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Personagens marginalizados povoam tela do Festival de Brasília

O longa brasiliense “Era Uma Vez Brasília” e o curta “O Carneiro de Ouro” são as principais produções da noite desta sexta (22/9)

atualizado

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Joana Pimenta/divulgação
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1 de 1 era-uma-vez-brasília_adirley-queirós_cred-joana-pimenta-31 - Foto: Joana Pimenta/divulgação

A tela do Cine Brasília exibe dois filmes do Distrito Federal dentro da mostra competitiva do 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro na noite desta sexta-feira (22/9). Forte candidato para levar o troféu Candango, o ceilandense Adirley Queirós apresenta a ficção científica documental “Era uma Vez Brasília” enquanto a veterana Dácia Ibiapina estreia seu novo curta-metragem, “O Carneiro de Ouro”, também concorrente ao troféu Câmara Legislativa da Mostra Brasília.

A ficção “Chico”, do Rio de Janeiro, dirigida pelos irmãos Carvalho, traz uma narrativa futurista. No ano de 2029, o Estado brasileiro criminaliza garotos negros das favelas do Rio de Janeiro antes mesmo que eles tenham cometido algum crime. Em conjunto, as três películas apresentam personagens marginalizados do processo histórico do Brasil.

Chico, de Marcos e Eduardo Carvalho: problemas nas favelas

Cinema de efeitos especiais
A veterana documentarista Dácia Ibiapina dedica-se a registrar a história do cineasta piauiense Dedé Rodrigues. Utilizando os escassos recursos da cidade onde mora, na região metropolitana de Picos (Piauí), o homem produz filmes de ficção com ajuda dos moradores da região. “É um modo de produção de cinema feito de forma comunitária, com trabalho voluntário e que mobiliza muito a comunidade local”, conta Ibiapina.

Entre as produções realizadas por Dedé, está “Os Cangaceiros Fora do Tempo”, uma trilogia de ação e aventura recheado de muitos efeitos especiais. “O cinema de efeitos especiais é uma especialidade do Dedé”, adianta a cineasta. “Eu diria que não fizemos o filme sobre o Dedé, mas com o Dedé, já que utilizamos vários trechos das produções feitas por ele”, adianta a realizadora.

Dácia Ibiapina foi professora de Adirley Queirós no curso de audiovisual da Universidade de Brasília (UnB) e gostou da “coincidência” da programação que reuniu o sua produção e a do ex-aluno.  “Me sinto muito honrada e feliz em exibir o filme junto com o Adirley. Acho que ele é um dos grandes cineastas brasileiros contemporâneos”, derrete-se.

 

 

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Narrativas cinematográficas em questão
O cinema “precário” é também o que move o novo longa-metragem do cineasta ceilandense Adirley Queirós. “Era uma vez Brasília” é uma película de difícil definição. Realizado com recursos de documentário do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), a produção é uma mistura de ficção intergaltica e documento do processo político e social do Brasil atual.

Marquim do Tropa em cena do filme “Era uma Vez Brasília”

Nas plataformas de lançamento do filme “Era uma vez” é apresentado como um documentário feito a partir do ano zero Pós Golpe,0 P.G no Brasil. A história se inicia em um planeta-prisão onde o sol nunca brilha e todos os dias se assemelham com as noites. Membro da companhia de teatro Hierofante, o ator profissional Wellington Abreu interpreta o viajante especial WA4, enviado para o passado com a missão de matar o presidente Juscelino Kubitscheck no dia da inauguração de Brasília. Algo na trajetória da nave dá errado e ele aterrissa em Brasília no ano de 2016, durante o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

Apesar de se localizar temporalmente num momento de mudanças políticas reais no país, o filme não se propõe a explicá-las. “Dentro da história do documentário clássico, quem pode ser narrador inserido no centro dos processos históricos? Apenas os que têm privilégios de produção. Nós somos realizadores que não alcançam esse status. Então, como a gente constrói o outro lado da história, a partir do olhar de quem não pôde participar do processo histórico que tanto atingem a mim, como cidadão comum, quanto ao Luís Inácio Lula da Silva? Nós utilizamos a fabulação do real desses personagens marginalizados dos movimentos sociais”, define Queirós.

Era uma vez Brasília, de Adirley Queirós

Queirós trabalhou com elenco de atores que viveram de fato a experiência do cárcere. Entre eles, a intérprete da guerreira Andréa, a ex-presidiária Andreia Vieira. As memórias desses atores foram utilizadas para ficcionalizar a distopia utópica apresentada no filme em um processo que o realizador chama de “etnografia dos personagens” como parte de uma construção de linguagem:

“As instituições de esquerda são muito caretas apesar de abarcar iniciativas de vanguarda. Para elas, parece ser horrível perder a formalidade da linguagem. Meus filmes também tentam o enfrentamento estético ao pensar novas alternativas de narração documental”

Queirós acaba de voltar de uma participação do Festival de Locarno, na Suíça onde “Era uma vez Brasília” recebeu uma menção honrosa na mostra Signs of Life. O filme será exibido também no encerramento do festival Doc Lisboa, em Portugal, em 28 de outubro.

Mostra Competitiva Festival de Brasília

Exibição dos filmes “Chico”, dos irmãos Carvalho, “Carneiro de Ouro”, de Dácia Ibiapina, e “Era uma vez Brasília”, de Adirley Queirós

Às 20h, Teatro da Praça | Taguatinga, Espaço Semente | Setor Central – Gama, Teatro de Sobradinho | Riacho Fundo em frente à Administração. Entrada franca

Às 21h, no Cine Brasília. Ingressos: R$ 12 e R$ 6 (meia). Não recomendado para menores de 14 anos

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