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Polanski recebe homenagem em Paris sob protesto de grupos feministas

Cineasta polonês é tema de retrospectiva na Cinemateca Francesa. Em 1977, ele admitiu ter tido relações sexuais com uma menina de 13 anos

atualizado

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Adam Nurkiewicz/Getty Images
Roman Polanski Trial In Krakow
1 de 1 Roman Polanski Trial In Krakow - Foto: Adam Nurkiewicz/Getty Images

Duas integrantes do grupo Femen entraram nesta segunda (30/10) à noite na Cinemateca Francesa e protestaram com outras dezenas de pessoas contra a retrospectiva dedicada ao diretor de dupla nacionalidade francesa e polonesa Roman Polanski, acusado de agressões sexuais por várias mulheres.

“Não a homenagem para os estupradores”, gritaram as duas ativistas para Polanski, de 84 anos, que compareceu ao local para apresentar seu último filme “D’après une histoire vraie” (“Baseado em fatos reais”), no início da retrospectiva dedicada à sua obra.

As duas mulheres, que exibiram seus seios descobertos e a frase “Very Important Pedocriminal” (“Pedófilo muito importante”) nas costas, foram expulsas rapidamente da Cinemateca, mas continuaram o protesto do lado de fora do edifício.

“Apreciar um artista não significa se calar sobre seus crimes!”, disse Sanaa Beka, que foi protestar convocada por grupos feministas.

Em fevereiro, o cineasta teve que renunciar a presidir os prêmios César do cinema francês pela pressão das feministas.

“Para nós o importante é cancelar esta retrospectiva, obter desculpas da Cinemateca e provocar uma tomada de consciência”, afirmou Raphaëlle Rémy-Leleu, porta-voz do grupo “Osez le féminisme”, horas antes do começo dos protestos.

Em 1977, Roman Polanski admitiu ter tido relações sexuais ilegais com Samantha Geimer, que na época tinha somente 13 anos, na casa de Jack Nicholson em Los Angeles enquanto o ator viajava.

Em troca da confissão, um juiz aceitou não manter outras denúncias mais graves contra ele. Mas, convencido de que o magistrado voltaria trás em sua promessa e acabaria o condenando a décadas de prisão, o cineasta fugiu para a França.

O diretor, que ganhou o Oscar por “O Pianista”, é casado com a atriz francesa Emmanuelle Seigner, com que tem dois filhos. Ele sempre se negou a voltar aos Estados Unidos sem garantias de que não será preso.

Em 2010, a atriz britânica Charlotte Lewis declarou que o diretor a havia forçado a ter relações sexuais quando ela tinha 16 anos.

Outra mulher, identificada como “Robin”, o acusou em agosto de agressão sexual quando tinha 16 anos, em 1973.

No começo de outubro, a justiça suíça indicou que examina novas acusações contra Polanski de uma mulher que assegura que o diretor abusou dela 1972, quando tinha 15 anos.

A Cinemateca francesa, presidida pelo cineasta Costa-Gavras, se negou a cancelar o evento.

“Fiel a seus valores e a sua tradição, a Cinemateca não pretende ser substituta da justiça”, declarou a instituição, que denuncia um pedido de “censura puro e simples”.

“A retrospectiva de Polanski está prevista há muito tempo”, disse na sexta-feira a ministra de Cultura da França, Françoise Nyssen. “Trata-se de uma obra, não de um homem, não vou condenar uma obra”, disse.

Uma petição lançada on-line na semana passada para cancelar esta retrospectiva teve 26.000 assinaturas.

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