Em vídeo, preso faz ameaças a Bolsonaro e Ibaneis: “Morte aos demônios”
Idoso detido em operação da PCDF e do MP trata políticos como “demônios encarnados” e diz que coronavírus é um “ataque satânico”
atualizado
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Autoproclamado como “presidente constituinte da República”, Célio Evangelista Ferreira do Nascimento, 79 anos, gravou um vídeo, no último dia 7, intitulado de “Morte aos demônios”. Nele, ameaça assassinar autoridades, entre elas, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB-DF). Conforme o Metrópoles mostrou em primeira mão, Nascimento foi preso nesta quinta-feira (21/05) no residencial de luxo Lake Side, localizado às margens do Lago Paranoá, em operação conjunta da Polícia Civil e do Ministério Público do DF.
Nascimento e Rodrigo Ferreira, 40, que também foi detido, são acusados de fazer ameaças de morte a juízes do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). As mensagens encaminhadas por e-mail foram reveladas pela coluna Grande Angular, nessa quarta-feira (20/05.
No vídeo, o idoso fala em “estado de sítio” e convoca a nação brasileira “diante de Jesus Cristo” para matar: Jair Messias Bolsonaro; Antonio Hamilton Martins Mourão; Luiz Inácio Lula da Silva; Dilma Vana Rousseff; Michel Miguel Elias Temer Lulia; Ibaneis Rocha; João Doria; Ronaldo Caiado; Gledson Cameli; Renan Filho; Waldez Góes ; Wilson Lima Rui Costa; Camilo Santana; Renato Casagrande; Mauro Mendes; Reinaldo Azambuja; Flávio Dino; Romeu Zema Helder Barbalho; Ratinho Junior; João Azevedo; Paulo Camara; Wellington Dias; Wilson Witzel; Fátima Bezerra Eduardo Leite; Coronel Marcos Rocha; Carlos Moises; Delivaldo Chagas e Mauro Carlesse.
Segundo Célio Nascimento, as autoridades são “bandidas, terroristas, apátridas, genocidas e ladrões do país”. Afirma que “estão esbulhando as governadorias estaduais através do golpe eleitoral terrorista de 2018 contra a Constituição”. Disse que se trata de um “diabólico ataque terrorista que quer exterminar 30% da humanidade para salvar o capitalismo selvagem”. Ele chama os políticos de “demônios encarnados” e diz que a pandemia do novo coronavírus é um “ataque satânico”.
Operação
Policiais da Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos (DRCC), em conjunto com promotores do Núcleo Especial de Combate aos Crimes Cibernéticos (Ncyber) do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), prenderam Célio Nascimento e Rodrigo.
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No residencial de luxo, os policiais encontraram diversos materiais relacionados às ameaças e cartazes com o nome de “Comando da Intervenção”. Os homens são suspeitos de enviar aos juízes mensagens anônimas com as ameaças.
“O Brasil chegou a um ponto onde não é mais possível resolver os problemas através da razão e do bom senso”, destacaram os suspeitos. “Por isso, convocamos a população para matar em legítima defesa de si mesmo e da pátria políticos, juízes, promotores, chefes de gabinetes, assessores, parentes, protetores e demônios de toda sorte (sic)”, assinalaram.
Entre os materiais apreendidos, há um pendrive com a etiqueta “Matar juízes. Matar todos”.
Confira a íntegra da mensagem, que chegou por volta das 13h ao e-mail dos juízes:
Assunto: SENTENÇA DE MORTE AOS TRAIDORES DA PÁTRIA.
Aos políticos, juízes, promotores, mefíticos e vagabundos de toda sorte.
O Brasil chegou a um ponto onde não é mais possível resolver os problemas através da razão e do bom senso.
Por esse motivo, a partir de agora, serão resolvidos através da execução do ESTADO DE SÍTIO, sob comando do exmo. Gen. de Exército Walter Souza Braga Neto.
Por isso, convocamos a população para MATAR EM LEGÍTIMA DEFESA DE SI MESMO E DA PÁTRIA políticos, juízes, promotores, chefes de gabinetes, assessores, parentes, amigos, protetores, e demônios de toda sorte.
MATEM TODOS.
MATEM JUÍZES, MATEM PROMOTORES, MATEM DEPUTADOS, PREFEITOS, VEREADORES, PARENTES, FILHOS, NETOS E AMIGOS.
BASE LEGAL PARA A SENTENÇA DE MORTE
O texto encaminhado aos juízes fala ainda em “estado de sítio”, sob o comando do general do Exército Walter Souza Braga Netto, chefe da Casa Civil da Presidência da República, que repudiou o conteúdo da mensagem e o uso indevido de seu nome.
Em nota enviada à coluna Grande Angular, o ministro disse ainda que “solicitaria a rigorosa apuração da autoria e a responsabilização dos envolvidos”.
A Assessoria de Segurança Institucional do MPDFT também participou da operação e apura o recebimento de ameaças nos e-mails institucionais não só de juízes, como autoridades, e promotores de Justiça. Os suspeitos foram presos em flagrante pelo crime de utilização indevida de selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio. A pena é de dois a seis anos de reclusão, e multa.