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Samba Urgente: descubra jovens que estão modernizando o ritmo no DF

A roda busca cada vez mais pluralizar o espaço do gênero musical e atrai público de 7 mil pessoas ao Setor Comercial Sul

atualizado

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Júlia Bandeira/Especial para o Metrópoles
Brasilia(DF), 21/03/2019, Samba Urgente Local: Setor Comercial Sul , Julia Bandeira / Especial para o Metrópoles
1 de 1 Brasilia(DF), 21/03/2019, Samba Urgente Local: Setor Comercial Sul , Julia Bandeira / Especial para o Metrópoles - Foto: Júlia Bandeira/Especial para o Metrópoles

O Samba Urgente se descreve como uma roda de samba completamente informal, “como se fosse no quintal de casa”. Essa premissa descompromissada pode ser vista nas rodas de samba gratuitas, que ocorrem no Setor Comercial Sul e atraem, mensalmente, 7 mil pessoas por festa. Formado por Augusto Berto (percussão), Pedro Berto (cavaquinho), Vinicius Vianna (violão), Toscanino Batista (Zabumba), Arthur Nobre (Cavaquinho), Saulo Veríssimo (percussão), Victor Angeleas (bandolim), Márcio Marinho (cavaquinho) e Rafael Pops (DJ), o grupo decidiu tocar um projeto iniciado há mais de 10 anos em aulas do Clube do Choro.

De lá para cá, os rapazes viraram atração no cenário musical da cidade. Com muita irreverência, adotam repertório que transita do samba clássico ao pagode de grupos como Molejo, Só Pra Contrariar e Raça Negra. Ao som de Pimpolho ou Identidade, os sete amigos divertem a galera e colaboram no projeto de ocupação cultural do SCS.

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Os sambistas, em poucos momentos, conseguem reunir grupo de pessoas para dançar e cantar

 

O primeiro show do Samba Urgente aconteceu em fevereiro de 2018, numa sexta-feira de Carnaval. Para viabilizar a apresentação gratuita, frequentada majoritariamente por amigos, cada integrante tirou do próprio bolso a grana destinada a pagar os custos da festa. “Ninguém conhecia a gente, por isso nem cogitamos cobrar ingresso. Quem seria o dono de algum espaço que com um grupo completamente desconhecido iria topar um show de graça?”, lembra Augusto Berto.

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De porta em porta, o grupo foi tentando achar um local. Depois de muitos “nãos”, conseguiram um espaço no Clube Recreativo e Esportivo dos Subtenentes e Sargentos da PMDF (Cresspom). A festa deu certo e o público lotou o salão ao som de muito samba e pagode, com direito a coro da plateia. Desde então, o projeto tem crescido e fixou residência no Canteiro Central, aos sábados, sempre sem cobrar entrada.

Divulgação com respeito
A banda atribui o sucesso rápido às divulgações nas redes sociais. Tarefa de Augusto Berto, a promoção dos shows são feitas pensando na diversidade. Apesar der composto apenas por homens brancos, eles buscam sempre enfatizar o discurso da diversidade sexual e racial nos eventos.

“Na divulgação dos eventos, uma coisa que a gente sempre toma muito cuidado é de não usar as imagens de mulheres como um chamariz para o evento. Tentamos, da nossa forma, quebrar esse ultrapassado estereótipo”, aponta Augusto. “A gente não faz isso nas nossas redes justamente para mostrar que o nosso evento é um espaço plural”, completa.

No último dia 9 de março, em celebração ao Dia Internacional das Mulheres, eles abriram o palco para o grupo Mulheres de Samba, que dominaram o horário nobre do evento e agitaram o público. O Samba Urgente planeja, ainda, outras apresentações em homenagem a mulheres sambistas. Nessa área, a capital conta com nomes como Dhi Ribeiro, Renata Jambeiro e o grupo Saia Bamba.

Augusto reforça que a diversidade também aborda outras esferas da sexualidade. “A gente bate muito na nossa comunicação do nosso espaço ser um espaço livre de homofobia, transfobia, de qualquer tipo de assédio”, diz o jovem.

“Nossa equipe de segurança, contratada pelo Canteiro Central, é treinada a reconhecer e atuar rapidamente em caso de assédio, inclusive retirando o agressor da festa”, alerta Augusto.

Origem do nome
A urgência é um elemento essencial na formação da banda. Conciliar a agenda dos sete integrantes é, até hoje, uma tarefa complicada. Por isso, tudo acabava acontecendo de uma maneira bastante acelerada. “Uns dias antes do evento, a gente começava a correr para se preparar. Sempre brincávamos que era um samba urgente. Não tinha uma data fixa para acontecer, era espontâneo”, lembra Augusto.

O “improviso”, porém, não era um problema: juntos há quase uma década, os músicos se reconhecem no olhar. O entrosamento, inclusive, está presente na escolha do repertório. A depender da vibe do público, eles mudam o setlist e fazem alterações enquanto se apresentam.

Antes de reunir milhares de pessoas no SCS, o Samba Urgente fazia apresentações mais enxutos em bares e eventos da cidade. Aproveitando o movimento em locais públicos, eles se juntavam em pequenas aglomerações, como o bombado Chef nos Eixos, e começavam a cantar. A música atraia as pessoas, que iam se juntado a roda e entoando canções clássicas do mais brasileiro dos ritmos.

O Samba Urgente confirma que, em abril, os brasilienses poderão curtir mais uma edição. A data ainda está sendo negociada por conta de atrações e autorizações. Ficou curioso? Basta seguir o grupo nas redes sociais.

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