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BBB21 é edição com maior número de negros: reality aposta na diversidade

Com oito pessoas não-brancas no elenco, o programa traz diversidade racial

atualizado

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De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 56,1% da população brasileira se declara negra. No entanto, essa divisão não é vista na televisão e no cinema nacional, ainda dominado por protagonistas brancos. Um dos principais produtos do entretenimento nacional, o Big Brother Brasil, tentar mudar esse desequilíbrio na edição de 2021.

Nos Estados Unidos, a CBS decidiu que seus realitys shows, incluindo o Big Brother norte-americano, teria 50% de participantes não-brancos. A Globo, ao que tudo indica, inspirou-se na ideia: o BBB21 tem quase metade dos participantes pretos ou pardos. Lembrando que o formato pertence a holandesa Endemol e, nas regras, não prevê nenhuma restrição quanto a raça ou qualquer outra característica.

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Depois de ver a médica negra Thelma Assis vencer a edição 2020, a representatividade pode ser a chave deste ano. Tanto no Camarote, onde estão os participantes famosos, quanto na Pipoca – formada por anônimos – há um elenco formado por pretos e pardos. Dos 20 nomes do elenco,  8 são não-brancos.

Entre os famosos, que, neste novo formato do reality chamam mais atenção, está a rapper, feminista e ativista antirracismo Karol Conká. A curitibana se juntará ao humorista Negro Di, a cantora Pocah, ao ator Lucas Penteado, o rapper Projota, e a influencer Camilla de Lucas. Na Pipoca, estão João Luiz e Lumena.

Demanda social e comercial

Para Maíra de Deus Brito, doutoranda em Direitos Humanos e Cidadania pela Universidade de Brasília (UnB), e autora do livro Não. Ele Não Está, essa adequação do BBB21 ao perfil racial da sociedade brasileira atende a uma demanda que cresce na sociedade e a uma pressão comercial.

“Há 20 anos, assistimos a um programa que reflete a cultura brasileira e, por isso, o racismo é tão claro e relativizado. O mesmo que ocorre dentro da casa, acontece fora. Contudo, me impressionou a vitória de Thelminha em 2020, assim como o aumento de negros e negras na edição deste ano. Mas acho ingenuidade acreditar que a mudança desse perfil está apenas interessada na representatividade. O BBB é um programa altamente rentável e deve seguir discursos e tendências para obter sucesso. As questões de raça e gênero estão mais fortes do nunca e o reality segue essa onda”, avalia a pesquisadora.

A presença de um maior número de negros, aponta Maíra de Deus Brito, cumpre igualmente a função de mostrar a variedade de corpos e belezas existentes na diversidade.

“Pessoas negras no BBB vão comprovar que há (e muita) beleza negra e que esse padrão branco- hétero-cis deve ser desfeito. É um início tímido, mas quando pensamos na quantidade de casas que o programa chega, pode ser uma ação muito relevante”, pondera.

“Em 2019, a Mangueira desfilou com o enredo “Histórias para Ninar Gente Grande”, em que o povo dizia: “Brasil, meu nego/Deixa eu te contar/A história que a história não conta”. Karol (Conká) e Lucas (Penteado), entre outros participantes negros e negras, vão contar nossas histórias na cultura, na política e em todos outros setores que estamos presentes, mas que insistem em nos apagar ou estereotipar”, conclui Maíra de Deus Brito.

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