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Conheça “Não Me Fale Sobre Recomeços”, atração no último dia da mostra

Selecionado na mostra “Cinema Agora!”, o filme paranaense articula imagens e sons de diversas fontes. O longa tem sessões nesta terça (27/9)

atualizado

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Não Me Fale Sobre Recomeços, filme, Festival de Brasília
1 de 1 Não Me Fale Sobre Recomeços, filme, Festival de Brasília - Foto: Divulgação

Uma das últimas atrações do 49º Festival de Brasília, o longa “Não Me Fale Sobre Recomeços”, do paranaense Arthur Tuoto, talvez seja o filme mais incomum de toda a mostra. Nele, cenas e sons de diversas fontes provocam uma reflexão sobre violência, espaços públicos e o próprio estado da imagem no mundo contemporâneo. O trabalho tem exibições com entrada franca nesta terça (27/9), no Cine Brasília, às 14h, e reprise no Cine Cultura Liberty Mall, às 21h.

Só para se ter uma ideia do passeio: um cena extraída de um filme de John Ford é complementada por Lara Croft, do jogo “Tomb Raider”, levitando sobre montanhas. E o longa trilha associações diversas, com videoclipes, peças publicitárias, filmes de variados estilos e épocas, games, vídeos de violência, registros amadores e protestos de rua.

A ideia do curitibano, que transita entre artes visuais e cinema, é enfatizar a heterogeneidade da imagem. “Acho que é um filme sobre rearticulação do olhar”, diz o diretor de 30 anos, sobre seu terceiro longa-metragem.

“Se eu quero ver algo no YouTube, vejo uma obra de publicidade antes e, no segundo seguinte, o vídeo que desejo. Ou mesmo a experiência televisiva (diferentes contextos se conectando a todo momento), ou o simples rolar da página pelo Facebook (vídeos sendo reproduzidos automaticamente) gera essa tendência natural por uma rearticulação do olhar”, explica.

Os curtas e videoinstalações de Tuoto podem assistidos em seu site oficial. Além do trabalho autoral, ele também desenvolve críticas em formato de vídeo ensaio na página “Onde Jaz o Teu Sorriso?”.

O uso de diferentes gêneros de imagem quer atestar que nenhuma imagem é definitiva. Seja um plano sagrado do John Ford, seja uma realidade virtual de videogame. Nada é intocável hoje

Arthur Tuoto

De Glauber Rocha a “GTA”
Uma das ideias que norteiam “Não Me Fale” é universalizar diferentes registros. O filme reúne uma porção de áudios de diferentes artistas e origens, bem como imagens deslocadas que, juntas, formam uma narrativa com relevos dramáticos, começo, meio e fim.

Cenas do curta musical “Runaway”, de Kanye West, de “Terra em Transe” (1967), de Glauber Rocha, e um personagem de “GTA” voando em câmera lenta representam obras aparentemente opostas, mas que por fim formam um discurso tão uniforme quanto caótico. “Uma imagem acaba sempre dialogando com outra”, observa.

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O cineasta Arthur Tuoto: reflexão a partir de imagens e sons de fontes diversas

 

“Não Me Fale” já é o terceiro longa do curitibano construído no formato de filme-ensaio e a partir de gravações encontradas. A diferença para “Carnívora” (2016) e “Aquilo que Fazemos Com as Nossas Desgraças” (2013) é que esses partem de apenas um áudio.

Recentemente, no festival Olhar de Cinema, em Curitiba, ele lançou “Carnívora” e o curta de ficção “O Último Retrato”. “Apesar de ser uma ficção, é um filme que tem uma relação muito elementar com o cinema, que lança mão de referências de cinema de gênero a toda uma percepção imagética da experiência online”, aponta.

“Não Me Fale Sobre Recomeços” (PR, 70min, 12 anos), de Arthur Tuoto
Terça (27/9), com entrada franca. Cine Brasília, às 14h; e Cine Cultura Liberty Mall, às 21h.

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