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Porteiro e morador entraram em cisterna para salvar operários no DF

O porteiro Elvis Rodrigues Barros, 28 anos, e Gilvan Mesquita da Fonseca, 49, arriscaram a vida. Elvis está internado, e Gilvan saiu ileso

atualizado

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Igo Estrela/Metrópoles
Operários morrem após acidente em cisterna com 7 metros de profundidade em aguas claras 1
1 de 1 Operários morrem após acidente em cisterna com 7 metros de profundidade em aguas claras 1 - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

A operação de resgate em uma cisterna no Residencial Santorini, em Águas Claras, nessa quarta-feira (28/9), teve a participação de dois homens que podem ser considerados heróis em meio à tragédia. Três operários trabalhavam na instalação de uma bomba de drenagem de água quando perderam a consciência e desmaiaram no local. O porteiro Elvis Rodrigues Barros, 28 anos, e o morador do edifício Gilvan Mesquita da Fonseca, 49, arriscaram a vida e salvaram uma das vítimas.

Caio Alves da Cruz, 24 anos, Wanderson Soares da Silva, 26, e Gutemberg José de Santana, 53, gritaram por socorro antes de desmaiarem dentro da cisterna. Gilvan chegava ao prédio quando um dos funcionários que trabalham no edifício — identificado como Maurício — pediu que o morador ajudasse os operários. O homem é brigadista e chegou a entrar na cisterna, mas, ao perceber os homens estavam desmaiados, saiu e ligou para o Corpo de Bombeiros do DF.

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Desesperado diante da cena, Elvis também entrou na cisterna, na tentativa de ajudar os operários. Quando as equipes de socorro chegaram ao local, o porteiro havia conseguido sair, mas apresentava dificuldade para respirar, náuseas e tontura; por isso, foi transportado com urgência para o Hospital Regional de Taguatinga (HRT).

Dentro da cisterna, os três trabalhadores foram encontrados inconscientes. Os bombeiros prestaram socorro, mas Gutemberg e Wanderson sofreram parada cardiorrespiratória e não resistiram.

Caio também teve uma parada cardiorrespiratória, mas os militares reverteram o quadro. Ele foi levado para o Hospital de Base inconsciente e em estado crítico. Na manhã desta quinta-feira (29/9), o paciente respirava por aparelhos, na sala de cirurgia de trauma. O quadro é de soterramento e inalação de gases tóxicos.

 

Emissão de gás

Ao chegarem ao local do ocorrido, o CBMDF encontrou três vítimas inconscientes, dentro da cisterna. Gutemberg, Wanderson e Caio Alves da Cruz, 24 — um terceiro funcionário das empresas contratadas para fazer de manutenção da cisterna — precisaram ser reanimados, pois tiveram uma parada cardiorrespiratória.

Gutemberg e Wanderson não resistiram, e Caio segue internado em estado grave, assim como o porteiro do prédio, Elvis Rodrigues Barros, 28, que desceu para tentar ajudar as vítimas, mas conseguiu sair antes de desmaiar.

Tenente do CBMDF, Renato Augusto Silva detalha que os três trabalhadores da manutenção usavam uma bomba à combustão para drenar a água da cisterna. Depois de ligarem a máquina, o grupo saiu do poço, mas passou mal ao reentrar para conferir se estava vazio.

“Eles usaram uma motobomba, ligaram [o equipamento] e saíram da cisterna, para esperar drenar. Quando entraram novamente, começaram a ficar inconscientes. O gás gerado é altamente tóxico e expulsou o oxigênio do poço, que é muito estreito. Assim, as pessoas perdem a consciência muito rápido”, comentou o militar.

Outro ponto que pode ter levado à tragédia, segundo Renato Augusto, seria o fato de haver lama na cisterna, cuja matéria orgânica pode ter gerado gases no interior do poço. “Se for necessário trabalhar em um ambiente confinado assim, fechado há muito tempo, nossa recomendação é de que as pessoas façam aeração do local, que o ventilem, e nunca usem equipamentos de combustão nesses locais”, destacou o tenente Renato Augusto.

Nenhum dos envolvidos usava equipamentos de proteção individual. No entanto, o militar destacou que, devido às condições do ambiente, não seria possível garantir que o uso de equipamentos evitasse a tragédia, em virtude da falta de oxigênio na cisterna.

Empresas envolvidas

O Metrópoles apurou que há três empresas envolvidas no serviço de troca da bomba da cisterna: HL2 Engenharia, Grupo K2 Serviços e Império Garden.

A HL2 Engenharia confirmou, em nota, que o Residencial Santorini a contratou apenas para os serviços de impermeabilização e drenagem da cisterna. “Não consta em nosso contrato de prestação de serviços a execução da limpeza da cisterna e posterior ligação de bombas”, detalhou.

Segundo a empresa, a Império Gardem “foi contratada diretamente pela administração do condomínio para serviço de limpeza de cisterna e ligação de bomba, sendo atividade terceirizada, desvinculada da empresa HL2”.

A HL2 também destacou que ajudou a entrar em contato com as equipes de socorro para o resgate das vítimas. “A empresa se solidariza com as famílias dos trabalhadores vitimados, e informa que está prestando assistência à família do funcionário internado”.

A K2 ressaltou que a “empresa realiza somente os serviços de limpeza e de portaria no condomínio. “Ocorre que o nosso porteiro, presenciando a situação, tentou ajudar a equipe e também caiu na cisterna e inalou o gás. Ele está no HRT e tem sintomas leves. Estamos acompanhando o funcionário e dando todo o suporte necessário a ele”, acrescentou.

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