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PF cumpre mandado em apartamento do ministro Blairo Maggi em Brasília

O ex-governador do Mato Grosso Silval Barbosa (PMDB) o acusou, em delação premiada, de participar de um esquema de corrupção no estado

atualizado

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A Polícia Federal cumpriu, nesta quinta-feira (14/9), mandado de busca e apreensão no apartamento do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, na 309 Sul. Após vasculharem a residência por três horas, os agentes saíram portando malote e computador. O ex-governador do Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB), acusou o chefe da pasta, em delação premiada, de participar de um esquema de corrupção no estado.

As ordens judiciais foram expedidas pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). O magistrado entende que há “veementes indícios” de envolvimento dos alvos em obstrução de Justiça e formação de organização criminosa.

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Na delação, Barbosa confessou ter intermediado repasse de R$ 4 milhões, a pedido de Blairo e do ex-prefeito de Cuiabá Mauro Mendes ao deputado federal Carlos Bezerra, em 2008, com o fim de comprar apoio do PMDB nas eleições municipais. À época, segundo Barbosa, o partido teria declarado apoio ao adversário do aliado de Blairo.

O delator narrou que o então secretário de Fazenda de Mato Grosso Eder Moraes foi designado a conseguir os valores para pagar Bezerra e que apresentou ao chefe da pasta o operador financeiro Júnior Mendonça, que teria conseguido R$ 3,3 milhões — “parte em cheque, parte em dinheiro”.

Ao todo, estão sendo cumpridos mandados em 64 endereços no Distrito Federal e em Mato Grosso, na operação batizada de Malebolge, 12ª fase da Ararath. Outro alvo da ação é o deputado federal Ezequiel Fonseca (PP-MT). A PF cumpre mandado de busca e apreensão no gabinete do parlamentar na Câmara dos Deputados.

Inquérito
No mês passado, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de inquérito para apurar uma organização criminosa que se instalou na alta cúpula do governo do estado, de acordo com o relato do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Embora a totalidade dos investigados no inquérito não tenha sido revelada, Janot aponta o ministro como líder da suposta organização criminosa.

“Entre os agentes políticos, destaca-se a figura de Blairo Borges Maggi, o qual exercia incontestavelmente a função de liderança mais proeminente na organização criminosa, embora se possa afirmar que outros personagens tinham também sua parcela de comando no grupo, entre eles, o próprio Silval Barbosa e José Geraldo Riva”, afirma Janot no pedido de abertura de inquérito, autorizado por Luiz Fux.

Segundo Janot, Silval Barbosa “menciona fatos típicos praticados por autoridades detentoras de prerrogativa de foro”. Dentre elas, os deputados federais Ezequiel Fonseca (PP) e Carlos Bezerra (PMDB), os senadores Cidinho Santos (PR) e Wellington Fagundes (PR), além de Maggi.

A PGR afirma que, segundo Silval, seu ex-chefe de gabinete Sílvio Cezar Correa Araújo, entre 2007 e 2010, praticou “inúmeros crimes contra a administração e lavagem de dinheiro”.

Vídeos
Como forma de corroboração à sua delação premiada, Silval Barbosa entregou à PGR vídeos que mostram políticos do estado recebendo dinheiro vivo.

O ex-governador alega que as gravações foram feitas pelo então chefe de gabinete Sílvio Cesar. De acordo com Silval, ele era o funcionário responsável por entregar os valores. O dinheiro, segundo o ex-governador, era de esquemas de propina no estado.

Entre os políticos flagrados nas imagens, estão o prefeito de Cuiabá (MT), Emanuel Pinheiro (PMDB), que chegou a colocar tantas notas em seus bolsos que parte delas caiu no chão. O vídeo mostra Emanuel agachando-se para juntar as cédulas espalhadas.

O deputado federal Ezequiel Fonseca (PP) aparece nas imagens recebendo o dinheiro em uma caixa de papelão. O então deputado estadual Hermínio Barreto (PR) é flagrado com os maços em uma mala. A atual prefeita de Juara (MT), Luciane Bezerra (PSB), também pode ser identificada no vídeo levando o dinheiro na bolsa. O ex-deputado estadual Alexandre César (PT) aparece levando notas em uma mochila.

Silval Barbosa foi preso em 14 de setembro de 2015, acusado de recebimento de propina na distribuição de incentivos fiscais e ficou quase dois anos preso.

O outro lado
O ministro Blairo Maggi declarou, em mensagem publicada na sua página do Facebook, que “jamais fez uso de meios ilícitos em sua vida pública”.

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