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Cinco motivos para ver a série “Stranger Things”, com Winona Ryder

Nova série da Netflix embala referências dos anos 1980 para narrar a procura por um garotinho desaparecido após eventos misteriosos

atualizado

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Netflix/Divulgação
Stranger Things, Winona Ryder
1 de 1 Stranger Things, Winona Ryder - Foto: Netflix/Divulgação

“Stranger Things”, disponível desde 15 de julho (uma sexta) na Netflix, precisou de poucos dias para ser o grande assunto do momento na cultura pop. Ambientado no ano de 1983, o programa reconfigura uma ambientação tipicamente dos anos 1980 para narrar a procura por um garotinho que some em circunstâncias estranhas.

Winona Ryder, que vive Joyce, a mãe aflita de Will (Noah Schnapp), não consegue entender o desaparecimento. Nem o xerife da cidade (David Harbour), nem seu irmão mais velho, Jonathan (Charlie Heaton), nem os três melhores amigos de Will. Trata-se de uma conspiração que parece envolver desde a CIA, serviço de inteligência dos Estados Unidos, a entidades sobrenaturais ou de outro planeta.

Abaixo, listamos cinco razões para ver “Stranger Things”, assinada pelos até então pouco conhecidos irmãos Matt e Ross Duffer:

 

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O revival dos anos 1980
Toda a composição dramática parece respirar referências a certos trabalhos de Steven Spielberg: “E.T” (1982), filme sobre a infância perdida diante de uma família esfacelada, e “Contatos Imediatos de Terceiro Grau” (1977), com sua estranheza perante o desconhecido.

A tensão suburbana/interiorana lembra John Carpenter, sobretudo “Halloween” (1978), e até a literatura de horror, suspense e ficção científica de Stephen King. Aqui e ali, sente-se uma mistura harmoniosa entre a paranoia social de “Arquivo X” e os contos de terror sentimentais de “Amazing Stories” (1985-1987), série criada por Spielberg.

Confiante em uma ambientação retrô, com walkie-talkies e trilha sonora eletrônica, “Stranger Things” ainda se filia diretamente a “Super 8” (2011), a homenagem de J.J. Abrams a Spielberg. Um tributo dentro de um tributo – com direito, claro, a uma caixinha de mistérios.

Nesse flashback esperto, mas que corre poucos riscos, a série funciona como uma fábula oitentista remodelada para as plateias hiperconectadas de hoje, certamente capazes de sacar influências pontuais ou pelo menos a atmosfera nostálgica. O pastiche autoconsciente começa já na vinheta: fontes em neon, trilha saudosista e chuviscos na tela.

 

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Winona Ryder: renascimento
Estrela de Tim Burton em “Beetlejuice” (1988) e “Edward Mãos de Tesoura” (1990), e rosto da geração 1990, a chamada Gen-X, em “Caindo na Real” (1994), Winona Ryder, como tantas outras atrizes na transição dos 30 para os 40 anos, sofreu com a falta de papéis escritos para mulheres em Hollywood. As fofocas de tabloide também não ajudaram.

Após um quase sumiço entre “A Herança de Mr. Deeds” (2003) e “Star Trek” (2009), ela só conseguiu finalmente se reencontrar na TV. Esteve na minissérie “Show Me a Hero” (2015) e, agora, encarna uma mulher independente cercada por contendas em “Stranger Things”. Divorciada, mãe de dois filhos e à procura de respostas plausíveis para acontecimentos absurdos.

 

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A paranoia oitentista e a nostalgia pop
Os oito anos em que o conservador Ronald Reagan foi presidente dos Estados Unidos se confundem com a própria década de 1980: de 1981 a 1989. Esse período também ficou marcado por uma melancolia paranoica em torno da Aids, do comunismo, das crises no Oriente Médio e da pesada herança emocional deixada pela geração anterior, que viveu o Watergate e a Guerra do Vietnã.

É a tal geração perdida, forjada numa década insegura, tensa e reprimida. De maneiras sutis, “Stranger Things” consegue tanto traduzir esse espírito da época quanto trazê-lo para um universo genuinamente pop e divertido: especulação científica, esboços de fim de mundo e memória afetiva.

 

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Drama sobre famílias e perdas
A sensação de que existem problemas mais graves do que as dificuldades do cotidiano alimenta os dramas de “Stranger Things”. O xerife é um beberrão que perdeu a filha e não gosta de falar no assunto. A personagem de Winona não estava em casa quando o filho sumiu – e certamente se pune por isso.

O misterioso desaparecimento de Will coloca em jogo o pouco de autoestima que existe na cidade. Afinal, compreender a situação servirá para alguma coisa?

 

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A infância e suas eternas amizades
Dentro das referências articuladas por “Stranger Things”, os filmes de amizade infantil surgem como os mais urgentes. A cooperação mirim para solucionar situações sinistras em “Conta Comigo” (1986) e “Os Goonies” (1985) – trabalhos que lidam simbolicamente tanto com desaparecimento quanto procura – traz carisma e afeto para equilibrar o tom de suspense/terror da série.

Lucas (Caleb McLaughlin), Dustin (Gaten Matarazzo) e Mike (Finn Wolfhard) – da esquerda para a direita – jogaram “Dungeons & Dragons” com Will na última noite em que ele foi visto. O bom elenco, nascido no meio da década de 2000, consegue registrar atuações autênticas, como se estivesse nos anos 1980. À direita, de casaco azul, a personagem Onze (Millie Bobby Brown) aparece como uma fugitiva em busca de pertencimento.

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