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Rapaz ameaçado por coronel em motel: “Apontava a arma na minha cabeça”

Em entrevista ao Metrópoles, o jovem de 21 anos falou pela primeira vez sobre o ocorrido. Ele responde em liberdade por atirar com arma

atualizado

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Samara Schwingel/Metrópoles
mão machucada
1 de 1 mão machucada - Foto: Samara Schwingel/Metrópoles

O jovem de 21 anos que estava com o coronel da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Edilson Martins da Silva, 47, no Motel Fiesta, em Taguatinga Norte, falou, pela primeira vez, sobre o ocorrido. Ao Metrópoles ele relatou como foi a abordagem do oficial até o momento em que conseguiu sair do estabelecimento.

A entrevista, sob condição de anonimato, foi feita assim que o menino saiu da carceragem. Ele e o coronel vão responder em liberdade. O jovem, por atirar com arma de fogo; o coronel, por estupro. Ambos terão de usar tornozeleira eletrônica. O garoto não pode chegar a 500 metros do motel.

Segundo o rapaz, tudo começou quando ele deixou um amigo em casa depois de um bar. “Eu estava subindo a rua em direção à minha casa mesmo. Foi quando ele me chamou e me perguntou para onde que eu estava indo, onde eu morava. Eu não dei nenhum endereço, falei que morava nas proximidades. Ele perguntou se eu usava pó e  eu respondi que não.  Essa conversa foi toda em movimento; eu não parei, nem ele. Dava pra ver que ele estava bêbado, mas eu aceitei a carona. Foi o meu pior erro”, começa o relato.

Depois de entrar no veículo, o jovem conta que eles deram várias voltas no comércio e o policial começou a falar que estava à procura de um homem que havia batido nele. Neste momento, o jovem diz ter tentado, por diversas vezes, sair do automóvel. “Ele disse que ia na casa dele para buscar a arma para matar essa outra pessoa. Só que eu já estava pedindo para ele me deixar na altura do SESC, me deixar próximo ao centro. Mas ele disse que não, que era pra eu ir com ele”, comenta.

Jovem que atirou em motel para fugir de coronel da PMDF é solto

Quando Edilson chegou em sua residência e desceu para pegar a arma, o jovem relata que tentou fugir, pois, segundo ele, percebeu que o PM não iria deixá-lo em casa. “Quando eu pedia coisas, como, por exemplo, para ele me deixar próximo de casa, ele ficava nervoso”, afirma.

De volta ao automóvel e com a pistola em punho, o jovem conta ter começado a mandar mensagens a um amigo em busca de ajuda.

“Na hora que a gente entrou no carro, ele já engatou a arma e mostrou, sempre com um diálogo de que iria matar o cara, de que ele mata, porque ele é bruto. A gente voltou para comercial para procurar essa tal pessoa. Demos várias voltas, ele andou na contramão e, diversas vezes, apontou a arma na minha cabeça. Eu comecei a mandar mensagens para um amigo, com a localização e gravando tudo o que ele estava falando“, completa.

Veja troca de mensagens entre o rapaz e o amigo:

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Drogas

Antes de chegarem ao motel, o rapaz conta que Edilson lhe deu dinheiro e falou que ele comprasse drogas. Teriam sido R$ 70 de cocaína e R$ 30 de lança-perfume. Dentro do carro, o coronel preparou a cocaína para uso. O jovem afirma que, neste momento, estava colaborando com o PM, por medo de que algo pior acontecesse.

“Eu já tinha entendido que, se eu não fizesse o que ele falasse, ele ia ficar nervoso e apontar arma na minha cabeça. Então, eu parei de ir contra ele para que não acontecesse nada. Já estava nessa situação”, diz.
A todo momento, o rapaz conta que não sabia para onde estavam indo. “Ele chegou na BR 070. Eu quase tive uma atitude premeditada de puxar o freio de mão porque ele estava dirigindo de uma forma muito perigosa. Muito perigosa mesmo. Eu já sabia que ele não estava mais procurando a outra pessoa e que não ia me deixar sair. Fiquei preocupado, pensei em puxar o freio de mão do carro, pedi para ele deixar eu dirigir o carro, mas ele disse que não, que ele sabia o que estava fazendo. Então, entrou no motel”, conta.

No motel

Quando chegaram ao estabelecimento, o rapaz recorda que manteve o intuito de colaborar com o coronel. Em certo momento, o policial saiu do quarto para procurar a arma que havia deixado no carro.

“Nessa hora, eu fiquei no quarto. Mas ele demorou muito e eu fui ver o que estava acontecendo. Ele não estava conseguindo achar a arma. Eu achei e entreguei a fim de ganhar a confiança dele”, reforça. Depois que encontraram a arma, subiram de volta para o quarto. O PM deixou a pistola sobre a cama. O jovem conta que conseguiu esconder o artefato sob o travesseiro.

“Teve uma hora que ele levantou da cama. Não lembro o que ele foi fazer, mas sei que ele foi para uma parte isolada do quarto. Foi o momento que eu peguei a chave do carro, a chave do quarto e a arma. Desci, deixei tudo, deixei meu celular no quarto, minhas roupas, desci pelado, e tranquei ele no quarto. Entrei no carro e fui em direção à saída do motel. Eu já estava pedindo socorro, buzinando, com o pisca-alerta ligado. Só que ninguém abriu o portão. Eu fiquei muito tempo. Uma mulher apareceu, perguntou o número do quarto e não voltou mais. Percebi que ninguém iria me ajudar e que eu tinha que fazer alguma coisa. Foi aí que eu disparei contra o muro do motel”.

Fuga

Durante a tentativa de fuga, o jovem, além de descarregar a arma contra o muro do motel, chegou a bater em vários carros que estavam estacionados no local. “Bati o carro dele várias vezes tentando sair”, comenta. O rapaz chegou a se machucar enquanto tentava escapar.

Ele conta que tudo ocorreu muito rápido. “Quando cheguei na entrada do motel já tinha viaturas lá. Eu vi quando tentei pular o muro para pedir socorro. Imediatamente, desci e entreguei a arma por de baixo do portão”, explica.

Ele conta que a fuga foi um momento de impulso. “Eu já estava esperando por esse momento, pensando nisso. Desde quando fomos na casa dele, desde que comecei a mandar a mensagem para o meu amigo, eu já estava pensando em fugir. No momento que decidi fugir foi quando vi que ele estava de costas para mim e em um lugar que dava para eu fugir, porque ele não poderia vir atrás de mim tão facilmente”, diz.

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