidade que transcende a tela”, completa a atriz.

Sucesso

A recepção da crítica brasileira a Bom Dia, Verônica foi bastante positiva – clique aqui para ler a opinião do Metrópoles. Assim como já ocorreu com outras produções internacionais, como Dark e Bala Perdida, o seriado nacional concorre para fazer sucesso no exterior.

“A resposta da crítica e do público tem sido ótima e eu estou muito feliz com a repercussão. Entramos no Top 10 de vários países e essa é uma experiência inédita pra mim, em termos de alcance do trabalho. A mensagem que a série passa é importante e infelizmente uma realidade mundial, não só do nosso país. Espero que a gente espalhe o debate sobre a violência contra a mulher”, comemora Tainá Muller.

Para construir a personagem, a atriz leu o livro que inspira a série e também participou de um laboratório, com integrantes das forças de segurança. No entanto, o mundo policial não é uma novidade para Tainá Müller, ela viveu Clara em Trope de Elite 2.

“Eu me inspirei no livro e em mulheres reais que encontrei no laboratório que fiz na polícia. A vivência mais próxima que havia tido com esse universo foi em Tropa de Elite 2, mas sob a perspectiva de uma jornalista. Então foi tudo muito novo e surpreendente quando mergulhei nesse universo. Conheci escrivãs, legistas, peritas e pude acompanhar o dia a dia de uma Deegacia de Homicídios por alguns dias”, lembra.

Na torcida para que a Netflix produza uma segunda temporada da série, a atriz vibra com a possibilidade de se aventurar no streaming.

“A diferença [em relação à TV] estou sentindo agora, com as pessoas maratonando a série inteira. É um outro tipo de envolvimento com a obra, a pessoa separa horas ou dias da sua vida só para se dedicar àquela história e isso é muito legal”, completa.