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Jukebox Sentimental: veja a história da música de “Deus Salve o Rei”

“Scarborough Fair” é uma das melhores músicas da dupla Simon & Garfunkel

atualizado

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Artur Meninea/Globo
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1 de 1 amalia-am - Foto: Artur Meninea/Globo

Primeira novela medieval Global, com estreia marcada para esta terça-feira (9/1), “Deus Salve o Rei” tem chamado atenção pela produção de requinte, sobretudo, pela direção de arte com belos figurinos e cenários. A trilha sonora será outro destaque no folhetim, que conta com tema de abertura exultante, ao som da balada folk “Scarborough Fair”, interpretada pela cantora norueguesa Aurora. A artista, aliás, até gravou um clipe no Brasil, devidamente caracterizada.

https://www.youtube.com/watch?v=I_iT3Ku0ImM

Mas pode contar nos dedos de uma das mãos as matérias que fizeram referência à versão da faixa feita pela dupla Simon & Garfunkel (1966). Gravada no terceiro álbum do duo, “Parsey, Sage, Rosemary & Thyme”, a música é um convite à época dos menestréis, lendas folclóricas, contos de amores idílicos. Tudo a ver com o affair medieval vivido entre a plebeia Amália (Marina Ruy Barbosa) e o príncipe herdeiro do reino de Montemor, Afonso (Rômulo Estrela).

Canção tradicional do folclore inglês, o título “Scarborough Fair” remete à famosa feira da Idade Média localizada no condado de North Yorkshire, na costa do Mar do Norte. Rota de comércio e encontros, o lugar é tema dessa música que, cheia de simbologias, entrelaça mensagens enigmáticas de um cavaleiro saudosista com as narrativas de suas aventuras de homem do campo feudal e soldado.

“Você está indo à feira de Scarborough?/Salsa, erva-doce, alecrim e tomilho/Me faz lembrar alguém que vive lá/Houve um tempo que ela foi meu verdadeiro amor”, diz o primeiro verso da letra, sobrepujado por segunda voz hipnótica e lírica. Em seguida, surgem os versos: “Um soldado limpa e pule uma arma/A guerra ruge ardente/Em batalhões escarlates”, em imagens e alegorias que faria um Renato Russo da fase do disco “V”, da Legião Urbana, se deleitar de prazer.

Menestréis modernos
Você até pode se deixar deslumbrar com a versão sem graça, fake, meio que forçada, da cantora teen Aurora, que é um sundae de simpatia e beleza. Porém, vale dar atenção às outras muitas interpretações desse conto medieval sublime. De Sérgio Mendes a Marianne Faithfull, diversos artistas cantaram “Scarborough”,  mas a clássica performance da dupla, Paul Simon & Art Garfunkel, é imbatível. É só conferir…

Embora os primeiros registros “modernos” da canção datem de meados dos anos 1950, só em 1965 que Paul Simon aprendeu a música em Londres, após uma temporada beatnik na ilha entre artistas folks. O cantor inglês Martin Carthy – ídolo do bardo Bob Dylan, e Simon –, gravou a faixa no seu álbum de estreia e ensinou ao colega os acordes da canção.

Inspiração para registros pop modernos como a balada “Elizabeth My Dear”, dos britânicos dos Stone Roses – os pais do britpop? –, “Scarborough Fair” foi também um dos destaques da trilha sonora do polêmico “A Primeira Noite de Um Homem”, filme de 1968 protagonizado por um Dustin Hoffman quase virgem nas telonas.

Destaque na programação do Cine Brasília, a ousada fita do vencedor do Oscar de Melhor Diretor Mike Nichols, ainda contava com outras pérolas desses modernos menestréis do pop/rock. Uma delas, o primeiro grande sucesso da dupla “The Sound Of Silence”, escrita por Simon após o assassinado do presidente Kennedy, em 1963.

“E na luz nua eu vi/Dez mil pessoas, talvez mais/Pessoas falando sem dizer/Pessoas ouvindo sem escutar/Pessoas escrevendo canções/Que vozes jamais compartilharam/E ninguém ousava/Perturbar o som do silêncio”, canta a dupla.

Mais atual impossível…

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