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Galeria Cumaru abre com proposta de mudar a imagem de Brasília

Novo espaço da cidade conta com obras de 13 artistas à venda e usa a arquitetura para aproximar público e arte

atualizado

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JP Rodrigues/Especial para o Metrópoles
Galeria Cumaru
1 de 1 Galeria Cumaru - Foto: JP Rodrigues/Especial para o Metrópoles

Brasília tem um novo espaço para apreciação e venda de obras de arte contemporânea: a Galeria Cumaru abriu as portas nessa quarta-feira (25/4), na QI 5 do Lago Sul. A mostra conta com uma seleção de obras de 13 artistas, sendo um deles venezuelano. Entre os brasileiros, alguns brasilienses, como Indira Dominici e David Almeida.

A dentista Simone Carrara sonhava há tempos em ter uma iniciativa voltada para a arte, mas a carreira sempre tomou todo o seu tempo. No começo de 2018, ao tentar estimular o afilhado, o designer Diego Cattani, a levar cultura para a capital, ela se viu envolvida no projeto da galeria.

“As pessoas acham que só a arte de fora presta: fora do Distrito Federal, fora do Brasil. Temos de nos descolonizar. A maioria do nosso talento local vai embora, isso é muito preocupante. Cidade sem artista não critica, não tem ruptura, e talvez Brasília precise disso mais que as outras”, comenta.

Segundo Cattani, a montagem da primeira mostra foi fundamentada em três pilares relacionados com a cidade: o primeiro, a homenagem ao concreto do Planalto Central; depois, as formas geométricas de Brasília; por fim, o aspecto espiritual da capital. “É um olhar de homenagem. Acredito que a espiritualidade tem muito a ver com isso aqui, ainda mais tendo em vista a Chapada dos Veadeiros e a figura do João de Deus”, defende.

David Almeida é brasiliense, nascido e criado no Guará, e atualmente vive em São Paulo. Cattani havia se apaixonado por um quadro que o artista pintou, retratando a comercial da 205/206 Norte, e o instigou a fazer uma série especialmente para a mostra. “É uma quadra meio pária da cidade. Em São Paulo, esse percurso da deriva me puxou. Existe ali uma paisagem calcada na passagem do tempo. Não é uma obra de denúncia do abandono, mas sobre a fantasmagoria daquele lugar”, explica o artista.

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No espaço, duas obras do paulista Lucas Simões chamam bastante atenção. A série, denominada Abismo, consiste em peças de concreto que se encontram e prendem tiras de papel. Nada da escultura está de fato soldado, são pedaços que se encaixam e formam uma perigosa tensão. “Fiz isso pensando nas mudanças sofridas por um edifício com a passagem do tempo. É um equilíbrio muito frágil, as funções de uma construção vão mudando. Mantém-se ali a vida passada pelas paredes. O papel, o elo mais fraco, garante o equilíbrio”, comenta o escultor, arquiteto de formação.

Em sua segunda visita à capital federal, o artista plástico Hugo Frasa acha tudo aqui “uma loucura”. Ele mesmo define sua arte como um pouco neurótica: traços e formas meticulosamente desenhados, em uma obsessão pela geometria. “Sempre fui muito apaixonado por formas geométricas, porque nunca fui bom em desenho. Eu nem sei explicar o motivo desses desenhos, é muito instintivo, se relaciona com a minha alma. Arte nem sempre precisa ter significado. Se você explica demais, perde o sentido”, garante.

A Cumaru estará aberta ao público no sábado (28/4), das 14h às 17h. Depois, passará a funcionar às terças-feiras nesse mesmo horário ou mediante agendamento prévio. A galeria fica na QI 5, Conjunto 8, Casa 3, no Lago Sul.

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