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Crise hídrica no DF era uma situação inimaginável em março de 2016

Na ocasião, Barragem do Descoberto estava completamente cheia. Companhia culpa seca e aumento no consumo para mudança repentina

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Tony Winston/Agência Brasília
Barragem do Descoberto (capacidade máxima)
1 de 1 Barragem do Descoberto (capacidade máxima) - Foto: Tony Winston/Agência Brasília

Se alguém cogitasse, em março do ano passado, a possibilidade de o Distrito Federal passar uma crise hídrica ninguém acreditaria. Há 11 meses, o nível da Barragem do Descoberto, responsável pelo abastecimento de 60% da população da capital do país, marcava 100% da capacidade e representantes da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) garantiam que Brasília não teria problemas de falta d’água.

Entretanto, a situação confortável não foi suficiente e, meses depois, o baixo nível dos dois principais reservatórios que abastecem o DF – Descoberto e Santa Maria – resultou em medidas drásticas, amargas, tanto para o bolso quanto para a rotina dos brasilienses. Desde o fim do ano passado, quem consome mais de 10 metros cúbicos de água por mês é sobretaxado em até 40% na conta da Caesb. No começo de 2017, passou a valer o racionamento, uma situação totalmente atípica para os moradores da capital.

Para a Caesb, a mudança repentina no quadro é motivada, principalmente, pelas condições climáticas e o aumento de consumo. “Há uma crise hídrica sem precedentes na história do DF causada por um período prolongado de seca e um aumento considerável no consumo, em função do calor e baixa umidade”, informou a companhia, por meio de nota.

Segundo a empresa, houve crescimento anual médio de 16% no uso per capita (por pessoa) de água nos últimos seis anos. O consumo na capital é maior que o ideal. A média, até julho de 2016, foi de 175,1 litros/habitante/dia. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), essa marca não deveria ultrapassar 110 litros ao dia por pessoa.

De acordo com a Caesb, outros fatores, como o crescimento demográfico, a ocupação irregular de áreas próximas aos mananciais de abastecimento e o baixo investimento em obras de captação, também contribuíram para a situação crítica enfrentada pelo DF.

Tony Winston/Agência Brasília
Reservatório do Descoberto em março de 2016
Michael Melo/Metrópoles
Reservatório do Descoberto em novembro de 2016

 

Aposta única
O especialista em recursos hídricos e professor da Universidade de Brasília (UnB) Sérgio Koide, porém, acredita que as atuais dificuldades têm a ver com a falta de planejamento. “A escassez de água já era prevista há 12 anos. Na época, o governo decidiu apostar todas as fichas na captação em Corumbá. Mas o projeto, grandioso, demandou alto investimento e, devido a problemas diversos, não começou a funcionar até hoje”, explica o pesquisador.

Assim, segundo Koide, não foram feitos outros investimentos em captação, deixando o sistema de abastecimento a mercê das condições climáticas. “O Reservatório do Descoberto tem capacidade apenas anual. E, atualmente, o governo opera com a demanda muito próxima da oferta. Dessa maneira, qualquer variação nas chuvas pode afetar a população”, ressalta.

Em 2016, as chuvas cessaram antes do previsto, próximo do mês de março. Consequentemente, a demanda, principalmente no setor agrícola, também acabou adiantada, gerando impacto nos níveis dos reservatórios, aponta o especialista.

Para não depender das variações climáticas, a Caesb aposta na manutenção de bons hábitos da população e um empenho maior de governantes. “A redução da vazão de captação registrou queda de 14% em relação aos números apresentados em dezembro, mostrando que os moradores do DF têm consumido menos”. O órgão afirma também que está investindo em novas captações de água, como a do Bananal, que deverá ficar pronta em novembro deste ano, fornecendo cerca de 700 litros de água por segundo.

Prazo
Quanto ao prazo para o fim do racionamento, o professor Sergio Koide crê que as mudanças de hábito devem perdurar por um bom tempo. “Tudo dependerá de como os níveis dos reservatórios estarão com o fim das chuvas. Caso estejam abaixo de 60%, a atual medida deve continuar pelo menos até o fim do ano”. Ainda segundo o especialista, é provável que o sistema de corte de abastecimento chegue em breve aos usuários da Barragem de Santa Maria.

A Caesb também não estabelece um prazo definido para retornar à operação normal. “O racionamento irá perdurar pelo tempo necessário para restabelecer as condições de segurança hídrica do abastecimento pelos reservatórios de água. A autorização e a suspensão de todas as medidas restritivas são feitas pela Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa)”, informou o órgão, por meio de nota. Na sexta-feira (10/2), os níveis dos reservatórios estavam em: 43,03% (Santa Maria) e 32,52% (Descoberto).

Dicas para economizar água

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