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Ícone do samba, Zé Katimba vem à cidade para cantar com o Adora-Roda

Ao “Metrópoles” o sambista, que se apresenta terça (22) no Outro Calaf, recorda as histórias da difícil vida de paraibano que foi tentar a sorte no Rio, nos anos 1940

atualizado

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sambista Zé Katimba
1 de 1 sambista Zé Katimba - Foto: Divulgação

Paraibano de Guarabira, José Inácio dos Santos tinha 10 anos de idade quando a família se mudou para o Rio de Janeiro, indo morar no Morro do Adeus, bairro de Ramos, Zona Norte da cidade. “Lembro que fiquei assustado quando ouvi o nome do Largo da Batalha (bairro de Niterói) pela primeira vez. Mas logo depois descobri que o local tinha esse nome por causa das batalhas de confete no carnaval. Foi uma feliz coincidência”, ele conta.

Nas peladas de futebol do morro, José Inácio ganhou o apelido de Zé Katimba. Não demorou para se envolver com os sambistas cariocas. Tanto que aos 16 anos já estava participando da fundação da Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense.

De lá para cá, Katimba se firmou como compositor de sambas-enredo da escola e fez parcerias com nomes como Martinho da Vila, João Nogueira e Noca da Portela. “Bandeira da Fé” (que compôs com Martinho) e “Do Jeito que o Rei Mandou” (com Nogueira) estarão no repertório que ele vai apresentar na noite de terça (22/3) no Outro Calaf, onde estará como convidado especial da roda de samba do Adora-Roda.

No show, ele também vai cantar “Martin Cererê”, tema da novela “Bandeira Dois”, escrita por Dias Gomes e exibida entre 1971 e 1972. Além de o disco com a música ter sido um sucesso de vendas (700 mil cópias), o folhetim fez história na vida de Katimba por outro motivo: o sambista virou personagem por meio da interpretação do inesquecível Grande Otelo.

De Guarabira para o Rio de Janeiro
Na manga, Zé Katimba traz, além de preciosos sambas, muitas histórias. A pobreza fez com o que ele tivesse uma vida cigana. Depois de morar nos Morros da Formiga e São Carlos, ele chegou a Bonsucesso. Lá, ele teve contato com outros sambistas que, juntos, ajudaram a fundar o Grêmio Recreativo Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense.

Era tudo muito difícil. Eu e meus pais viemos para o Rio clandestinamente no navio, que atracou na Praça Mauá. Não tinha essa de sonhar: ‘O que você quer ser quando crescer?’. Era uma família miserável. Quando alcancei o patamar da pobreza, comemorei muito. Saí da Paraíba fugindo da sede e da fome

Zé Katimba, cantor e compositor

Mas o sofrimento no Rio de Janeiro também era terrível. “Tudo o que não prestava ou não dava certo, era coisa de ‘paraíba’. Agora imagina eu, pobre, negro e paraibano. Foi muito difícil. Mas tenho a Deus, uma luz que me guia até hoje”, declara o compositor.

A saga de Katimba é digna de filme. Depois de ajudar a fundar a escola de samba, foi passista, mestre-sala, presidente da ala de compositores e presidente da agremiação. “Quando percebi que só me colocavam em trabalhos pesados, braçais, decidi que iria crescer dentro na Imperatriz. Passei por todos os setores e fiz uma história ímpar”, diz.

Samba-enredo inovador
Em 1971, ele deixou seu nome na história da música brasileira, mais uma vez. O samba-enredo “Barra de Ouro, Barra de Rio, Barra de Saia” (feito em parceria com Niltinho Tristeza) inovou ao ter apenas 18 linhas, quando na época, ainda era costume fazer sambas longos, de 30 a 50 linhas. A música também tem relevância por ter evitado a ida da Imperatriz Leopoldinense para o Grupo de Acesso: ela ganhou nota 10 de todos os jurados e garantiu o sétimo lugar na agremiação.

Por essa mesma época, quando o radialista Adelzon Alves apresentou Zé Katimba a João Nogueira. A dupla se deu bem logo de cara. Assim, os dois compuseram o samba divisor de águas na carreira de João, “Do Jeito que o Rei Mandou”.

“Beth Carvalho ainda estava no início da carreira, quando, um dia, fomos vê-la num ensaio. Cantávamos a música, quando ela ouviu e sugeriu o trecho: ‘Meu bloco vem bem, descendo a cidade’. Alteramos a letra e João levou para a gravadora. Foi um sucesso. E dali em diante a carreira dele nunca mais foi a mesma”, recorda..

Dia 22/3, às 22h, no Outro Calaf (Setor Bancário Sul, Quadra 2, Bloco Q, Ed. João Saad; 3322-9581). Ingressos a R$ 20 (antecipados). Não recomendado para menores de 18 anos.

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