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“Virão outras batalhas, mas esta a gente venceu”, diz mãe de siamesas

As gêmeas brasilienses Mel e Lis passaram por uma cirurgia de separação no último sábado. As duas estão bem e uma delas já acordou

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Luci Vânia/Foto cedida pela família
Mel e Lis
1 de 1 Mel e Lis - Foto: Luci Vânia/Foto cedida pela família

Mel e Lis passam bem. As gêmeas siamesas brasilienses que enfrentaram uma cirurgia de separação, no último sábado (27/04/2019), dividem o mesmo quarto e, pela primeira vez, estão deitadas em leitos separados. As duas estavam em coma induzido, mas Lis já despertou. A operação foi um marco para a medicina brasileira. O procedimento em craniópagas (irmãs unidas pelo crânio) é o primeiro desse tipo realizado no Distrito Federal e o terceiro feito no Brasil.

“Virão outras batalhas, mas esta a gente venceu”, disse Camilla Vieira Neves, 25 anos, mãe das bebês, em entrevista na tarde desta segunda-feira (29/04/2019). Os pais descreveram a cirurgia como um maravilhoso milagre. Segundo a mãe, durante a gravidez, chegaram a aconselhá-la a fazer um aborto, mas ela afirmou que jamais cogitou isso e apenas pediu a Deus que lhe enviasse anjos na caminhada. “Os médicos foram esses anjos”, afirmou Camilla.

A família mora em Ceilândia. Rodrigo Martins Aragão, 30, é supervisor comercial, e a mãe trabalha como prestadora de serviços no Ministério da Saúde. Os pais contaram que a gravidez não foi planejada, mas significou o presente mais maravilhoso que já receberam. “A chegada delas tem um propósito claro em nossas vidas”, disse Camilla.

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As gêmeas completarão um ano em 1º de junho. Os médicos afirmaram que elas ainda estarão internadas na data, em recuperação, mas planejam fazer uma festa no hospital. “Nossa meta é comemorar o aniversário delas brincando na ala de enfermaria”, afirmou o anestesiologista Luciano Alves Fares.

Os pais agradeceram muito aos profissionais e afirmaram que a união do time de médicos, enfermeiros e funcionários foi reconfortante durante todo o tratamento. O maior desejo da família é fazer passeios simples, daqueles que os pais de recém-nascidos estão acostumados. “Quero colocar minhas filhas nos carrinhos e ir dar uma volta no parque ou no shopping”, afirmou Camilla.

Cirurgia
Os casos de gêmeos siameses são bastante raros e, entre eles, os unidos pelas cabeças são ainda mais incomuns. Na literatura médica internacional, a situação das brasilienses é a 10ª em que houve indicação para a realização da operação. “Será a primeira e a última vez que farei uma cirurgia destas”, afirmou o neurocirurgião Benicio Oton de Lima, que chefiou a equipe médica. Apenas um em cada 2,5 milhões de nascimentos é de craniópagos.

Prestes a completar 11 meses, Mel e Lis vêm sendo acompanhadas pelo Hospital da Criança de Brasília desde agosto do ano passado. Doutor Benício conheceu as duas quando ainda estavam na barriga da mãe, que era atendida pelo Hospital Materno Infantil de Brasília. A mulher estava, então, com 12 semanas de gestação.

Foi necessária uma série de exames para verificar se, de fato, elas teriam chances de serem separadas. Em fevereiro, as duas passaram por uma primeira cirurgia, para que fossem instalados extensores de silicone e os corpos delas produzissem pele.

Os cirurgiões treinaram em moldes 3D e bonecas. Tudo foi ensaiado milimetricamente para diminuir os riscos de um procedimento tão complicado. “Imensa satisfação de ter participado desse procedimento tão especial. É um trabalho em equipe”, afirmou o cirurgião plástico Ricardo de Lauro Machado Homem.

Veja o vídeo da impressão em 3D que auxiliou os médicos na cirurgia:

A cirurgia contou com especialistas norte-americanos que vieram ao DF participar do procedimento de separação das gêmeas, que completam 1 aninho no primeiro dia de junho. As fotos e os nomes das meninas foram revelados pelo Metrópoles após autorização da família.

Casos assim são bastante raros na medicina e envolvem a expertise de várias áreas médicas para que a separação seja bem-sucedida.

A equipe que trabalhou durante as 20 horas é composta de 50 profissionais. Eles se dividiram entre o centro cirúrgico e uma sala de apoio. Ao todo, foram 36 etapas.

Cinco pesquisadores americanos deram apoio ao procedimento. Entre eles, três médicos e dois enfermeiros, que foram advisors, ou aconselhadores. Dos 32 casos craniópagos registrados no mundo, nove tiveram indicações cirúrgicas. O das crianças brasilienses é o décimo.

Luci Vânia/Foto cedida pela família

Outro caso
Em outubro do ano passado, as gêmeas cearenses Maria Ysadora e Maria Ysabelle, que também eram unidas pela cabeça, passaram por um procedimento de separação no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. O grupo comandado pelo neurocirurgião Benicio Oton de Lima acompanhou a operação em São Paulo e manteve contato direto com a equipe que atuou no outro estado.

O procedimento foi realizado em cinco diferentes etapas, sendo que a última cirurgia durou cerca de 20 horas. As meninas cearenses estão bem, e o exemplo delas serviu de encorajamento para a família das siamesas acompanhadas no DF.

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