Cineasta brasiliense Pedro Amorim fala sobre o longa “Divórcio”
Com Camila Morgado e Murilo Benício, o filme narra separação de um casal do interior de São Paulo
atualizado
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O cineasta brasiliense Pedro Amorim tornou-se um especialista em comédias bem brasileiras. Depois de comandar “Mato sem Cachorro” (2013) e “Superpai” (2015), o realizador lançou “Divórcio”, uma leitura bem-humorada de um casal em crise. Em cartaz há pouco mais de duas semanas, o longa já levou 344 mil pessoas aos cinemas.
O sucesso de “Divórcio” encontra explicação no elenco estrelado — Murilo Benício e Camila Morgado protagonizam a fita — e na renúncia de formas apelativas das comédias brasileiras dos últimos tempos.
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Pedro Amorim
Júlio (Murilo Benício) e Noely (Camila Morgado) estão em pé de guerra. O casal fez fortuna ao abrir uma fábrica de molhos de tomate. A marca Juno rapidamente virou uma febre e passou a vender em quantidades industriais. Felizes nos negócios, nem tanto no amor, ambos entram numa batalha judicial para decidir a divisão das propriedades e a guarda das filhas.
Essa “Guerra dos Roses” caipira chega a alcançar as raias da loucura. Tudo ao som de uma versão rock’n’roll de “Evidências”, clássico de Chitãozinho e Xororó revisitado pela voz da cantora sertaneja Paula Fernandes. “Fizemos uma crítica à futilidade, ao machismo e às armas. Analisamos como isso interfere na vida dos personagens. É uma comédia de costumes explosiva”, define o cineasta.
A escolha de Camila Morgado e Murilo Benício foi uma tentativa de surpreender o público: “Buscamos nomes do elenco não conhecidos pela veia cômica, mas pelos trabalhos em dramas. Sabia do potencial cômico da Camila Morgado e do Murilo Benício. Quando eles toparam fazer o filme, foi um momento de muita alegria”, revela.
Terra vermelha
O cineasta de 39 anos nasceu em Brasília, mas passou a infância e adolescência entre idas e vindas a outros países. “Tenho muitos bons amigos na capital e um grande apreço por essa terra vermelha. Me lembro com amor dessa cidade, principalmente dos meus tempos no Inei e no Sigma”, recorda-se.
Em uma das viagens a outros países, Pedro começou sua formação profissional. Ele cursou cinema na New York University (NYU), mesma instituição onde estudaram Martin Scorsese e Spike Lee. “Peguei a transição da película para o digital. Na época, a única maneira de estudar a sétima arte era dentro de uma universidade. Foi muito importante para mim.”
O próximo trabalho de Amorim acaba de ter suas filmagens encerradas há uma semana. Será, novamente, uma comédia, chamada “Carlinhos e Carlão”. No elenco, está o ator Luis Lobianco. A fita, de acordo com o diretor, fala sobre homofobia, amizade e aceitação.
Família
O pai de Pedro, o diplomata e ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, também tem familiaridade com a sétima arte. Nos primórdios do cinema novo, ele assinou a montagem de “Os Cafajestes”, de Ruy Guerra — além da assistência de direção do episódio “Cinco Vezes Favela”, dirigido por Leon Hirschman.
Os irmãos Vicente (“Corações Sujos” e “O Caminho das Nuvens”) e João Gabriel Amorim também seguiram carreira cinematográfica. “Em casa, nós assistimos a clássicos projetados em super 8 na parede. Meu primeiro contato com “O Encouraçado Potemkin” (Sergei Eisenstein) e filmes do Chaplin foi nessas ocasiões”, afirma.