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Traficantes alugam apartamentos na Asa Sul para vender LSD, cocaína e ecstasy

Com festas suspensas e bares ainda vazios devido à pandemia, fornecedores de entorpecentes passaram a alugar imóveis para manter o tráfico

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
abordagem policial
1 de 1 abordagem policial - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Ao contrário de outros negócios que tiveram o fluxo de caixa baqueado em razão da pandemia de coronavírus, o mercado da droga no Distrito Federal não sofreu prejuízos. As engrenagens criminosas que movimentam o tráfico de entorpecentes se readaptaram para manter as vendas aquecidas. Em áreas nobres, como a Asa Sul, traficantes de classe média passaram a usar o próprio imóvel para transações envolvendo maconha, cocaína e, claro, drogas sintéticas.

Investigações conduzidas pela Seção de Repressão às Drogas (SRD) da 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul) identificaram conexão entre traficantes do Plano Piloto – a maioria jovens universitários e populares nas redes sociais – com traficantes de Ceilândia, que fornecem os entorpecentes. Com a suspensão de festas antes lotadas de usuários e com bares vazios por conta da pandemia, os fornecedores se viram obrigados a alugar apartamentos a fim de seguirem com as transações.

A estratégia, no entanto, não garantiu a segurança do negócio. Semanalmente, homens que exerciam funções acima de qualquer suspeita, como recepcionistas de centros clínicos e até professores da rede pública de ensino, foram presos por tráfico de drogas.

“Percebemos esse tráfico de apartamento crescer quando os pontos de venda de drogas clássicos que existiam na Asa Sul se esvaziaram. Um exemplo era a comercial da 109 Sul, que praticamente morreu”, explicou o delegado-chefe da 1ª DP, Marcelo Portela.

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Tráfico oculto

De acordo com as apurações, os traficantes mantinham atividades comuns durante o dia e, fora do expediente, movimentavam o comércio de entorpecentes. O recepcionista de uma clínica foi preso, em flagrante, com grande quantidade de drogas sintéticas. Já um professor de inglês da Secretaria de Educação foi preso no momento em que negociava crack.

“Esses casos se tornaram comuns na Asa Sul após a mudança de hábito provocada pela pandemia. Em algumas investigações, foi comprovado pelos policiais que o tráfico se tornou uma atividade alternativa, assim como o uso dos imóveis para a transação envolvendo a compra e venda de drogas”, ressaltou o delegado.

A única exceção mapeada pelos investigadores e que ainda resiste é o tráfico de crack, pois a clientela permanece nas ruas. Os pontos de venda se concentram próximo a estacionamentos localizados nas imediações do Hospital de Base, principalmente na 102 Sul, mais conhecida como a Rua das Farmácias.

O Metrópoles teve acesso a filmagens feitas pela Polícia Civil (PCDF) que flagram a venda de crack na região. Na maioria das vezes, os traficantes ficam no local lavando e guardando carros, disfarçados de flanelinhas para tentar manter a discrição da atividade criminosa.

Assista:

“Gourmetização” doméstica

Para faturar com o tráfico nos apartamentos, os bandidos investem em dois pontos fundamentais para ganhar dinheiro rápido. Além de explorar a popularidade nas redes sociais para captar usuários em potencial – a maioria colegas de quadra ou de faculdade –, os traficantes inflacionam o mercado da maconha tentando “gourmetizar” a erva de forma doméstica, dentro de casa.

Em uma prisão recente, policiais apreenderam porções de maconha com “cheiro de laranja” – uma tentativa de imitar as maconhas gourmet, geneticamente modificadas para apresentarem cheiro, sabor e efeitos potencializados em relação à cannabis comum.

A droga apreendida havia sido batizada de “orange crush”, apenas por ter sido armazenada em meio a cascas da fruta. A simples atividade eleva o preço de um cigarro produzido com a droga. “Eles costumam vender baseado por R$ 10. Com a essência de laranja, ele sobe para R$ 30. Com isso, os traficantes aumentam muito o lucro”, revelou um dos agentes que trabalha na SRD.

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