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Família de rapaz morto por policial civil em Taguatinga cobra Justiça

Segundo Simone Mota, tia que criou Gustavo Gero Soares, o agente, lotado em Goiás, matou não somente o jovem, mas “a família inteira”

atualizado

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Arquivo Pessoal
1 de 1 - Foto: Arquivo Pessoal

Parentes e amigos do empresário Gustavo Gero Soares, assassinado pelo policial civil de Goiás Paulo Roberto Gomes Bandeira, 51 anos, à véspera do último Dia das Mães, prometem ir às ruas cobrar Justiça pela tragédia. Revoltados, eles organizam uma passeata em Taguatinga para o sábado (19/5), exatamente uma semana após a morte do jovem, 25.

“Não podemos deixar essas coisas passarem em pleno Século 21. Vamos lutar por Justiça até o fim. Ele (Paulo Roberto) não matou só o Gustavo, mas uma família inteira”, lamentou a tia da vítima, a policial militar da reserva Simone Mota. Ela criou o empresário. O rapaz vivia com os avós maternos em Taguatinga Norte. “Era um jovem alegre, muito amoroso. Dizia que eu era mãe dele”, relembrou.

Gustavo era engenheiro civil e tinha uma loja de autopeças em Vicente Pires. Ele foi assassinado com um tiro na QNL 9/11, em Taguatinga Norte. A vítima estava na companhia do amigo e bancário Carlos Augusto Moreira Galvão, 26, que também foi baleado. O tiro acertou o braço direito do colega, de raspão.

O Metrópoles teve acesso ao boletim de ocorrência, registrado pela 12ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Centro). Segundo a polícia, o empresário e o amigo haviam parado entre uma casa e um carro e urinaram em um muro próximo. Naquele momento, Paulo Roberto bebia em um bar e repreendeu os jovens pelo ato.

Ele (Paulo Roberto) falou que ali não era lugar para mijarmos, pois havia crianças e deveríamos ter feito aquilo em um banheiro. O Gustavo, então, disse ‘só estamos mijando, não matando alguém’. E pediu desculpas

Carlos Augusto Moreira Galvão, amigo da vítima

Em seguida, o empresário e o amigo foram a uma distribuidora de bebida para comprar duas cervejas e cigarros. Na volta, o policial civil os interpelou novamente, mas com agressões racistas. “Já estávamos indo para o carro quando ele me chamou de ‘neguinho’ e disse ‘raça ruim’. O Gustavo ouviu, foi tirar satisfação e o acertou com um soco no rosto”, relatou.

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Os jovens, então, caminharam novamente em direção ao carro, quando Paulo Roberto foi até o próprio veículo, sacou uma pistola calibre .40, da Polícia Civil de Goiás, e disparou contra o chão.

“Perguntei: ‘Você vai mesmo atirar contra nós? Está louco?’. Aí ele atirou contra o Gustavo e eu parti para cima dele”, contou. Após a luta corporal, conforme relatou, Carlos desarmou Paulo Roberto, mas foi atingido com uma coronhada na cabeça e um tiro no braço. “Tomei a arma dele. Se eu fosse um assassino, poderia ter atirado contra ele, que estava caído. Mas jamais tiraria a vida de alguém.”

Quando o Corpo de Bombeiros chegou ao local, Gustavo já estava morto. A bala responsável por tirar a vida do engenheiro o atingiu na barriga e se alojou em um ombro. Carlos, por sua vez, foi levado ao Hospital Regional de Ceilândia (HRC), unidade em que recebeu os primeiros socorros. “Perdi meu melhor amigo. Agora, tento tirar forças não sei de onde, para ajudar a família”, lamentou.

A Polícia Militar chegou em seguida, prendeu Paulo Roberto em flagrante por homicídio e tentativa de homicídio e apreendeu a arma do acusado. Na sequência, o suspeito foi conduzido ao Hospital Regional Taguatinga (HRT) e, posteriormente, à 12ª DP. Ele prestou depoimento e está no Departamento de Polícia Especializada (DPE) de Brasília.

No interrogatório, Paulo afirmou ter agido em legítima defesa e argumentor que “não tinha intenção de atingir ninguém, tampouco matar, pois a arma disparou acidentalmente quando tentaram tomá-la”. Após audiência de custódia, o policial teve a prisão convertida em preventiva. O processo tramita no Tribunal do Júri de Taguatinga, onde o acusado será julgado.

Além disso, a corregedoria da Polícia Civil de Goiás investiga suposta transgressão disciplinar.

Histórico
Paulo Roberto Gomes Bandeira entrou na Polícia Civil de Goiás há 27 anos, como auxiliar de agente policial. Ele estava, segundo a corporação, em tratamento contra crises de ansiedade na Coordenação de Proteção à Saúde do Servidor (CPSS). Em 2013, o acusado respondeu procedimento na corregedoria por fuga de presos e ficou 17 dias afastado.

A corporação acrescentou que o homem estava em fase de avaliação e, por isso, a pistola dele não foi recolhida. “A arma do policial só é retirada quando a perícia médica determina e a coordenação de proteção ao servidor não tem médicos, apenas psicólogos. Ele não estava com transtorno psicológico, mas fazendo terapia”, disse, em nota.

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