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“Zoom” é um filme pop que faz refletir, diz diretor Pedro Morelli

No filme que estreia nesta quinta (31/3), o cineasta paulistano usa animação e metalinguagem para narrar histórias protagonizadas por Mariana Ximenes, Alison Pill e Gael García Bernal

atualizado

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02 Filmes/Divulgação
Zoom, filme
1 de 1 Zoom, filme - Foto: 02 Filmes/Divulgação

Aos 29 anos, o paulistano Pedro Morelli lança nos cinemas seu primeiro longa-metragem solo, “Zoom”. Coprodução entre Brasil e Canadá, o filme teve cenas rodadas nos dois países e um segmento inteiro de animação realizado em São Paulo, na produtora 02 Filmes, de Fernando Meirelles. As conexões se estendem para a trama, permeada por interfaces e histórias interligadas entre uma quadrinista (Alison Pill), um cineasta (Gael García Bernal) e uma modelo-escritora (Mariana Ximenes).

“É um filme jovem, pop, que se comunica com o público que gosta de internet e tem a intenção de fazê-lo refletir”, explica o cineasta, que estreou na direção ao lado do pai, Paulo, com “Entre Nós” (2013). As histórias se embaralham e se completam. Emma (Alison) trabalha numa fábrica de bonecos sexuais e faz implante nos seios achando que vai melhorar a aparência. Enquanto isso, cria uma história em quadrinhos sobre Edward (Bernal), um cineasta em plena produção de seu próximo filme, menos comercial que de costume.

O filme de Edward, por sua vez, narra a viagem interior da modelo Michelle (Mariana), que encontra um sentido na vida ao escrever um livro sobre… Emma, a jovem que quer parecer uma boneca anabolizada em tamanho real. Nas subtramas, Jason Priestley, astro da série “Barrados no Baile”, faz Dale, o namorado mandão de Michelle, e Claudia Ohana interpreta a dona da pensão que recebe Michelle quando ela decide se exilar no Brasil.

“O filme fala de como a gente acaba perdendo nossa identidade quando a gente tenta ser algo que não é”, diz Morelli. “Estamos o tempo inteiro vendo fotos dos outros nas redes sociais, nos comparando, vendo quem é mais legal. É bacana usar essa linguagem para trazer um questionamento”.

De assistente de Meirelles a cineasta promissor
A primeira experiência lá fora e, por extensão, a estreia num longa solo se deram de maneiras distintas de outros brasileiros que filmaram recentemente nos Estados Unidos, como Afonso Poyart (“Presságios de um Crime”) e José Padilha (“RoboCop”). Morelli trabalhou como assistente em “Ensaio Sobre a Cegueira” (2008), a adaptação do livro de José Saramago capitaneada por Fernando Meirelles (“Cidade de Deus”).

Pouco depois, aos 23 anos, Morelli recebeu um convite de um dos produtores de “Ensaio”, o israelense Niv Fichman, para dirigir um filme. E o pedido exigia ousadia. “Ele me chamou porque queria um filme com energia jovem, uma pegada diferente. Essa foi a encomenda. Não tinha nem como fazer diferente”, brinca.

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Com a oportunidade de trazer ideias próprias para o projeto, Morelli juntou inspirações dos filmes de Charlie Kaufman, diretor do recente “Anomalisa” e roteirista de hits alternativos como “Quero Ser John Malkovich” (1998) e “Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças” (2004). “Ele é um dos meus grandes ídolos do cinema. E os filmes deles partem do roteiro, de uma base instigante. Essa liberdade me permitiu criar do zero e fazer maluquices”.

Outra referência veio das animações de Richard Linklater, ícone indie que recorreu à técnica da rotoscopia nos filmes “Waking Life” (2001) e “O Homem Duplo” (2006). Nesse estilo, os atores são filmados de maneira convencional. Depois, a equipe de animadores desenha sobre o material filmado. “O filme tem um terço de animação. Mas todas as três histórias têm estéticas bem diferentes”, explica.

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