metropoles.com

Chefe da Casa Civil: há “obstáculos” para reduzir impostos no DF

Equipe de Ibaneis pediu que GDF adequasse orçamento com a previsão de renúncia da receita com diminuição de taxas, mas atual gestão resiste

atualizado

Compartilhar notícia

Michael Melo/Metrópoles
sérgio sampaio
1 de 1 sérgio sampaio - Foto: Michael Melo/Metrópoles

A gestão do governador Rodrigo Rollemberg (PSB) não levará adiante os planos da equipe de transição do próximo chefe do Executivo local, Ibaneis Rocha (MDB), de alterar o orçamento de 2019 a fim de reduzir impostos. O secretário-chefe da Casa Civil, Sérgio Sampaio, disse nesta sexta-feira (7/12) que foi encontrada “uma série de obstáculos jurídicos”.

O gestor aponta que a legislação eleitoral impede os agentes públicos de aplicarem desonerações fiscais. Embora a eleição para o Palácio do Buriti tenha sido concluída em 28 de outubro, a proibição permaneceria até 31 de dezembro, na análise do Governo do Distrito Federal (GDF). “Já consultamos a Procuradoria-Geral, e ela entende que permanece a vedação até o término deste ano”, afirmou.

Em 23 de novembro, o vice-governador eleito e coordenador da transição, Paco Britto, solicitou a adoção de medidas necessárias para a alteração da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e do Projeto da Lei Orçamentária Anual (PLOA) prevendo a renúncia de receita dos seguintes tributos: Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCD) e Simples Nacional e Diferencial de Alíquota (Difal).

Outro argumento usado por Sampaio é que há fontes impedidas por lei de serem sujeitas a diminuições. A transição apontou, no ofício, quais despesas seriam cortadas para adequar a renúncia de receita, prevista em R$ 685 milhões. “Tem uma lei que diz que tem que garantir orçamento mínimo da FAP [Fundação de Apoio à Pesquisa]. Esse corte a gente já não poderia fazer”, explicou.

A gente não vai mandar [para o Legislativo] porque, primeiro, esses pedidos em relação à alteração da LOA implicam em desonerações fiscais. Nós estamos impedidos pela Lei Eleitoral. Sobre outras fontes de cancelamento, entendemos que não têm viabilidade legal

Sérgio Sampaio, secretário-chefe da Casa Civil

Sampaio sugere que a Câmara Legislativa (CLDF) é capaz de fazer as alterações por meio de emendas. “Os parlamentares que entenderem que não há, em relação a eles, essa vedação da Lei Eleitoral e que possam encontrar no nosso orçamento outras despesas passíveis de serem canceladas, poderão fazer [as mudanças]”, afirmou.

O próprio governo sucessor também poderia alterar as taxas durante o exercício de 2019, exceto a do IPVA, pois não haveria mais tempo hábil, de acordo com o titular da Casa Civil.

Resistência
O impasse entre a atual gestão e a próxima foi mostrado pelo Metrópoles nesta sexta-feira (7). O secretário de Fazenda, Wilson de Paula, respondeu a Sampaio por meio de ofício em 29 de novembro. O gestor indica empecilhos para a execução das ações necessárias às mudanças. Entre os argumentos, está o de que essa é uma prerrogativa do governador atual.

Paco, então, enviou na última terça-feira (4) um novo ofício, reforçando o pedido. “O apanhado jurídico compilado no citado ofício [de Wilson] nada inova e ignora a importância da transição para o governo”, assinalou.

O vice-governador eleito argumentou que a proposta da transição é análoga ao Projeto de Lei nº 2017/2018, o qual prevê a alteração da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre os cigarros, passando de 37% para 29%.

Sampaio rebateu, afirmando que a previsão para a redução da alíquota na LDO e na LOA foi enviada ainda em 2017 e, por isso, não infringiu a Lei Eleitoral. “Entendemos que gerou uma situação de prejuízo para o DF, porque o imposto é tão alto que as empresas distribuidoras se retiraram do DF e foram para Goiás”, disse.

O outro lado
O futuro secretário de Fazenda, André Clemente, diz que, diante das resistências que o grupo do próximo chefe do Executivo local tem encontrado, vai precisar recorrer à Câmara Legislativa para alterar os tributos.

“O GDF, pontualmente, vem dificultando as ações necessárias para reduzir o IPVA [Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores], o ITBI [Imposto de Transmissão de Bens Imóveis Inter-Vivos], o ITCD [Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos] e o Difal [Diferencial de Alíquota] e criar o Gera Emprego. Ignora os motivos sociais e econômicos suscitados”, declarou.

Clemente afirmou que, durante o governo Ibaneis, não haverá distinção entre os contribuintes. “O tratamento que for dispensado às grandes empresas e grupos econômicos será o mesmo às empresas de pequeno porte, microempresas e aos cidadãos comuns, que pagam seus impostos e esperam retorno em serviços públicos de qualidade.”

O futuro secretário destaca, ainda, que “a justiça fiscal será prioridade”. “Vai custar muito resgatar a justiça fiscal e a eficácia na administração tributária, mas nós faremos. A população fez sua escolha”, acrescentou.

O próximo titular da pasta fazendária reforça que a atual administração tributária encaminhou projeto a fim de reduzir a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços para cigarros, “para manter emprego e aumentar arrecadação”, e ainda solicitou concordância do governo de transição para reduzir o ICMS cobrado de indústrias e atacadistas. “Entretanto, recusa-se a apoiar redução de impostos para cidadãos, micro e pequenas empresas, que têm os mesmos fundamentos de geração de emprego e aumento da arrecadação”, concluiu.

Apesar de toda dedicação e esforço do governador Rollemberg e do secretário Sérgio Sampaio, que muito vêm colaborando com a transição, a área fiscal deles continua atrapalhando o Distrito Federal

André Clemente, futuro secretário de Fazenda

Contratos
A equipe de transição tem solicitado a suspensão de licitações em curso. Sampaio informa que pede para o grupo de Ibaneis enviar os requerimentos por escrito, para a análise técnica necessária. Porém, Sampaio alerta que nem todos poderão ser atendidos.

“Há contratos nos quais temos algum nível de responsabilidade. Porque você pode, ainda que depois de encerrada a sua missão, ser responsabilizado. A gente tem que analisar caso a caso”, argumentou.

Sampaio ressalta que não há posição de enfrentamento. “Aquilo que é possível suspender, nós temos tido a boa vontade. Não existe postura de enfrentamento, de maneira nenhuma”, concluiu.

A transição quer fazer uma avaliação de cada certame a fim de definir quais são realmente necessários. Os requerimentos incluem a compra de automóveis de luxo para a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF).

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?