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Crítica: Tenet, de Christopher Nolan, merece que você vá ao cinema em 2020

Em ritmo acelerado e cheio de tensão, o thriller tem boa trama e grande apelo visual

atualizado

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Tenet
1 de 1 Tenet - Foto: Divulgação

Christopher Nolan tem uma habilidade incrível de criar verdadeiros universos particulares. As experimentações na ficção científica podem encantar, como em A Origem (2010), ou dividir opiniões, a exemplo de Interestelar (2014). Com Tenet, primeiro blockbuster a estrear no Brasil após a eclosão da pandemia de Covid-19, o diretor novamente entrega um filme agitado, acelerado e que exige ao máximo a atenção do espectador – mas, ainda assim, você pode sair igual ao meme da Nazaré!

Vamos, então, por partes. Tenet conta a história de um agente da CIA, interpretado por John David Washington, que, para facilitar tudo, não tem nome. Ele engole uma pílula de veneno, após falhar e ser pego numa missão na Ucrânia. Porém, acorda em um navio e descobre ter sido “aprovado” num teste. Sua nova missão é “tenet”, mas, para isso, precisa ficar preso em um moinho de vento por alguns dias.

Ao sair de lá, o agente descobre que cientistas estão estudando balas que voltam, ao invés de avançar na hora do disparo. Isso mesmo: o projétil retorna à pistola e não sai dela. O fenômeno, segundo a explicação de uma especialista, ocorre porque pessoas do futuro estão mandando esses objetos e tiros para o presente.

Pronto! Essa é a tese de Christopher Nolan em Tenet. O futuro decidiu entrar em guerra com o passado. A partir disso, cabe ao agente, que terá a companhia de Neil (Robert Pattinson), entrar nesse conflito, que é chamado por todos de “guerra fria”.

Não é o momento, ao menos aqui nesta crítica, de esmiuçar teorias, indicar respostas, ou mesmo gastar muitas linhas explorando o universo criado por Christopher Nolan. O ponto é debater se a ideia desse vai e vem temporal consegue resultar em um filme eficiente, capaz de narrar o (confuso e complexo) roteiro.

A resposta é sim. Tenet pode pecar pelo ritmo quase caótico em que tudo ocorre, mas, certamente, tem como mérito conectar as pontas sem precisar de um didatismo exagerado, quase que paternalista com o público. Os conceitos são colocados nos diálogos, as sequências se desenrolam, o longa avança.

Mesmo que no começo fique difícil acompanhar tudo, Tenet termina compreensível, com suas pontas soltas, seus espaços para interpretações e, ao melhor estilo Nolan, com muitos fóruns on-line discutindo o tema.

Robert Pattinson e John David Washington se complementam como dupla, e as sequências, principalmente as do aeroporto de Oslo, são sensacionais, com uma câmera tão agitada, que traz a sensação de estar dentro da ação. Inclusive, é incrível como Nolan consegue reproduzir em imagens suas ideias, mesmo que elas envolvam viajar no tempo, ver o mundo invertido e coisas um tanto quanto não convencionais.

Se a técnica é impressionante, Tenet tem um roteiro que está abaixo do nível esperado. Sem maiores spoilers, a história do tal algoritmo parece já ter sido contada numa saga de bruxos, que, por sinal, também tinha viagem no tempo – sim, é bem parecido com Harry Potter. O vilão também se mostra um pouco incerto, para não dizer niilista, em suas motivações.

Nada que não seja superado pela dinâmica imprimida por Christopher Nolan. Tenet poderia até não ser o grande blockbuster se este ano tivesse sido normal. Mas, em 2020, é talvez o filme que a gente precise. A propósito, se você pudesse, voltaria no tempo?

Avaliação: Bom

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