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Para servidores, ameaça de parcelamento dos salários “é jogo de cena”

Sindicatos das principais categorias do GDF reagiram imediatamente à possibilidade. Para eles, há problemas de gestão no governo Rollemberg

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
servidores reagem, parcelamento de salários
1 de 1 servidores reagem, parcelamento de salários - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A possibilidade de parcelamento dos salários a partir do mês que vem despertou a ira dos servidores do GDF. A reação foi imediata por parte dos principais sindicatos que representam a categoria. O Metrópoles ouviu o Sindireta, Sinpro e SindSaúde, que foram unânimes em afirmar que o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) está fazendo “jogo de cena” para camuflar a má gestão dos recursos públicos.

“Pagar os salários em dia não é mais do que a obrigação do governo”, atacou o diretor do Sindicato dos Professores (Sinpro-DF), Samuel Fernandes. De acordo com ele, o GDF não teve aumento de despesa e três anos de gestão foi tempo suficiente para “arrumar a casa”.

“Esse governo quer aterrorizar os servidores para impedir que a categoria lute pelo aumento de salários e contra a perda de direitos”, disse. “Já tem tempo que o GDF vem atrasando o pagamento do 13º, que antes era feito junto com o salário, para o dia 10, depois dia 15 e agora, dia 20”, completou.

Já o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Brasília (SindSaúde) antecipou que, se houver parcelamento, a categoria vai recorrer à Justiça. “Não aceitamos e não acreditamos na quebradeira que o GDF afirma estar”, argumenta Marli Rodrigues.

Reprodução/WhatsApp
Logo após a manifestação do governador nesta terça-feira (15/8), em entrevista ao Metrópoles, mensagens começaram a circular em grupos de WhatsApp de servidores

 

Se ele [Rollemberg] não consegue controlar as contas, devia pedir para sair. É a solução mais honrosa

Marli Rodrigues, SindSaúde

No Sindicato dos Servidores Públicos Civis da Administração Direta, Autarquias, Fundações e Tribunal de Contas do DF (Sindireta), a notícia foi recebida com preocupação. Segundo o presidente, Ibrahim Youssef, “essa notícia é péssima, sinal de que o governador não fez o dever de casa, pois esse tipo de despesa é totalmente previsível”,lamentou.

Há um consenso entre os sindicatos de que a ameaça do parcelamento dos salários é uma distração. “Os servidores podem achar que já estão bem recebendo o salário em dia, sem o parcelamento, e desanimar na cobrança dos aumentos já concedidos e ainda não pagos”, denunciou Youssef.

Opinião compartilhada por Samuel Fernandes, do Sinpro: “É pura tática. Essas declarações são uma estratégia política. O Rollemberg, desde que assumiu o governo, vem mostrando sua inoperância. Falta gestão e vontade”, disse. Marli, do SindSaúde, também defende a tese. “É tudo um jogo de cena para desviar a atenção para casos como a transformação do Hospital de Base em instituto. Se não tem dinheiro, como vai criar mais despesa com essa mudança?”, questionou.

O outro lado
Nesta terça (15/8), questionado pelo Metrópoles, Rollemberg não descartou a possibilidade de parcelar os salários dos servidores do GDF a partir do mês que vem. O chefe do Executivo local afirmou que uma decisão, entretanto, só será tomada na véspera do próximo pagamento, previsto para ocorrer no quinto dia útil de setembro (7/9):  “A situação é difícil, muito difícil. Estamos estudando alternativas e condições até o último momento”.

A possibilidade do parcelamento dos salários em duas vezes (80% e 20%) vem sendo tratada pelo Palácio do Buriti desde julho, já que as contas do GDF não fecham. O déficit mensal atual é de R$ 240 milhões. “Quando chega no dia 25, suspendemos o pagamento de fornecedores e de prestadores de serviços para juntar o dinheiro e honrar a folha de pagamento”, admitiu o governador.

Folha em alta
Mesmo sem ter concedido qualquer reajuste salarial ou incorporado despesas correntes ao orçamento, só de crescimento vegetativo da folha de pessoal o GDF teve um acréscimo nas despesas de R$ 1,6 bilhão, entre 2016 e 2017.

O chefe da Casa Civil, Sérgio Sampaio, tem utilizado a palavra “malabarismo” para definir a forma como o governo local tem conseguido pagar a folha sem atrasos até agora. O problema se tornou uma bola de neve. Após suar a camisa para pagar os salários de julho, agosto começou com prognósticos ruins. Nos corredores de órgãos públicos e sindicatos, o temor é que, sem recursos suficientes, os salários sejam parcelados, especialmente porque a arrecadação do mês passado apresentou números preocupantes.

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