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Médica quebra o pé por causa de cadeira quebrada no Hran

“É ultrajante você atender alguém em pé”, disse a profissional, que precisou imobilizar a perna esquerda

atualizado

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raio x pé
1 de 1 raio x pé - Foto: iStock

Nomeados para cuidar da saúde da população do Distrito Federal, os profissionais da Secretaria de Saúde também se tornaram vítimas do estado crítico em que se encontram os hospitais. Na quarta-feira (18/1), uma médica sofreu uma fratura no pé esquerdo ao se levantar de uma cadeira que estava sem parafusos. O caso ocorreu no Hospital Regional da Asa Norte (Hran).

De acordo com a profissional, que prefere não se identificar, os atendimentos aos pacientes estão sendo feitos, na maioria das vezes, de pé. “Não tem cadeira nos consultórios. Quando a gente vai atender, tem que ficar implorando por cadeira”, contou a médica, que precisou imobilizar a perna esquerda.

A servidora ainda ressaltou que o problema é crônico na unidade de saúde. “É ultrajante você atender o doente em pé, com o doente em pé. A última vez consegui um banquinho, mas eu passo no corredor e vejo outros médicos fazendo atendimentos em pé”, denuncia.

A médica disse que reclamou com a administração do Hran e conseguiu uma cadeira para atender os pacientes. No entanto, o assento estava solto.

Atendi durante a tarde, e umas 16h, fui me levantar e me desequilibrei. O banco estava totalmente solto, sem parafusos. Para não cair, pisei em falso e, nisso, torci o pé. Aí, fraturou um osso. A dor foi tão intensa que eu desmaiei. A sorte foi que o técnico estava me segurando já. Podia ter acontecido algo pior

Médica do Hran
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Sucateamento
O presidente do Sindicato dos Médicos, Gutemberg Fialho, afirmou que o sucateamento das unidades de saúde do DF é evidente. “O descaso por parte do governador fica claro a cada nova denúncia que recebemos. O grito de socorro dos profissionais da saúde já é uníssono. Não temos as mínimas condições para trabalhar. De água a cadeiras, falta de tudo para oferecer um atendimento digno para a população e um ambiente de trabalho saudável para os profissionais.”

Procurada pelo Metrópoles para falar sobre o caso, a Secretaria de Saúde informou, por meio de nota, que o “incidente envolvendo a médica foi pontual e que todos os consultórios possuem mesa e cadeira para que os médicos possam prestar atendimento”.

Água gelada e cheiro de cadáveres
O Hran tem sido palco de uma série de problemas nos últimos meses. Em julho do ano passado, em pleno inverno, quem estava internado na unidade teve que tomar banho de água fria porque as caldeiras encontravam-se quebradas.

Em setembro, a câmara mortuária, onde são guardados os cadáveres de pacientes que morreram na unidade, estava sem a devida refrigeração. Dessa forma, o cheiro dos restos mortais em decomposição podia ser sentido nos corredores do hospital.

Em dezembro, o Metrópoles noticiou que, com apenas um elevador em operação, o mesmo ascensor era usado para transportar cadáveres, lixo, pacientes e refeições das pessoas internadas na instituição.

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