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Jornalista reimagina luta armada contra ditadura em estreia na ficção

Maurício Corrêa lança o livro Há um Débito em seu Nome, que está sendo vendido em e-book e versão física de forma on-line

atualizado

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Divulgação
Livro Há um Débito em seu Nome
1 de 1 Livro Há um Débito em seu Nome - Foto: Divulgação

Ficção, romance político, com viés policial, e usando como gancho uma das épocas mais conturbadas da história brasileira. O livro Há um Débito em seu Nome, escrito pelo jornalista Maurício Corrêa, e lançado pela editora mineira Ramalhete, é ambientado no início dos anos 1970 e relata a desigualdade da luta armada contra a ditadura militar no Brasil (1964-1985).

Ao Metrópoles, Corrêa contou que demorou oito meses para escrever o livro e, boa parte dele, faz menção à pesquisas históricas coletadas pelo escritor. “[A obra] não pode ser vista como uma tese acadêmica. É uma ficção, na qual incorporo situações que percebi de perto, outras que eu achei que poderia avançar um pouco mais no campo da criação”.

O escritor usou de suas próprias lembranças para trabalhar a narrativa. “Foi um período em que eu vivi, já tenho quase 70 anos. Embora eu não tenha presenciado objetivamente todas essas situações, várias delas eu acompanhei de perto”, explica.

“Estava remoendo essa ideia [de escrever o livro] há vários anos, mas sempre fugi um pouco disso. Até que um tempo atrás, achei que já estava maduro para escrever algo sobre a luta armada e resolvi partir para essa experiência literária”, explica Maurício Corrêa. Há um Débito em seu Nome é o romance de estreia do jornalista, que é responsável por um site focado no setor de energia.

Jornalista Maurício Corrêa
Jornalista e escritor Maurício Corrêa

Há um Débito em seu Nome foi lançado em 14 de março, mas, por conta da pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, as estreias presenciais do livro precisaram ser interrompidas após o fechamento de espaços públicos para evitar aglomerações. Agora, tanto as vendas em e-book como de exemplares físicos podem ser realizadas de forma on-line (para comprar, clique aqui).

Sobre o nome da obra, Maurício Corrêa citou um trecho específico que, segundo ele, ficou em sua cabeça durante todo o processo da obra: “Em uma determinada parte do livro, um guerrilheiro se entrega para a polícia, o que era uma coisa rara. Mas ele leva um ‘cacete’ e vai ser torturado. O chefe do interrogatório, então, diz: ‘É, meu chapa, estou vendo que você tem um prontuário de dar inveja, então você sabe que há um débito em seu nome. Chegou a hora de pagar a conta’”.

O jornalista define a repressão da ditadura brasileira como “uma guerra desigual”. “Um verdadeiro vale-tudo, às vezes movido por corrupção ou por ideologia, mas, também, motivado pelo simples dever funcional de derrotar um pequeno grupo, sem base popular, que pretendia implantar o socialismo na base do tiro”. Para Corrêa, é preciso entender esse período do Brasil “Deve ser compreendido como uma lição da história, pois os melhores de toda uma geração morreram em nome de um ideal, sem saber às vezes o verdadeiro jogo que estava sendo jogado”, avalia.

Continuação da trilogia

A saga da luta armada brasileira aos olhos de Maurício Corrêa não termina em Há um Débito em seu Nome. Até o final deste ano, o escritor pretende lançar mais dois livros para completar a trilogia.

“O segundo chama-se O Militante Tem Medo e o terceiro, Sob as Estrelas de Alto Paraíso. São histórias independentes, que têm em comum alguns personagens e também o mesmo contexto histórico. São pessoas que entraram na luta armada, depois saíram, outros se tornaram exotéricos”, relata o escritor.

Maurício Corrêa ainda afirmou que, em um cenário pós-pandemia, pretende dar continuidade aos lançamentos presenciais. Ele garantiu que há possibilidade de relançar o primeiro livro em parceria com as próximas obras.

“Esse negócio da luta armada com a ditadura é um assunto polêmico, que, se tiver 10 pessoas discutindo em uma sala, cada um terá uma opinião. Mas é importante ressaltar que o livro é crítico sobre o ponto de vista de uma ficção”, finaliza o escritor.

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