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“Mate o Bolsonaro”, diz cartilha de radicais que despachavam do Lake Side

Dois homens foram presos em operação da PCDF e do MPDFT. Eles são os mesmos que enviaram ameças a juízes do TJDFT

atualizado

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A Polícia Civil do DF (PCDF) analisa o material apreendido nessa quinta-feira (21/05) com ameaças a diversas autoridades do país. Dentre eles, há uma espécie de ofício em que um dos suspeitos presos incita a morte do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido); do procurador-Geral da República, Augusto Aras; e do advogado-Geral da União, José Levi. No papel timbrado, que conta, inclusive, com brasão da Presidência, o homem alega haver um complô para “entregar o Brasil para a China”.

Veja:

A Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos (DRCC), em parceria com o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), apura se o grupo é financiado por partidos políticos ou organizações criminosas. “Estamos apurando se é um ato isolado ou se há ligação com algum partido político ou grupos terroristas”, ressaltou o delegado da DRCC, Dário Taciano de Freitas Júnior.

Na manhã desta quinta-feira (21/05), Célio Evangelista Ferreira do Nascimento, 79 anos, e Rodrigo Ferreira, 40, foram detidos suspeitos de serem os autores das ameaças de morte endereçadas a juízes do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT), como mostrou a coluna Grande Angular, do Metrópoles.

O vasto material, que também coage promotores e políticos, foi encontrado em um escritório no Lake Side, residencial de luxo às margens do Lago Paranoá. Apesar da detenção da dupla, a polícia não descarta a participação de mais pessoas. “As investigações continuam com intuito de localizar e identificar os outros autores do crime. Nenhuma linha de investigação está sendo descartada”, ressaltou o delegado.

De acordo com outro delegado da DRCC, Giancarlos Zuliani, existem fortes indícios de que mais pessoas movam a engrenagem de ódio propagada na internet e em folhetos distribuídos pela cidade. “Gente que fica direto no escritório produzindo vídeos para a internet e um porta-voz. Percebemos que são pessoas financiadas. Moram em um local com aluguel caro, possuem veículos e gastam combustível para rodar o dia inteiro divulgando o material. Eles não têm fonte de renda que justifique o padrão de vida no local. Eles próprios, informalmente, admitiram isso”, assinalou o investigador.

O ofício fictício escrito por Célio Ferreira ainda ordena que o general Walter Braga Netto, “num prazo de 24 horas, baixe portaria convocando a população para reação em legítima defesa pessoal e da nação contra ataque terrorista de extermínio do povo brasileiro do coronavírus”.

Na justificativa, Célio diz que Bolsonaro é aliado do presidente chinês, Xi Jinping. Em um raciocínio confuso, Célio ainda sugere que Bolsonaro fez parte do “projeto do PT de comunizar o Brasil em 22 anos”.

Gráfica

A gráfica que emitia as cartilhas também será alvo de investigação. Os acusados ainda não prestaram depoimentos. De maneira informal, assumiram que a “sentença de morte aos traidores da pátria”, assunto do e-mail enviado aos juízes, “naturalmente vai acontecer”.

Delegados e promotores também tiveram acesso a um vídeo em que Célio faz ameaças a diversas autoridades, entre as quais, o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB). Em sua fala, ele diz: “Morte aos demônios“.

Veja:

Entre os materiais apreendidos, há um pendrive com a etiqueta “Matar juízes. Matar todos”.

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Investigadores que comandaram a operação
Célio Evangelista e Rodrigo foram presos em operação da PCDF e do MPDFT
Pen-drive foi apreendido pela PCDF
Suspeitos gravavam vídeos no YouTube
Operação PCDF
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Ameaças feitas a autoridades

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Investigadores que comandaram a operação

Divulgação
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Célio Evangelista e Rodrigo foram presos em operação da PCDF e do MPDFT

Reprodução
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Pen-drive foi apreendido pela PCDF

Material cedido ao Metrópoles
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Suspeitos gravavam vídeos no YouTube

Material cedido ao Metrópoles
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Operação PCDF

PCDF/Divulgação
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Dois homens foram presos suspeitos de ameaçar juízes de morte

Material cedido ao Metrópoles

Confira a íntegra da mensagem, que chegou por volta das 13h ao e-mail dos juízes:

Assunto: SENTENÇA DE MORTE AOS TRAIDORES DA PÁTRIA.

Aos políticos, juízes, promotores, mefíticos e vagabundos de toda sorte.

O Brasil chegou a um ponto onde não é mais possível resolver os problemas através da razão e do bom senso.

Por esse motivo, a partir de agora, serão resolvidos através da execução do ESTADO DE SÍTIO, sob comando do exmo. Gen. de Exército Walter Souza Braga Neto.

Por isso, convocamos a população para MATAR EM LEGÍTIMA DEFESA DE SI MESMO E DA PÁTRIA políticos, juízes, promotores, chefes de gabinetes, assessores, parentes, amigos, protetores, e demônios de toda sorte.

MATEM TODOS.

MATEM JUÍZES, MATEM PROMOTORES, MATEM DEPUTADOS, PREFEITOS, VEREADORES, PARENTES, FILHOS, NETOS E AMIGOS.

BASE LEGAL PARA A SENTENÇA DE MORTE

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TJDFT
A mensagem fala em “estado de sítio” sob o comando do general do Exército Walter Souza Braga Netto, chefe da Casa Civil da Presidência da República
Poderão ser retomadas sessões presenciais de qualquer natureza que não puderem ser realizadas on-line
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Valores de custo da Justiça do DF foram atualizados

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TJDFT

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A mensagem fala em “estado de sítio” sob o comando do general do Exército Walter Souza Braga Netto, chefe da Casa Civil da Presidência da República

Igo Estrela/Metrópoles
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Poderão ser retomadas sessões presenciais de qualquer natureza que não puderem ser realizadas on-line

Michael Melo/Metrópoles

O texto encaminhado aos juízes fala ainda em “estado de sítio” sob o comando do general do Exército Walter Souza Braga Netto, chefe da Casa Civil da Presidência da República, que repudiou o conteúdo da mensagem e o uso indevido de seu nome.

Em nota enviada à coluna Grande Angular, o ministro disse ainda que “solicitaria rigorosa apuração da autoria e responsabilização dos envolvidos”.

A Assessoria de Segurança Institucional do MPDFT também participou da operação e apura o recebimento de ameaças nos e-mails institucionais não só de juízes, mas de autoridades e promotores de Justiça. Os suspeitos foram presos em flagrante pelo crime de utilização indevida de selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio. A pena é de 2 a 6 anos de reclusão e multa.

De acordo com o delegado Dario de Freitas, os envolvidos podem ser investigados por crime contra a Segurança Nacional. “Ainda não realizamos a oitiva dos dois, mas, assim que concluirmos, teremos uma materialidade melhor sobre a possibilidade desse crime ser incluído na prisão dos dois.”

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