Projeto Leia Mulheres homenageia duas escritoras de Brasília
Nesta quinta (14/4), o público terá a chance de debater os livros “Mariposa: Asas que Mudaram a Direção do Vento”, de Patrícia Baikal, e “Porque Até a Morte Terei Fome”, de Patrícia Colmenero
atualizado
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Uma vez por mês, o projeto Leia Mulheres debate a obra de uma escritora brasileira ou estrangeira. Já passaram pela roda de debates livros de Jane Austen (“Orgulho e Preconceito”), Adeline Yen Mah (“Cinderela Chinesa”) e Chimamanda Ngozi Adichie (“Hibisco Roxo”), entre outras. Neste mês, em homenagem ao aniversário de Brasília, o evento prestigia a literatura local e discute publicações de duas escritoras que vivem na cidade: “Mariposa: Asas que Mudaram a Direção do Vento”, de Patrícia Baikal, e “Porque Até a Morte Terei Fome”, de Patrícia Colmenero.
Apesar de ter sido escrito em 2013, “Mariposa” traz um tema (sempre) atual: política. “É a história do senador fictício Nicolas, ameaçado por denunciar esquemas de corrupção. Em um certo momento, surge uma mulher muito importante na trajetória dele, cujo codinome batiza o livro. É ela quem vai ajudá-lo a desvendar os crimes no senado”, explica Patrícia Baikal.
Reedição ilustrada
Lançada em março do ano passado, a obra ganhou nova edição em março de 2016, desta vez, com as ilustrações da brasiliense Fabiana Rezende. “Pelos desenhos dela, passamos por pontos marcantes de Brasília e cenários da trama do livro, como o Palácio da Alvorada, o Memorial JK e o Parque da Cidade”, conta.
Nascida em Campo Grande (MS), Baikal foi para Urbelândia (MG) ainda bebê. Há 10 anos, ela se mudou para Brasília. Hoje, aos 34 anos, a servidora pública comanda o blog Palavras de Bandeja e prepara o próximo livro.
“Até maio termino meu novo trabalho, que tem como tema as memórias femininas transgeracionais. Falo sobre os ensinamentos que passam de avós para mães e filhas e também sobre o machismo”, adianta. Há inspirações da minha própria família e da minha infância em Minas Gerais, porém misturo esses elementos com ficção e com realismo fantástico, vertente que gosto muito”.
Metalinguagem literária
“Porque Até a Morte Terei Fome”, de Patrícia Colmenero, nasceu em 2012, quando ela ainda era estudante de Letras na Universidade de Brasília (UnB).
“Foi uma obra de resistência. No primeiro dia de aula do curso, tomei um banho de água fria quando um professor disse: Se você está neste curso porque quer ser escritor, está no lugar errado’. Realmente, naquela época, em 2004, eles não estimulavam a literatura”, lembra a autora brasiliense de 29 anos.
O livro narra a vida de uma escritora que não consegue concluir sua obra. A trama começa com o fim do relacionamento da protagonista com o namorado. Páginas adiante, o leitor descobre que esse ex-namorado também é ex-chefe dela. “O nome da personagem só surge nas últimas páginas para mostrar como ela estava perdida, a ponto de não encontrar as próprias palavras e perder o próprio nome”, explica Colmenero.
‘Porque Até a Morte Terei Fome’ tem muito a ver com o projeto Leia Mulheres, pois também aborda os vários não-lugares que as mulheres ocupam na sociedade.
Patrícia Colmenero, escritora
As influências literárias de Colmenero são nítidas no livro, que tem fragmentos de obras de outros autores, como trechos de poemas de Martha Medeiros e do conto “Amor”, de Clarice Lispector.
Além do romance-tese com histórias de mulheres da própria família – resultado do doutorado no departamento de comunicação da UnB –, Colmenero tem um novo romance pronto.
Em “Mirta”, a escritora conta a história da protagonista, que vê a vida ser transformada numa noite de ano-novo. “A pedido do marido, ela sai para comprar um vinho. Na volta, ela o encontra enforcado”, adianta. A partir daí, a autora mostra as dificuldades que o marido tinha em entender Mirta e discorre sobre o luto. “Solidão também é um tema muito importante para mim”.
Dia 14/4, às 19h30, no Auditório da Livraria Cultura (CasaPark, SGCV Sul, Lote 22, Piso 2, Loja 4; 3410-4033). Mediação: Mariana de Ávila e Patrícia Rodrigues. Entrada franca. Classificação indicativa livre.