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PF faz devassa em empresa do presidente do Senado, Eunício Oliveira

Cumprindo mandados de busca e apreensão, autorizados pelo Supremo, agentes levaram malotes da Confederal na manhã desta terça-feira (21/3)

atualizado

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Michael Melo/Metrópoles
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1 de 1 confederal - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Após três horas de operação, agentes da Polícia Federal deixaram a sede da empresa Confederal, que pertence à família do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), por volta das 11h desta terça-feira (21/3). O material apreendido com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) foi levado em malotes para a sede da corporação. A devassa faz parte de mais uma fase da Lava Jato. A empresa funciona no Setor de Armazenagem e Abastecimento Norte (SAAN).

Os alvos são pessoas ligadas a Eunício e aos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Valdir Raupp (PDMB-RO) e Humberto Costa (PT-PE). A PF esclareceu, entretanto, que não foram expedidos mandados contra os parlamentares. A corporação ainda não informou os detalhes e o motivo da ação desta terça. Além da Confederal, outro mandado foi cumprido em Brasília, na casa do presidente da empresa, Ricardo Augusto, sobrinho de Eunício.

Ordens de busca e apreensão também estão sendo cumpridas em 13 endereços de Maceió (2), Recife (5), Rio de Janeiro (3) e Salvador (2). O objetivo é investigar indícios dos crimes de corrupção ativa e passiva e de lavagem de dinheiro.

Segundo a PF, esta é a primeira vez em que são utilizadas informações dos acordos de colaboração premiada firmados com executivos e ex-executivos da Odebrecht. Os acordos foram homologados pelo STF em janeiro deste ano. Trata-se da 7ª fase da Lava Jato, que apura o envolvimento de pessoas com prerrogativa de foro junto ao STF.

Delação
Em seu primeiro mandato de senador, após três como deputado federal, Eunício Oliveira foi citado na delação de Cláudio Melo Filho, executivo da empreiteira Odebrecht. Segundo Cláudio, o peemedebista recebeu R$ 2 milhões, em duas parcelas, a título de “ajuda” para a aprovação de projetos no Senado. Nas planilhas dos supostos pagamentos, o senador é chamado de “Índio”. Ele nega ter recebido os recursos.

Em nota, a defesa do senador disse que Eunício “tem a convicção que a verdade dos fatos prevalecerá”. A nota afirmou ainda que ele autorizou em 2014 que fossem solicitadas doações, “na forma da lei”, à sua campanha ao governo do Ceará.

Contratos milionários
Além de político, Eunício é reconhecido por ser um empresário e agropecuarista de sucesso. Nos últimos anos, empresas ligadas a ele mantiveram contratos com o Governo do Distrito Federal. Nos últimos seis anos, duas dessas companhias faturaram quase meio bilhão de reais dos cofres do Executivo local. A Confederal Vigilância e Transporte de Valores e a Confere Comércio e Serviços de Alimentos são as principais executoras de contratos de vigilância e transporte de valores na capital.

Dados do Sistema Integrado de Gestão Governamental (Siggo) mostram que, entre 2012 e o dia 31 de janeiro de 2017, a Confere recebeu R$ 138,1 milhões do GDF, enquanto a Confederal ficou com R$ 330,9 milhões, totalizando R$ 469 milhões. Na declaração de bens apresentada à Justiça Eleitoral, Eunício Oliveira aparece como acionista das duas empresas.

Em 2010, ano em que foi eleito para o Senado, a fortuna declarada pelo político ao Tribunal Superior Eleitoral chegava a R$ 36,7 milhões. No documento, constam as participações societárias na Confere e na Confederal. O patrimônio se multiplicou em 2014, quando Eunício foi derrotado na disputa pelo governo do Ceará. Naquele ano, a lista de bens declarada ao TSE somava R$ 99 milhões.

União
As empresas do presidente do Senado também têm contratos na esfera federal. A Confederal e a Corpvs mantêm negócios de R$ 703 milhões com bancos controlados pela União. Os valores se referem a pagamentos feitos ou previstos entre 2011 e 2019 — período do mandato de Eunício no Senado. As informações foram publicadas no jornal O Estado de S.Paulo.

Entre os contratos firmados pelas empresas de Eunício e a União, está um com o Banco do Brasil, no valor de R$ 542,8 milhões, para a prestação de serviços em 10 estados e no Distrito Federal. Hoje, a Confederal e a Corpvs são controladas pela Remmo Participações SA. Eunício tem 99,99% do controle acionário da Remmo, ainda segundo declaração de bens do senador prestada ao TSE.

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