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Fagner: “Todo artista que se posicionou politicamente se deu mal”

Ao Metrópoles, o cantor falou ainda sobre a carreira e a amizade de longa data com Zeca Baleiro, com quem se apresenta neste sábado (5/5)

atualizado

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Malu Luz/Divulgação
Fagner
1 de 1 Fagner - Foto: Malu Luz/Divulgação

Há 15 anos, Raimundo Fagner e Zeca Baleiro iniciaram uma frutífera parceria musical. O entrosamento das duas gerações de artistas nordestinos resultou em diversas composições de sucesso, um DVD e muitas turnês, dentro e fora do Brasil. Neste sábado (5/5), a dupla volta à versão dueto, com show de estreia da nova fase em Brasília, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, às 21h.

Fagner começou a carreira musical na capital federal quando ganhou, com Mucuripe, o Festival de Música Popular em 1971. Desde então, o músico tem em Brasília sua segunda casa. “O começo da minha maturidade foi aí. Tenho família e muitos amigos na cidade. É um simbolismo eu retomar esse trabalho com o Zeca em Brasília. Eu piso aqui e sinto uma energia diferente, estamos no lugar certo”.

Em entrevista ao Metrópoles, o autor de Borbulhas de Amor fala da amizade de longa data com Baleiro. “Eu e ele nos identificamos de cara, rolou uma química espetacular. A nossa relação fluiu de uma maneira fantástica. Em pouco tempo, começamos a compor muito”, diz. Além disso, o artista também opina sobre a nova safra de cantores nordestinos.

Divugação
“O público nos ensina quais músicas são eternas”

 

No show, cada cantor tocará separadamente com sua banda, mas eles dividem o palco no final da apresentação. “Devemos executar umas três músicas juntos, uma delas, com certeza, será Dezembro”, conta. Mas o encontro não será feito apenas de antigos sucessos. “Compusemos canções novas especialmente para este show. Era para ser apenas uma apresentação, mas acabamos engrenando e, com certeza, vai virar uma coisa maior”, adianta Fagner.

Entre as novidades, está a faixa inédita Noites de Leblon, que será executada pela primeira vez no Centro de Convenções. “Nesses últimos dias, nos debruçamos sobre o show, estamos montando o repertório e acabamos tendo inspiração para canções novas”, afirma Fagner. “Fazemos tudo na base do WhatsApp. Ele manda ideias de lá, eu mando de cá, e assim vamos. Temos mais de 10 músicas novas. Vamos mostrar algumas em Brasília”, completa Baleiro.

Silvia Zambom/Divulgação
“Brasília tem um público culturalmente miscigenado, bonito. Gosto muito de tocar aí”

 

Em comemoração às mais de quatro décadas de estrada, a Sony irá reunir toda a obra do cearense no Spotify e outras plataformas de streaming. “Estou curtindo muito. Em breve, colocaremos música nova lá também. Antes, as novelas ocupavam este lugar de popularizar as canções”, considera. “Antigamente, os diretores procuravam os artistas para saber o que os músicos estavam gravando, as faixas tinham uma qualidade literária melhor. Hoje, talvez não”, pondera.

Para Fagner, a música é o reflexo do país. “Estamos em um momento tão tenso que as pessoas querem músicas para dançar mesmo, para esquecer”. Segundo ele, a produção musical nordestina atual é muito variada, embora não seja muito do seu gosto. “Tem o forró mais para a garotada, como o Wesley Safadão. Eu não escuto, mas, se a juventude quer ouvir, acho bacana. Tem espaço para tudo”, ressalta o cantor de 69 anos.

 

Política
O artista também não se furtou de abordar temas polêmicos, como seu apoio à candidatura de Aécio Neves nas eleições presidenciais de 2014 – atitude que lhe rendeu duras críticas, principalmente após o senador virar réu nas investigações da Operação Lava Jato. “Não tem lado certo, a não ser o do cidadão. Nós perdemos de todos os ângulos. Agora é esperar o país se reerguer”, acredita Fagner.

O compositor lamenta parte do público desmerecer toda a trajetória artística de um músico por discordar de sua opinião política. “Sempre me posicionei, sempre tive e expus minha opinião. Inclusive, já fui amigo do Lula. Esse engajamento foi importante para eu construir outras ferramentas como cidadão”, diz. “Infelizmente, nos últimos tempos, todo artista que se posicionou politicamente se deu mal”, completa.

Para o compositor, a divisão do povo entre direita e esquerda tem de acabar. “O momento é de baixar essa bola de polarização, o desgaste foi tanto que está na hora de estancar essa sangria,”, ressaltou, conscientemente ou não repetindo o trecho do famoso áudio vazado entre Romero Jucá e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, ambos investigados pela Lava Jato. “Os artistas também devem sair de cena e deixar os políticos se organizarem”, conclui.

Fagner e Zeca Baleiro “Juntos”
Neste sábado (5/5), a partir das 21h, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães (Eixo Monumental). Os ingressos variam de R$ 100 (poltrona superior) a R$ 250 (poltrona VIP). Valores referentes a meias-entradas e sujeitos a alterações sem aviso prévio. Informações pelo telefone: (61) 3364-2694. Evento não recomendado para menores de 14 anos

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