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“Por que isso?”, desespera-se mãe de menino de 11 anos morto

Levado à delegacia oito vezes, suspeito de cometer diversos atos infracionais, garoto foi assassinado a pauladas

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
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1 de 1 Enterro-do-menino-de-11-anos - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

A família do menino de 11 anos encontrado morto em Águas Lindas (GO), Entorno do Distrito Federal, se despediu do garoto na tarde desta sexta-feira (08/11/2019), no Cemitério de Taguatinga. O corpo da criança foi localizado por populares com sinais de espancamento, às margens de um córrego, no bairro Setor 07 da cidade, na terça-feira (05/11/2019). A Polícia Civil de Goiás (PCGO) ainda investiga o crime.

O enterro, ocorrido às 17h, foi marcado pela dor dos parentes que, em frente ao caixão pequeno, precisaram dizer adeus. “Por que isso com ele?”, questionava a mãe da vítima.

Ao Metrópoles, Wallace Álvaro Pinheiro, 21, tio da criança, contou que o menino sempre passou por abrigos e se tornou mais agressivo após sofrer abuso sexual, aos 9 anos. “Ele sempre levou essa vida, passando de abrigo em abrigo. Mas se tornou assim depois que abusaram dele em Águas Lindas. Foi quando começou a usar drogas, porque deve ter sido um choque emocional muito grande para ele. Era só uma criança, precisava de mais apoio do governo”, lamentou o familiar.

De acordo com Wallace, o menino deixou a escola quando ainda cursava o 1º ano do ensino fundamental. “Depois que ele saiu desse abrigo, foi morar com uma tia e voltou a estudar. Mas ficou duas semanas e saiu da escola”, lembrou.

Para outra tia da criança, Dara Álvaro Pinheiro, 23, o menino deveria ter recebido mais apoio dos abrigos em que morou. “Ele saía quando queria. Chegava, comia e ia para a rua de novo. Sempre ficava entre Águas Lindas e aqui. Mas a mãe dele corria atrás, várias vezes foi até lá buscá-lo”, contou. “Ele era apenas uma criança. Se o Estado tivesse apoiado mais, ele não estaria morto agora”, considerou Dara.

Levado oito vezes à DP

PCGO suspeita que a criança tenha sido assassinada por pessoas de quem ela roubou. A vítima, que foi levada pelo menos oito vezes para a delegacia somente neste ano, tinha sinais de espancamento. Há indícios de que o garoto tenha sido assassinado com pedaços de pau ou ferro.

Conforme o delegado Cléber Martins, da 17ª Delegacia Regional de Polícia (Águas Lindas de Goiás), a hipótese da investigação é que o crime tenha sido motivado por vingança. Nenhum suspeito foi identificado até o momento.

Ameaças

Em função dos diversos delitos, o garoto vinha sofrendo ameaças de morte. A criança havia passado por alguns traumas, como abuso sexual quando era menor e o falecimento do irmão mais velho.

Cleiton Vital de Oliveira, conselheiro tutelar de Taguatinga Norte, acompanhava o caso do menino. Segundo ele, a vítima fazia uso de substâncias entorpecentes e se tornava agressiva quando estava drogada.

Com medo de ameaças, a família se mudou de Águas Lindas (GO) para Ceilândia e, por fim, Taguatinga. De acordo com o conselheiro, quando o menino ficava sóbrio, reconhecia a situação crítica em que estava e que tinha que mudar.

“Quando ele não usava entorpecentes, ficava calmo e tranquilo. Eu conversava com ele, que dizia querer sair dessa vida. Reconhecia a gravidade das ameaças. Mas o vício foi maior, e ele acabou morto”, lamentou.

A ameaça ao jovem era constante. O conselheiro ofereceu o programa de proteção, porém ele recusou. “Acabamos o colocando em uma casa de acolhimento em Taguatinga, mas, como não era internação compulsória, não era obrigado a ficar lá. Então, podia sair à hora que quisesse. Ele cometia pequenos furtos para sustentar seu vício”, disse.

O conselheiro afirmou que a mãe do garoto está muito abalada e que, durante todo o processo, lutou muito pelo filho. “Ela sempre demonstrou preocupação e queria muito a recuperação dele. Eles se mudaram para três cidades diferentes por conta de o jovem sempre estar sendo ameaçado”, assinalou.

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