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Aulas virtuais de música bombam na quarentena: conheça professores do DF

O interesse por aprender a tocar instrumentos aumentou entre os brasilienses. Artistas aproveitam para ter nova fonte de renda

atualizado

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Igo Estrela/Metrópoles
Fred Magalhães, diretor do Patubatê
1 de 1 Fred Magalhães, diretor do Patubatê - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Quebrar o silêncio e a solidão da quarentena. A música tem sido um dos refúgios mais procurados pelos brasileiros durante a pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Mais que lives ou lançamentos nas plataformas de streaming, a busca por aprender um novo instrumento em aulas virtuais também cresceu e tem ajudado os artistas a gerarem renda e a aliviarem a crise financeira enquanto as casas de shows não voltam a funcionar.

Dados do Google Trends, ferramenta que mostra os termos mais populares na internet, apontam o crescimento do interesse por aulas de música on-line. No GetNinjas, aplicativo de contratação de serviço, registrou aumento de 30% pela procura do serviço.

Fred Magalhães, diretor do Patubatê
Para quem não tem instrumentos, Fred Magalhães ensina a fazer percussão com objetos da própria casa, como panelas, baldes e copos

Instrumentistas do Distrito Federal estão aproveitando o interesse do público para encontrar mais uma fonte de rende, principalmente no momento em que apresentações e shows estão suspensos. “Além dos alunos do bloco, que se adaptaram bem ao novo formato, conquistamos novas turmas, seja para aulas particulares, em dupla ou grupos de quatro pessoas”, ressalta Fred Magalhães, músico e diretor geral do grupo de percussão Patubatê.

Nas aulas as pessoas aprendem desde a leitura de partituras até a prática dos instrumentos. “Também produzo vídeos educativos para eles treinarem em casa”, ressalta Fred, que construiu um estúdio de gravação dentro de casa. Segundo o música, os cursos têm sido quase como uma sessão de terapia. “A gente brinca, bate um papo, para quem não tem instrumento, eu ensino a fazer percussão com os objetos de casa mesmo, como panelas, copos, cortinas, baldes”, conta Fred.

O formato deu tão certo que o diretor decidiu lançar o curso on-line de percussão do Patubatê. “É claro que nada substitui as oficinas presenciais, mas o futuro é esse. Já estamos produzindo vídeos especiais para o nosso canal do YouTube também”, completa o percussionista. Os interessados podem entrar em contato através das redes sociais do grupo no Instagram e Facebook.

Junior Ferreira
O sanfoneiro Junior Ferreira tem ensinado seus segredos on-line
Segredos da sanfona

Estevão Ferreira da Silva Junior, 38 anos, mais conhecido como Junior Ferreira na cena musical brasiliense, já dava cursos de diversos instrumentos muito antes de sair de Santa Luzia, na Bahia, e vir parar na capital federal, há 13 anos. “Na vida do músico está tudo interligado né? A gente produz nossos trabalhos, participamos de álbuns de outros artistas, mas a aula está sempre ali presente”, diz o sanfoneiro, que foi professor da Escola de Música de Brasília.

“Com a pandemia as aulas on-line se tornaram o foco. A gente também vai trabalhando para se adaptar ao estilo de cada aluno, já que tenho alunos de 20 anos até a melhor idade”, reflete Junior Ferreira. Para o músico, o isolamento social tem despertado nas pessoas o desejo de realizar projetos adormecidos, muitas vezes adiados por falta de tempo.

“Quem nunca teve vontade de aprender a tocar um instrumento? Sem contar que a arte tem sido uma importante ferramenta para a saúde mental das pessoas durante o isolamento social”, explica. Veja como aderir ao curso:

Violão e choro

Acostumada as aulas presenciais de violão que ministrava, até a pandemia, na Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello, Juçara Dantas, 27 anos, também precisou se reinventar. “Eu já tinha a vontade de dar aulas on-line, sempre recebi pedidos de pessoas de outros estados”, garante a violonista, moradora de Brasília há quatro anos.

Com o empurrãozinho da crise e o cancelamento dos shows que apresentava com o grupo Choro da Resistência, as turmas virtuais se tornaram a principal fonte de renda da instrumentista. “Não tive prejuízos pois não perdi meus alunos antigos e ainda consegui alguns novos”, comemora.

De acordo com Juçara, as aulas on-line vieram para ficar. “Pretendo continuar, pois consigo atender mais pessoas à distância. A principal vantagem é que não necessita do deslocamento. Então isso facilita para quem não podia fazer as aulas por falta de tempo”, completa. Interessados podem entrar em contato pela rede social da artista.

O músico, cantor, compositor e produtor musical Alberto Salgado também é professor de violão. Com os show cancelados, o ensino a distância se tornou sua única fonte de renda. “No começo houve estranhamento, não só por parte dos alunos, mas da minha também. Aos poucos fomos juntos entendendo a dinâmica das aulas on-line e hoje estamos adaptados”, considera.

Segundo Alberto, a maioria já sinalizou a preferência por continuar os estudos on-line, mesmo quando voltar ao normal. “Assim também aliviamos o trânsito e economizamos com gasolina”, explica o violonista morador de Sobradinho.

Alberto também tem dedicado boa parte do tempo à composição e produção de vídeos. Uma das canções recentes do artista, Cura fala sobre o amor como remédio para o coronavírus. O videoclipe foi gravado com a participações de vários instrumentistas, cada um em suas casas. Interessados podem entrar em contato com o artista pelas redes sociais.

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