metropoles.com

Drag queens do DF se reinventam em meio a desafios por mais espaço

Artistas ganharam espaço no audiovisual, mas enfrentam desafios em busca de espaço e reconhecimento

atualizado

Compartilhar notícia

Reprodução/Instagram/ Bruno Cavancanti
Drag Queen Naomi Leakes com globo de espelho na mão - Metrópoles
1 de 1 Drag Queen Naomi Leakes com globo de espelho na mão - Metrópoles - Foto: Reprodução/Instagram/ Bruno Cavancanti

Visuais coloridos, looks exuberantes e performances de tirar o fôlego! Quem já viu uma drag queen em cena sabe que esses elementos raramente são negligenciados por elas, embora o movimento tenha muitas outras características marcantes, como a capacidade de se reinventar. Primeiro palco de muitas artistas que brilham no cenário nacional, Brasília ainda impõe desafios à cena — que não desanima e segue lançando estrelas.

Reality show com mais Emmys da história, RuPaul’s Drag Race ajudou a popularizar esse universo no mundo. Em 2023, a atração ganhou uma versão brasileira, exibida no Paramount +, no embalo de programas similares, como Queen Stars e Queen Of The Universe — a maioria com uma representante brasiliense no cast.

“Ter um Drag Race Brasil deixou o nosso coração quentinho pedindo por outro. Tivemos a Rubi Ocean que é aqui do DF representando e queremos ver todas as outras lá também”, destaca Nana Antun, responsável por produzir um eventos mais badalados da cena na cidade: a WoW!.

A festa ficou famosa ao trazer as estrelas internacionais de RuPaul’s Drag Race para se apresentar no mesmo palco dos talentos brasilienses e hoje vê pratas da casa tornando-se conhecidas mundialmente.

0

“Acredito que Brasília é uma das maiores potências em relação a arte. A gente como produtora quer é juntar todo mundo e mostrar pro universo o quão bonita ela é. As pessoas precisam entender que ser artista independente é muito difícil e a gente precisa de um giro financeiro pra poder manter. Além de estabilidades mental e emocional. Mas eu acredito demais nas minhas e na nossa família”, frisa a realizadora cultural, que diz ser chamada de “mãe” por muitas artistas locais.

O protesto de Nana por espaço e reconhecimento é válido.  Em julho deste ano, a Victoria Haus, uma dos espaços LGBTQIA+ mais e tradicionais do DF, fechou as portas definitivamente após 12 anos de existência. A notícia, é claro, entristeceu produtores e artistas, mas não paralisou o movimento. “Antes de a Vic fechar já existiam espaços também fomentando a arte drag como o Velvet, Birosca no Conic e o Vale, no Pólo de Modas do Guará 2”, cita.

Espetáculo midiático

Buscar novas residências ou aproveitar a exposição que a TV pode trazer não são as únicas alternativas encontradas pelas queens brasilieses. “Durante e pós-pandemia vários locais que fomentaram arte drag de alguma forma, fecharam por suas razões, mas lembro da frase ‘a única constante é a mudança’. E, diante isso, nos resta buscar novos espaços e possibilidades pra continuar entretendo, isso que mantém a arte viva”, reflete Naomi Leakes, persona de Victor Ruan, natural de Ceilândia (DF).

0

Meses atrás, a artista chamou atenção de entusiastas da arte drag no Brasil e no mundo ao entregar uma performance emocionance ao som de músicas do álbum Renaissance, de Beyoncé. A apresentação também contou com participação das drags K-Halla, Elloa Negrinny e Adora Black, além de um grande cavalo cenográfico, como usado pela diva pop nos shows da atual turnê.

“Tenho como foco trazer possibilidade pra população negra LGBTQIAPN+ através da performance, música, beleza e arquétipos visuais. Comecei a fazer drag em casa, por necessidade de algo que fosse leve e pudesse explorar o criativo e emocional. Nem imaginava que seria o trabalho que faria pelos próximos anos, mas me encontrei profissionalmente e pessoalmente no processo”, salienta Naomi.

Com o número ainda minguado de espaços para se apresentar em Brasília, a performer tem feito temporadas em São Paulo, “para disseminar arte brasiliense por novos solos”, além de shows em festas, casamentos e eventos em geral. “Também sou DJ. Faço curadoria artística de festas, sou tarólogo, produzo perucas trançadas e muito mais. A arte me da muitas possibilidades”, diz.

“A adaptação tem acontecido, sim, drag já vem desse lugar né? Criar arte com a própria realidade. Estamos buscando acessar novas pessoas, espaços, e não só a noite, mas também de dia e no dia a dia. Espaços onde não somos tão vistas, ainda”, conclui.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comEntretenimento

Você quer ficar por dentro das notícias de entretenimento mais importantes e receber notificações em tempo real?