metropoles.com

Pequenos produtores denunciam falhas em edital para merenda no DF

Segundo cooperativas, licitação não tem mecanismo de correção da inflação e não diferencia alimentos produzidos com e sem agrotóxicos

atualizado

Compartilhar notícia

Material cedido ao Metrópoles
foto-produtores-denunciam-falhas-em-edital-para-merenda-no-DF
1 de 1 foto-produtores-denunciam-falhas-em-edital-para-merenda-no-DF - Foto: Material cedido ao Metrópoles

Produtores rurais flagraram indícios de falhas no edital para compra de alimentos da agricultura familiar destinados à merenda das escolas públicas do Distrito Federal. A licitação é de R$ 26.010.388,20.

Segundo os denunciantes, as cooperativas, o Conselho de Alimentação Escolar do DF (CAE-DF) e membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o edital não tem dispositivo para correção da inflação ou de segurança a fim de evitar impacto de crises da proporção da pandemia de Covid-19.

0

Outro equívoco, segundo eles, seria a inclusão na mesma categoria de custos de alimentos orgânicos e não orgânicos. Ou seja, não há diferenciação de preços. A medida inviabiliza a compra de produtos cultivados sem agrotóxicos.

Em terceiro lugar, de acordo com os pequenos produtores, a tomada de preços não levou em consideração os valores da agricultura familiar, o que, na visão deles, favoreceria empresas e grandes produtores. Por isso, a deputada distrital Arlete Sampaio (PT) encaminhou uma representação ao Tribunal de Contas do DF (TCDF) solicitando a suspensão e correção do edital. Para a parlamentar, as regras para a concorrência são desleais.

Todos perdem

Segundo Marco Baratto, membro da direção do MST e da cooperativa Coopercarajás, a ausência da correção da inflação prejudica todos os produtores, inclusive os grandes. “Isso aconteceu no edital passado: tinha a estimativa da média dos últimos 12 meses, mas não dialoga com o futuro. E fomos obrigados a vender com o valor fixado”, queixou-se.

Por causa da ausência do mecanismo de compensação, diversas cooperativas enfrentaram dificuldades para entregar produtos. Muitas não conseguiram pagar fornecedores.

A Coopercarajás é formada por 230 cooperados. Deste total, 215 foram assentados pela reforma agrária. O grupo prioriza a agroecologia e a produção sem agrotóxicos para preservar o meio ambiente e ofertar alimentos saudáveis.

Segundo o representante da Cooperativa de Agricultura Familiar Mista do DF (Copermista) e membro do CAE-DF, Ivan Engler, há indícios de não ter havido cotação de preços dentro das regras estabelecidas pela União.

O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) é o órgão responsável pelos repasses. “Isso deixou 11 itens dos 32 previstos com preços abaixo de um ano atrás”, denunciou. Com a inflação e os custos dos insumos, nenhum produto ficou mais barato para os produtores.

Em fevereiro de 2022, foi promulgada uma lei que impede a privatização da merenda escolar no DF. Segundo o texto, os recursos financeiros recebidos da União, bem como os próprios do governo local, devem ser executados diretamente pela Secretaria de Educação do DF.

Coincidência

Concidentemente, Engler contou que a Secretaria de Educação teria entrado em contato com produtores para fazer uma tomada de preços, na quinta-feira (9/6), após o lançamento do edital.

“A Secretaria de Educação, após ter emitido o edital com os valores, lançou uma pesquisa de preço para algumas cooperativas, pedindo uma cotação para esses produtos que estão no edital”. De acordo com Engler, o FNDE exige a cotação de três mercados da agricultura familiar no âmbito local. “O edital está em vias e, agora, que vieram fazer cotação com as cooperativas?”, questionou.

Versão do governo

O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria de Educação sobre a questão. A princípio, a pasta não planeja rever as regras do edital. Lançada em 23 de maio de 2022, a concorrência pública receberá propostas até 13 de junho. O valor total de investimento para a agricultura familiar é de R$ 26.010.388,20.

“Nesta chamada pública há a previsão da participação apenas de grupos formais e não há previsão de pagamento diferenciado nos gêneros alimentícios orgânicos. Contudo, o edital prevê que os fornecedores de gêneros alimentícios certificados como orgânicos ou agroecológicos terão prioridade na seleção de seus projetos de venda”, informou a pasta.

Estão previstos para serem adquiridos 32 itens, entre abacate, abóbora, abobrinha, acelga, alface, banana, batata-doce, beterraba, brócolis, cebolinha, cenoura, chuchu, coentro, couve, couve-flor, espinafre, goiaba, hortelã, inhame, limão, manjericão, maracujá, milho, morango, pepino, pimentão, repolho-verde, repolho-roxo, salsa, tangerina, tomate e vagem.

Quer ficar ligado em tudo o que rola no quadradinho? Siga o perfil do Metrópoles DF no Instagram.

Quer receber notícias do DF direto no seu Telegram? Entre no canal do Metrópoleshttps://t.me/metropolesdf.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comDistrito Federal

Você quer ficar por dentro das notícias do Distrito Federal e receber notificações em tempo real?