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Sonhos adiados: noivos remarcam festas por medo do coronavírus

Cerimonialistas e fornecedores do DF têm sido procurados para remarcar serviços por causa da pandemia de Covid-19

atualizado

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Reprodução
Fernando e Andreia
1 de 1 Fernando e Andreia - Foto: Reprodução

A pandemia do novo coronavírus, que tem fechado desde escolas a comércios e fronteiras em todo o país, também impacta os eventos privados, como casamentos, festas de debutantes e batizados, seja por medo de aglomeração, seja por receio de que poucos convidados compareçam.

Antes, era apenas uma questão de bom senso. Agora, é ordem da Justiça, que decidiu, na última quinta-feira (19/03), fechar os cartórios no DF até o dia 30 de abril.

A determinação do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) é para que apenas casos urgentes sejam atendidos, além de casamentos. Mesmo assim, a atitude fez muitos noivos adiarem suas festas na capital federal.

A recomendação do Ministério da Saúde e do Governo do DF (GDF), após a publicação de diversos decretos, é de cancelamento de grandes eventos, sejam eles governamentais, esportivos, políticos, comerciais ou religiosos.

Mas o principal recado para a população é reduzir o contato social, principalmente por que já há transmissão comunitária na capital da República. Aglomerações em quaisquer circunstâncias devem ser evitadas.

Mudança de planos

A administradora Bárbara Ferreira Mesquita, 32 anos, e o servidor público Fernando Suares Ferreira Miranda, 36, integram a lista de noivos que precisaram mudar os planos.

Bárbara e Fernando Distrito Federal
Os noivos Bárbara e Fernando adiaram o casamento por causa do coronavírus

O casamento deles estava marcado para o dia 25 de abril de 2020. “Nós íamos fazer a cerimônia religiosa e a recepção em uma casa de festas. A princípio, o local do evento resolveu não celebrar nenhum casamento marcado para abril e abriu a agenda para a gente remarcar”, explicou a noiva.

No começo, o casal relatou que ficou receoso pelo turbilhão de coisas para reagendar e resolver. “Quando nos comunicaram, faltavam 40 dias para realizar o nosso sonho. Graças a Deus, os nossos fornecedores nos atenderam muito bem. Já fizemos toda a troca de data e todos tiveram disponibilidade, sem cobrar nenhum adicional. Mudamos a data para novembro. São mais sete meses de espera, e o coração da noiva fica desesperado. Mas só de ter dado certo, a gente já ficou feliz”, disse Bárbara.

Ainda segundo a administradora, os fornecedores foram muito compreensíveis. “Para eles também é muito difícil. O impacto é grande. Eles deixam de fechar uma data com outro casal e perdem muito dinheiro.”

Ainda de acordo com a noiva, eles já pensavam em adiar o evento após perceberem a proporção que o cenário do novo coronavírus estava tomando.

“Desde que começou a crise, nós já pensávamos em alterar o dia, mas não tínhamos batido o martelo. Quando mudamos a data efetivamente, recebemos muito apoio dos nossos familiares e amigos. Inclusive de pessoas que viriam de fora e não poderiam mais viajar para participar da cerimônia”, afirmou.

A festa seria para cerca de 200 pessoas, e muitos convidados são idosos do grupo de risco. “Como iríamos celebrar o dia mais feliz das nossas vidas e não poderíamos abraçar e beijar as pessoas, julgamos isso ruim. Estávamos preocupados com os nossos pais. Agora, vamos aguardar para concretizar a nossa vontade. Estamos ansiosos por esse momento.”

Prejuízos

A diretora e cerimonialista Mariléia Juliana Matos, da JL Eventos e Cerimonial, empresa que atua no ramo no DF há 20 anos, disse que recebeu, desde a semana passada, pelo menos, 10 pedidos de desistência para casamentos e festas de 15 anos.

Pessoas que iriam se casar até o começo de julho procuram novas datas para seus eventos, a partir de setembro. “A preocupação é justamente fazer a confraternização para beijar e ter contato físico com os convidados e ficar livre de preocupações.”

Ainda segundo a cerimonialista, conciliar a agenda de todos os fornecedores não é fácil. Mas a empresa está conseguindo ajustar os compromissos.

Mariléia-Cerimonialista
Diretora da JL Eventos e Cerimonial, Mariléia Juliana Matos

“Vamos ter que ficar parados agora e, no segundo semestre, estaremos com a demanda redobrada. Desde quinta-feira (19/03), o nosso atendimento está ocorrendo somente on-line. Estamos passando por um momento crítico. Os prejuízos aparecem e sabemos que iremos passar por essa fase para depois voltarmos com força total”, acrescentou Mariléia.

A profissional ainda colocou sua empresa à disposição de clientes que não têm assistência e estão precisando de ajuda. “A gente lida com sonhos. Quem estiver passando por alguma dificuldade neste momento, peço que nos procure. É hora de solidariedade e união para que a gente possa enfrentar este momento difícil em todo o mundo.”

Planejamento

Casamento requer planejamento. E foi isso o que a advogada Andreia Barbosa Roriz, 33, e o fotógrafo Fernando Esteves Czaban, 35, fizeram. Eles mudaram os planos da cerimônia, que estava marcada para o início de julho deste ano.

“Foi uma decisão minha e do meu noivo. Vimos o cenário na Itália e em outros países e achamos que seria prudente adiar o nosso casamento. Como seria no início de julho, acreditamos que é o período que a situação vai começar a melhorar – ou, quem sabe, piorar ainda mais –, e não queremos correr o risco de disseminar a doença”, disse Andreia.

A festa para 180 convidados também ocorreria com a presença de parentes de outros estados. De acordo com Andreia, os dois analisaram ponto a ponto e conseguiram remarcar o casamento para novembro.

“Por parte da família do Fernando, temos muitos tios-avós e idosos acima de 70 anos. Os meus pais também têm idade superior aos 60 anos e não temos coragem de botar em risco a vida dessas pessoas. Felizmente, é um evento que vai reunir muita gente e seria inevitável a exposição de todos que estarão ali”, afirmou.

“Não gostaríamos de nos sentir responsáveis caso alguém acabasse sendo contaminado pelo vírus. Se a gente quer realizar o nosso sonho com as pessoas que amamos, vamos preservar a saúde de todas elas”, concluiu a advogada.

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