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Mais de 1 ano após “desconvocação”, 226 aprovados na PMDF esperam nomeação

Corporação alega que decisão foi tomada por causa da pandemia e dá expectativa de chamar novos alunos para o CFP apenas em dezembro

atualizado

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Divulgação PMDF
Alunos da Academia da PMDF
1 de 1 Alunos da Academia da PMDF - Foto: Divulgação PMDF

Já faz um ano que 226 aprovados no concurso público da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) aguardam a resolução de um problema singular antes do início do Curso de Formação de Praças (CFP) para eles. Convocados no início de 2020 para entregar a documentação necessária, os classificados viram o sonho se tornar pesadelo num espaço de poucos meses.

Por causa da pandemia de Covid-19, a PM acabou suspendendo, em 19 de março do ano passado, a convocação de 750 aprovados que foi publicada no Diário Oficial do DF (DODF) no dia 10 daquele mês. Foram quatro meses de espera até que em julho, a nova lista apareceu com apenas 500 nomes, 250 a menos que a original.

Excetuando as 24 aprovações sob avaliação da Justiça, a medida significou que 226 pessoas foram “desconvocadas”. “Uma convocação para o militar é o equivalente a uma nomeação para o civil. Quando vimos nossos nomes lá, tivemos certeza que começaríamos o curso”, explica Paulo Victor Lima, 30 anos, um dos que ficaram de fora da nova lista.

Ele lembra que a convocação para entrega de documentos inclui diversas certidões, inclusive a de que não há acúmulo de cargos, ou seja, quem trabalhava precisou pedir demissão do emprego. “A suspensão já foi complicada, mas não ver os nossos nomes na lista foi um verdadeiro choque. Eu mesmo moro de aluguel e preciso de pedir ajuda da família para fechar as contas”, admite.

À frente da reivindicação do chamamento, Paulo Victor diz que chegou a entrar na Justiça. Os candidatos tiveram uma liminar favorável, mas ela acabou cassada. “Acabou que não estamos sabendo de nada. O atual comando da PM está em constante diálogo conosco, mas infelizmente as previsões não são otimistas”, diz.

Dificuldades financeiras

O principal problema que os desconvocados passam é dificuldade financeira. Luis Miguel Alberto, 31 anos, por exemplo, fez todo o planejamento dos anos seguintes da vida dele baseado na promessa de convocação. “Em setembro de 2019 eu me casei por causa da promessa de que seríamos chamados em janeiro de 2020. Acabou que saiu em março e eu não pensei duas vezes na hora de comprar um lote. Quem ia imaginar que meu nome ia sair do DODF?”, questiona.

Luis gastou as economias que tinha para iniciar o pagamento do pedaço de terra que comprou e chegou até a iniciar algumas obras. O tempo foi passando, a desconvocação aconteceu, e ele não teve como honrar o que devia.

“A gente revendeu o lote e tomamos um prejuízo nisso. Fora que o nosso carro era financiado e não tínhamos como pagar as prestações. Minha mulher conseguiu adiar as parcelas, vamos pagar mais caro, mas é o que deu para fazer”, conta.

O jovem aprovado no certame da corporação vem tentando conseguir um emprego desde então, mas nenhuma empresa considera a contratação. Afinal de contas, a qualquer momento ele pode pedir desligamento, caso seja chamado novamente. “Vivo atualmente de bicos… Faço pintura, algo em informática. É assim que estamos fazendo para aguardar”, diz.

Outro aprovado que também enfrenta o desemprego é Gabriel da Costa, 25. Ele trabalhava como terceirizado em um órgão federal e pediu demissão quando viu o nome na lista de convocados. Por sorte, ele conseguiu reverter o pedido antes do fim do vínculo, mas acabou dispensado depois. “Na virada do ano, a empresa renovou o contrato com o órgão, mas me dispensou. Como posso sair a qualquer momento, eles preferem não contar comigo”, lamenta.

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O que diz a PMDF

Procurada, a PMDF informou que, “por questões relacionadas à pandemia, não foi possível convocar os aprovados no ano de 2020. Essa ‘desconvocação’ foi necessária para que fosse possível cumprir todos os protocolos de segurança exigidos pelos órgãos sanitários, no que se refere à Covid-19”.

A corporação disse ainda que pretende “chamar os aprovados até dezembro deste ano”.

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