MP denuncia extremista que ameaçou pesquisadora da UnB
Professora Débora Diniz vinha sendo ameaçada desde 2018 e teve de deixar o Distrito Federal
atualizado
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O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) denunciou à Justiça um morador de São José dos Pinhais (PR) que, insatisfeito com pesquisas na área de direitos reprodutivos e sexuais de mulheres, como a relacionada a interrupção da gravidez em caso de anencefalia no feto, desenvolvida no Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero (Anis) da Universidade de Brasília (UnB), ameaçou uma das pesquisadoras da instituição pela internet.
O MPDFT pede a condenação criminal do acusado pelo crime de ameaça e o pagamento de R$ 10 mil de indenização à vítima. Os ataques tiveram início em maio de 2018 e foram feitos por um homem identificado pelas iniciais H.G.M. 42 anos à época dos fatos.
De acordo com o MP, o homem mapeou o histórico profissional da pesquisadora, a ameaçou e difamou por meio de mensagem privada enviada pelo Facebook. As provas que ligam o denunciado aos fatos foram localizadas durante mandado de busca e apreensão autorizado pela Justiça e cumprido na casa do suspeito no Paraná.
As promotoras de Justiça que assinam a denúncia explicam que a vítima vem sendo alvo de pessoas e “grupos que praticam crimes de ódio na internet, ou seja, motivados pelo preconceito. Os agressores escolhem pessoas com trajetória na luta pelos direitos humanos com o objetivo de neutralizar suas atuações institucionais por meio de ações intimidatórias”.
“Desde o começo dos ataques em 2018, a vítima vive uma situação de constrangimento de sua liberdade perante à comunidade cientifica na qual trabalha, e devido as ameaças e perseguições constantes, como a que foi objeto da denúncia do Ministério Público, foi obrigada a deixar o Brasil. Hoje ela se abstém de seguir uma agenda fixa e ao longo do tempo deixou de participar de vários compromissos institucionais, o que prejudica seu trabalho cientifico”, destacou o Ministério Público.
O MPDFT acompanha outro inquérito policial que apura ameaças e perseguições à pesquisadora por grupo ainda não identificado.
A 1,4 mil quilômetros de distância, o homem desempregado e que mora com a mãe, fazia graves ameaças à professora Débora Diniz. De São José dos Pinhais, no Paraná, disparava mensagens de ódio: “Pessoas como você têm de morrer. Deveriam sangrar até a morte”.