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Mulher acusa diplomata de manter a filha dela em cárcere privado no DF

Caso está sendo investigado pela Delegacia de Atendimento à Mulher. Renato Viana Ávila tem histórico de agressões

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renato de avila by ar pessoal
1 de 1 renato de avila by ar pessoal - Foto: Reprodução do Facebook

O diplomata brasileiro Renato de Ávila Viana teve de se explicar mais uma vez à polícia. A moradora da Asa Norte Jobeniva Melo, 60 anos, registrou ocorrência na 1ª Delegacia (Asa Sul) na qual acusa o servidor do Itamaraty de manter a filha dela, de 35 anos e com supostos problemas psiquiátricos, em cárcere privado. É a segunda vez que Jobeniva procura ajuda policial por temer pela vida da familiar.

Após o registro da ocorrência, Viana esteve na Delegacia da Mulher (Deam), ao lado da filha de Jobevina, na quarta-feira (21/3), para prestar depoimento. Na ocasião, a mulher, que não terá o nome revelado para resguardá-la, negou as agressões.

A mãe não acredita: “Ela está sob coação. Ele quebrou o celular dela, a fez sair de redes sociais e a mantém incomunicável. Agride minha filha psicológica e fisicamente. Minha filha já me disse que tem medo de morrer”.

De acordo com a mãe, o funcionário público e a namorada se conheceram em outubro de 2017, na Asa Norte, onde os dois moram. Desde então, a família da moça tenta afastá-lo dela. Jobevina contou que a filha passou três meses fora de Brasília por medo das ameaças do namorado. Voltou no começo de março e desapareceu no dia 13. Depois de três dias sem contato com a moça, a mãe procurou a delegacia.

“Minha filha é a vítima perfeita para ele por não ter condição emocional alguma de se defender. Ela está doente, frágil e tememos pela vida dela”, afirma Jobeniva.

O servidor ocupa um imóvel funcional na Asa Norte. A mãe relatou à reportagem que vizinhos teriam registrado recentemente reclamações por barulhos de supostas brigas no apartamento. É lá que, segundo Jobeniva, a mulher é mantida presa.

O outro lado
A advogada de Renato de Ávila Viana, Dênia Érica Magalhães, se manifestou em nome do cliente. Ela nega as acusações. “A mãe dela a persegue e quer interditá-la por questões patrimoniais. Ela bloqueou a mãe de todas as redes e não quer contato, sente-se exposta e lamenta essa situação”, alega.

Em depoimento na Delegacia da Mulher, ao qual o Metrópoles teve acesso, a mulher desmentiu que tenha ficado desaparecida e disse não saber “por que a mãe tem esse tipo de comportamento”.

Outros casos
O diplomata, entretanto, tem um histórico de agressões, conforme revelou o Metrópoles em dezembro do ano passado. Ele responde na Justiça por ter agredido uma namorada, em 2016 e 2017. Segundo laudo do IML, ele arrancou o dente dela com uma cabeçada.


Além disso, já respondeu a três processos administrativos disciplinares na Corregedoria do Serviço Exterior do MRE, após registros de ataques a duas mulheres em outros países e a mais duas no Brasil. Em território estrangeiro, Renato Viana desfrutou da imunidade diplomática: as autoridades locais não puderam investigá-lo, precisando recorrer ao Itamaraty.

Em 2002, o homem esteve envolvido em um processo disciplinar que investigou denúncia de agressão a uma terceira-secretária do Ministério das Relações Exteriores. A ação terminou arquivada com uma observação: o diplomata deveria controlar suas emoções e impulsos. No ano seguinte, Renato Viana foi parte em outro episódio de violência doméstica em que a vítima era uma namorada brasileira, de quem levou uma facada durante briga em seu apartamento.

Advertência
Outra sindicância, esta de 2006, apurou violência contra uma cidadã paraguaia. Junta médica avaliou Viana e concluiu que, do ponto de vista neurológico, ele estava apto para exercer suas funções. A punição foi apenas uma advertência.

“Evidenciou-se, ao exame psíquico, que o servidor apresenta traços de personalidade denotando certa instabilidade emocional, com forte investimento pessoal na área cognitiva, sem, contudo, configurar uma patologia psíquica. Desta forma, as reações emocionais reveladas pelo servidor não chegam a caracterizar, em termos psicopatológicos, alterações de comportamento significativas”, diz o laudo.

Em 2015, a Embaixada do Brasil em Caracas encaminhou ao MRE denúncia de uma venezuelana que alegava ter “sofrido ameaças, maltrato psicológico e tentativa de sequestro por parte de Renato de Ávila Viana”, como consta na sindicância à qual o Metrópoles teve acesso. A vítima enviou uma cópia da medida cautelar expedida contra o diplomata pela Divisão de Investigações e Proteção à Mulher da Venezuela.

A mesma investigação apurou comportamento agressivo do brasileiro em um evento no Instituto Cultural Brasil-Venezuela, quando ele agrediu verbalmente colegas e prestadores de serviços, durante uma festa após jogo do Brasil na Copa do Mundo de 2014.

O processo concluiu que não havia provas suficientes para puni-lo a respeito da agressão à venezuelana. O servidor do Itamaraty ficou afastado das funções por 10 dias, pelo comportamento inadequado no evento diplomático.

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