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Preso morto na Papuda teria sido vítima de briga entre facções rivais

Thiago da Silva Miranda, 27 anos, teria sido asfixiado por outros internos, que tentaram simular um ataque cardíaco

atualizado

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RAFAELA FELICCIANO/METRÓPOLES
Rafaela Felicciano/Metrópoles
1 de 1 Rafaela Felicciano/Metrópoles - Foto: RAFAELA FELICCIANO/METRÓPOLES

A guerra pela liderança de uma facção criminosa seria uma das motivações causadoras da morte de um custodiado no Centro de Detenção Provisória (CDP) do Complexo Penitenciário da Papuda na madrugada de quinta-feira (18/1). Thiago da Silva Miranda, 27 anos, teria sido asfixiado por outros internos, os quais supostamente tentavam simular um ataque cardíaco. Médicos do Instituto Médico Legal (IML) notaram sinais de que o preso havia sido asfixiado.

Na tarde de quinta, outro preso morreu na Papuda, vítima de parada cardíaca, segundo a Secretaria de Segurança. Já são quatro mortes no sistema penitenciário, em um período de apenas 19 dias.

O Metrópoles apurou, com fontes ligadas ao sistema, que uma das organizações criminosas envolvidas na disputa seria a Paz, Liberdade e Direito (PLD), uma espécie de ramificação do Primeiro Comando da Capital (PCC).

A história do PCC em Brasília começou no dia 5 de março de 2001, após o chefe máximo da organização desembarcar em terras candangas. Depois de peregrinar por diversos presídios do país, Marcos Herbas Camacho, o “Marcola”, foi recolhido ao Centro de Internação e Reeducação (CIR). Apesar de a estada ter sido curta – ficou preso até 8 de fevereiro de 2002 –, ele teve influência sobre a massa carcerária local.

Na Papuda, Marcola criou o organograma do PLD. Investigadores da Divisão Especial de Combate ao Crime Organizado (Deco) identificaram que a facção havia sido criada nos mesmo moldes do grupo paulista, inclusive em relação às regras contidas em seu estatuto.

Células neutralizadas
Até então, com todas as células identificadas e neutralizadas, o grupo pouco se movimentava dentro dos presídios do Distrito Federal. Após a morte do interno – que está sendo investigada pela Gerência de Inteligência da Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe), pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e a 30ª Delegacia de Polícia (São Sebastião) –, a preocupação das autoridades é desarticular qualquer movimento das facções dentro das cadeias do DF.

De acordo com uma fonte do sistema prisional ouvida pelo Metrópoles, existe a informação de que há uma disputa pela liderança em grupos criminosos, não apenas do PLD. “Alguns integrantes dessas facções estariam brigando por mais espaços e pelo poder dentro das organizações. Agora, o mais importante é individualizar cada um dos internos e separá-los, para que outras mortes sejam evitadas”, disse o servidor.

Os levantamentos feitos pela polícia mapearam que o organograma do PCC seria rígido e semelhante a uma estrutura militar, com níveis de comando hierarquizados, divididos em escalões, de acordo com o poder exercido pelos membros e suas respectivas funções dentro da facção.

A organização criminosa ainda construiu uma rede de colaboradores, formada por advogados, familiares, namoradas e visitantes.

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Segurança Pública não havia se manifestado até a última atualização desta matéria.

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