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Pandora: “Estou aguardando há nove anos para falar”, diz Fábio Simão

O ex-chefe de gabinete de José Roberto Arruda e o empresário Renato Malcotti prestaram esclarecimentos à Justiça na manhã desta segunda (17)

atualizado

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Daniel Ferreira/Metrópoles
Fachadas dos prédios públicos em Brasília – Brasília(DF), 23/09/2015
1 de 1 Fachadas dos prédios públicos em Brasília – Brasília(DF), 23/09/2015 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Importante nome envolvido nas denúncias de corrupção descobertas pela Operação Caixa de Pandora, Fábio Simão foi interrogado pela Justiça na manhã desta segunda-feira (17/12). Já de início, o ex-chefe de gabinete de José Roberto Arruda mostrou disposição ao apresentar suas versões do esquema. “Eu quero falar. Estou aguardando há nove anos para falar”, disse, em depoimento à 7ª Vara Criminal de Brasília.

Acusado de ser uma das pessoas que distribuíam dinheiro referente a propina a deputados distritais sob ordens do ex-governador, Fábio Simão não apenas negou as denúncias como fez acusações contra o principal delator do esquema e ex-presidente da Codeplan. “Durval [Barbosa] é meu inimigo. Não fez campanha para o Arruda. Ele era Roriz. Esse teatro que ele fez ocorreu no momento que o Roriz perdeu o comando do PMDB”, disse.

Na reta final dos interrogatórios aos réus no âmbito da Caixa de Pandora, Fábio Simão e o empresário Renato Malcotti prestaram seus depoimentos nesta manhã sobre os fatos que deram origem à operação deflagrada em novembro de 2009.

Os dois respondem à acusação de corrupção ativa, sob a suspeita de repassarem propina a deputados distritais entre 2006 e 2009. A ação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) trata do maior esquema de corrupção do DF, que envolvia cobrança de percentuais indevidos em contratos com empresas de informática.

O processo corre na 7º Vara Criminal de Brasília, mas a audiência foi realizada no Tribunal do Júri por questão de espaço, devido ao grande número de réus e advogados.

Fábio Simão e Malcotti foram os únicos que falaram nesta segunda (17). Os outros usaram o direito ao silêncio, instruídos por suas defesas. Arruda, o ex-vice-governador Paulo Octávio, o ex-secretário da Casa Civil José Geraldo Maciel, o ex-secretário de Obras Márcio Machado e o ex-porta-voz do governo Omézio Pontes optaram por ficar calados.

Alguns desses também foram intimados a falar no processo que respondem por formação de quadrilha, cuja instrução será nesta terça (18). A defesa de Arruda ainda analisa se ele vai depor. Os advogados querem aguardar a conclusão da perícia dos gravadores usados por Durval Barbosa.

Inimigo de Durval
Simão relatou ter entrado no governo em 2007 para tratar de assuntos da Copa do Mundo, com o intuito de trazer o evento para a capital. Em 2009, ele alegou ter sido convidado para assumir a chefia de gabinete no lugar de Domingos Lamoglia, em virtude da ida do então ocupante para o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do DF.

Nos vídeos realizados por Durval Barbosa, Simão é citado como o homem que também substituiria Lamoglia na entrega de dinheiro aos parlamentares. Ele também é acusado de receber uma mesada de R$ 30 mil no esquema.

“Meu nome é citado em uma conversa que trata das negociações que Lamoglia tinha com Benedito Domingos [deputado distrital à época] para pedidos de cargos e nomeações. Não tinha nada de propina. Além disso, o Arruda nega minha participação. Ele diz: o Fábio não “, relatou durante depoimento.

Simão negou ter recebido ou pago qualquer valor indevido. “Eu nunca nem fui à Câmara Legislativa. Isso era atribuição do José Flávio. Eu sou acusado há 10 anos de um crime que nunca cometi, baseado em mentiras e vídeos editados”, disse.

O empresário Renato Malcotti também negou ter repassado qualquer quantia a deputados distritais. Disse que sua relação com Domingos Lamoglia era apenas de jogar sinuca em casa.

Direito de ficar em silêncio
José Roberto Arruda foi o primeiro a ser chamado para o interrogatório. O juiz substituto da 7ª Vara Criminal, Newton Aragão, questionou se ele deporia nesta segunda-feira (17). “Há nove anos eu quero falar, mas farei isso no término da instrução processual.”

Paulo Octávio foi o segundo a depor. “Tenho todo interesse em esclarecer todas as questões, mas farei isso no interrogatório de amanhã [18]”, disse.

A última chance de José Geraldo Maciel apresentar sua versão era nesta segunda (17), mas a defesa dele optou pelo silêncio do réu. “Vamos aguardar a perícia do material de gravação usado pelo delator do esquema”, afirmou o advogado Paulo Emílio Catta Preta. “Não quero fazer uso do meu direito de silêncio, mas quero falar após a perícia dos equipamentos”. Como o prazo do réu está encerrado, o juiz Newton Aragão lembrou: “A lei processual não está à sua disponibilidade”.

O ex-secretário de Obras Márcio Machado também afirmou que vai falar nesta terça (18), no processo que analisa a formação de quadrilha. Omézio Pontes seguiu a mesma linha.

A audiência desta segunda (17) durou 3 horas. Nesta terça (18), haverá continuidade dos interrogatórios, porém sobre o caso de formação de quadrilha. A ação Caixa de Pandora é composta por 17 processos e envolve 38 réus.

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