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“Toda transformação traz sofrimento”, diz Djavan sobre política

Gravado entre julho e agosto, Vesúvio, 24º álbum do alagoano, mistura elementos pop a letras politizadas

atualizado

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1 de 1 djavan (1) - Foto: Kacio/Metrópoles

Desde a década de 1970, quando ganhou notoriedade com Fato Consumado, Djavan entrega suas composições ao romantismo. Em Vesúvio, 24º disco da carreira, lançado no último dia 23 de novembro, o artista apresenta um olhar mais cético, porém não menos poético sobre a vida. O alagoano divide as canções de amor com discursos políticos, que, segundo ele, são reflexos de um Brasil polarizado.

“Gravei o CD entre julho e agosto, momento no qual já explodiam as discussões sobre as eleições. Eu escrevo sobre aquilo que me absorve e era impossível me manter ao largo dos acontecimentos”, explica Djavan, em entrevista ao Metrópoles.

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“Eu entro no estúdio com poucas músicas. Sou inspirado pelo próprio processo, pelo estúdio, pelos músicos”, explica Djavan

O resultado são versos como os de Solitude, segunda faixa do álbum: “Guerra vende armas/ Mantém cargos/ Destrói sonhos/ Tudo de uma vez/ Sensatez/ Não tem vez”. Em Cedo ou Tarde, música que vem na sequência, Djavan mantém o tom incrédulo sobre os atuais rumos do país. “Com tais dissabores/ Não é brincadeira/ Com tantos rancores/ Faz-se uma fogueira.”

Apesar do descontentamento com a situação política, o artista se mostra resiliente, torcendo por um futuro menos turbulento. “Nós estamos vivendo este momento de mudança e toda transformação demanda sofrimento”, pondera.


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Mesmo que a sonoridade de Djavan seja marcada pela mistura de ritmos, a incursão por elementos da música pop está mais predominante em Vesúvio. “A minha música é baseada numa diversidade de gêneros”, afirma o compositor. A não rotulação do som reflete, também, no público, em sua maioria formado por “pessoas diversas, de todas os credos, raças e idades”.

O disco ainda quebra um jejum de 17 anos sem parcerias musicais – a última foi com Cássia Eller, em 2001, com Milagreiro. Em Esplendor de Amor, canção que fecha o novo repertório, Djavan abre mão da criação solo, para dividir os vocais com o uruguaio Jorge Drexler. “A coisa do featuring se banalizou e intensificou muito com a internet. É preciso uma parceria que se justifique, que parta de sentimentos de afinidade musical e admiração mútuos”, ressalta o brasileiro.

O cantor comemora as facilidades encontradas na internet pela atual geração de cantores. “O surgimento de novos artistas sempre se deu de forma razoável, mas a internet multiplicou. Nós somos um país continental e é normal que existam milhares de talentos espalhados por aí”, acredita.

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As 12 canções inéditas de Vesúvio estão disponíveis nas plataformas digitais e em formato físico –CD e LP

 

Show em Brasília
O artista já prepara a turnê nacional e internacional de Vesúvio, com passagem pela capital federal no dia 24 de abril de 2019. No show, previsto para acontecer no Centro de Convenções Ulysses Guimarães (Eixo Monumental), além das novas, Djavan prepara uma lista de sucessos marcantes da carreira.

“Vamos tocar hits de todas as épocas com novo arranjo. Fizemos uma enquete na internet para fechar o repertório e a música mais votada foi Flor do Medo. Eu me surpreendo com isso, eu nem sabia que essa faixa era tão querida”, confessa.

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