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Servidor que matou ciclista atropelado no DF recebe promoção no STM

Marcelo Damasceno Barroso, que atropelou Ricardo Campelo Aragão em outubro de 2020, passará a receber mais R$ 850 mensais com nova função

atualizado

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Andre Borges/Esp. Metrópoles
Superior Tribunal Militar
1 de 1 Superior Tribunal Militar - Foto: Andre Borges/Esp. Metrópoles

O servidor do Superior Tribunal Militar (STM) indiciado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) por atropelar e matar em outubro o ciclista Ricardo Campelo Aragão, 58 anos, foi promovido dentro do Gabinete da Presidência da Corte. Segundo consta no Diário Oficial da União, Marcelo Damasceno Barroso assumiu uma função que aumenta em mais de R$ 850 a remuneração que recebia anteriormente.

O servidor acusado do atropelamento do ciclista era “Auxiliar de Gabinete de Ministro II”, o que adicionava R$ 1.379,07 aos vencimentos mensais.

Foi promovido ao cargo de “Supervisor II” da Seção de Protocolo Geral, da Coordenadoria Administrativa da Presidência, o qual passou a ser ocupado por Marcelo na última semana, após o antigo titular da vaga receber dispensa. Para a função, ele receberá um acréscimo de R$ 2.232,38 ao salário de R$ 9.581,18.

Dessa forma, ao ser promovido, Marcelo soma mais R$ 853,31 ao salário: diferença entre o posto anterior e o novo.

Procurado, o STM não informou à reportagem o motivo pelo qual Marcelo foi promovido dentro do tribunal.

O atropelamento

De acordo com as investigações, o motorista não prestou socorro à vítima e fugiu do local do atropelamento, na 703 Norte. Além de matar Ricardo, o servidor ainda atingiu outra ciclista – Nádia Bittencourt, 55 anos, que não teve ferimentos graves.

A 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), que investigou o caso, descobriu o endereço do acusado por meio de uma tampa que se soltou do carro na hora da colisão.

Confira a explicação do delegado da 2ª DP, João Guilherme:

Defesa diz que foi “fato isolado”

Procurada nessa segunda-feira (22/3), a defesa de Marcelo Damasceno Barroso não respondeu ao contato da reportagem. Em outubro de 2020, no entanto, os advogados alegaram que o atropelamento foi “um fato isolado em sua vida”.

Conforme diz a nota assinada pelos representantes dele e divulgada no dia 21 de outubro de 2020, o acusado se encontrava “profundamente abalado emocionalmente por conta de todo o ocorrido” e se solidarizava com a família “pela inestimável perda”.

O texto ainda diz que o motorista do Yaris compareceu espontaneamente à 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), versão que difere daquela contada pelos próprios investigadores. “Oportunidade em que apresentou, também de forma voluntária, o veículo (objeto fundamental ao esclarecimento dos fatos), intacto para ser submetido à perícia”, argumentaram os advogados.

Confira a nota completa:

Nota de esclarecimento Marcelo by Metropoles on Scribd

À época, a família de Ricardo Aragão reagiu com indignação à liberação de Marcelo Damasceno Barroso, após ele prestar esclarecimentos à Polícia Civil. “O que mais incomoda é saber que o responsável pelo atropelamento responderá em liberdade, uma vez que se apresentou à delegacia. É uma sensação de impunidade saber que ele saiu de lá (delegacia) e foi embora”, disse a irmã de Ricardo, Ysmine Aragão, 54.

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