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“Castelo de Areia” mostra a Guerra do Iraque que ninguém vê

O diretor brasileiro Fernando Coimbra, que comandou o projeto da Netflix, faz questão de contestar a versão patriótica do conflito

atualizado

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Netflix/Divulgação
Sand Castle
1 de 1 Sand Castle - Foto: Netflix/Divulgação

“Castelo de Areia” (“Sand Castle”, em inglês), longa do diretor brasileiro Fernando Coimbra para a Netflix, mostra uma Guerra do Iraque que poucos viram. Para longe das bombas e trocas de tiros, civis (nome bonito para dizer pessoas comuns que não, ao menos oficialmente, pegam em armas) precisam sobreviver: comer, estudar, tentar se abrigar. Isso, no entanto, escapa às lentes do cinema, insistentes em mostrar as cenas de ação.

Em determinado momento de “Castelo de Areia”, um iraquiano conversa com o soldado Matt Ocre (Nicholas Hoult). O norte-americano pergunta onde o homem tinha aprendido as técnicas (utilizadas para consertar um reservatório de água destruído por mísseis dos EUA). “Na universidade de Mossul”, responde. O militar questiona: “Você conseguiu ir à universidade?”. “Sim, aqui o ensino superior é gratuito. Lá não é assim?”, prossegue o engenheiro. “Na terra da liberdade tudo custa muito caro”, encerra Ocre.

A sutil crítica contida nesse diálogo é um bom resumo do longa. Resultado do roteiro, assinado pelo ex-militar Chris Roessner, e do trabalho de Coimbra. “As guerras afligem a população local e isso não
passa nos filmes. Procuramos fugir de uma visão patriota. Esse conceito de levar democracia e liberdade é relativo. A Guerra do Iraque mostra isso”, explica o diretor, em entrevista ao Metrópoles.

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Ocre, personagem principal da trama, é um retrato da frustração dos soldados que lutavam na Guerra do Iraque. “É como se ele se perguntasse o que estava fazendo ali, principalmente, ao perceber que
o conflito se estendia e não caminhava para uma solução”, analisa Coimbra.

Um discurso tão crítico em relação a uma guerra que custou milhões aos norte-americanos, feito por um diretor brasileiro, gerou, evidentemente, comentários negativos nos EUA de Trump.  “Sinto que
algumas pessoas tiveram dificuldade de entender a mensagem do filme”, defende-se Coimbra.

Netflix e astros internacionais
Fernando Coimbra chamou atenção do mercado gringo em 2014, com o lançamento de “O Lobo Atrás da Porta”. A fita foi bem recebida pela crítica estrangeira e abriu portas para o diretor. O contato com a Netflix começou com “Narcos”. Ele dirigiu dois episódios do seriado sobre Pablo Escobar. Produzir um filme para o serviço de streaming, mesmo assim, causou um impacto difícil de dimensionar.

Quem hoje pode promover uma produção, a lançando em 200 países diferentes? Só vou entender o resultado disso depois

Fernando Coimbra

Um dos personagens do filme, o capitão Syverson, é vivido pelo astro Henry Cavill, conhecido por interpretar o Super-Homem nos cinemas. Coimbra conta que a convivência com o ator foi boa.

“Ele fez questão de participar de ‘Castelo de Areia’, por conta de uma ligação familiar com o Exército. Até topou cortar o cabelo para mudar a imagem do herói. É um cara tranquilão. Só não conseguiu escapar das piadas sobre o Super-Homem”, brinca Coimbra.

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