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O Fabuloso Zé Rodrix: livro narra trajetória do versátil músico

Lançado na Casa Thomas Jefferson, a obra do jornalista Toninho Vaz fala sobre o artista multifacetado

atualizado

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Zé Rodrix
1 de 1 Zé Rodrix - Foto: null

Era tempo de estreia de Milton Nascimento no Teatro Opinião, início dos anos 1970, Rio de Janeiro. Acompanhava o artista, a superbanda psicodélica Som Imaginário, de Wagner Tiso, Zé Rodrix, Tavito e outros. Uma noite, a turma resolve dar uma esticada no Bar Lagoa, point das celebridades da Zona Sul Carioca. Numa das mesas, cercado de cintilantes moças, um então conhecido apresentador de TV que vivia pichando o grupo, agora no auge, se levanta e surta.

“José Rodrigues Trindade, meu grande amigo, o que há de novo?”, pavoneia a estrela das telinhas. Sem se abalar, Zé Rodrix lhe devolve com ar de desdém. “O que há de novo, que eu saiba, é a nossa amizade; não lhe conheço”, esnoba, saindo pela tangente.

“Virou lenda urbana, mas é pura verdade. Eu estava lá e vi”, lembra hoje Tavito, no livro O Fabuloso Zé Rodrix, que será lançado nesta quarta-feira (18/4), às 18h30, na Casa Thomas Jefferson. Escrito pelo jornalista Toninho Vaz, a obra passeia pela trajetória desse artista multifacetado. A publicação surgiu de uma conversa informal do autor com o músico Guarabyra, em 2014. Dois anos e cerca de setenta entrevistas depois, eis o resultado.

Reprodução

 

“Minha expectativa é justamente essa: resgatar a trajetória de um grande artista, com talentos múltiplos. [Ele] tocava todos os instrumentos, de corda, sopro e teclado, era um arranjador conceituado entre os músicos e tinha formação acadêmica em regência”, conta um entusiasmado Toninho ao Metrópoles – o escritor também biografou os poetas Paulo Leminski e Torquato Neto.

O título do livro faz alusão ao estilo fabulista do biografado, que de tão hiperbólico em suas narrativas, era conhecido entre amigos como um mitômano inveterado. “Não mentia para prejudicar as pessoas. A realidade era pouco para ele. Rodrix sentia necessidade de deixar tudo mais glamouroso, dramático…”, explicou Guarabyra a Vaz naquela conversa de bar.

Junta-se ao lançamento do livro, o documentário homônimo dirigido por Leonardo Cortês. Com quase 90 minutos de duração, o filme, produção brasiliense da Caravela Filmes, traz depoimentos de familiares, amigos e artistas que trabalharam com Zé Rodrix, como Ney Matogrosso, Moacyr Franco, Bibi Ferreira e Cláudia Raia.

Rock rurais e maçonaria
Não é exagero. Zé Rodrix, falecido há quase 10 anos, era plural. Um de seus grandes talentos era o de compositor. É dele, por exemplo, em parceria com Tavito, a célebre Casa no Campo, imortalizada na voz da eterna Elis Regina.

Nos anos 1970, aliás, depois de virar uma das forças do rock progressivo brasileiro com o grupo Som Imaginário, o artista dá uma guinada de 180º na carreira musical ao fazer parte do trio Sá, Rodrix e Guarabyra e o movimento rock rural – mistura de folk com nossas influências regionalistas e tropicalistas. São dessa fase os sucessos Me Faça Um Favor, Hoje É Dia de Rock e Mestre Jonas.

“O rock rural era um enfrentamento pelos jovens de um mundo automatizado e tecnológico. Entre a MPB e o som tecnológico, estava sendo criada e definida uma vertente naturalista como a própria geração hippie se posicionava”, avalia o jornalista e biógrafo Toninho Vaz.

Produtor e arranjador de mão cheia, Zé Rodrix participou de gravações fundamentais marcantes. É dele o teclado moog da canção Fala, dos Secos & Molhados. Versátil, também brilhou na publicidade, abiscoitando vários prêmios nacionais e internacionais, com jingles criados para o McDonald’s e a Chevrolet, a exemplo do famoso comercial do Opala nos anos 1980.

O Fabuloso Zé Rodrix
De Toninho Vaz. Editora Olhares. 324 páginas. Preço: R$ 68

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